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Fazenda de 5 mil hectares teria sido pivô da execução de advogado

Grupo de extermínio que dizia ser caçador de comunistas foi preso sob acusação de ter matado advogado em Cuiabá

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A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira, 28, nova fase da Operação Sisamnes, que apura a suspeita de venda de sentenças judiciais, e prendeu cinco investigados por envolvimento no assassinato do advogado Roberto Zampieri, apontado como "lobista dos tribunais". Segundo a PF, a partir do homicídio, ocorrido em dezembro de 2023, em Cuiabá, foi descoberto um grupo que seria especializado em espionagem e execução de autoridades.

Procuradas pelo Estadão, as defesas de todos os detidos não haviam se manifestado até a noite de ontem.

Uma lista com nomes de parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foi encontrada com investigados por ligação com o suposto grupo de extermínio autodenominado C4 (Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos), de acordo com a PF. Na lista constariam nomes como os do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e dos ministros Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. Pacheco cobrou ontem a apuração do caso.

Ainda de acordo com a PF, o grupo tinha uma tabela de preços por execução. Os valores chegariam a R$ 250 mil - no caso de senadores, eram R$ 150 mil e de deputados, R$ 100 mil. As informações constam de anotações encontradas com investigados. A PF apura agora se houve, de fato, alguma articulação de atentado

Crime

Roberto Zampieri foi executado na porta de seu escritório, na capital mato-grossense. O advogado foi atingido por oito tiros à queima-roupa. Ele foi o pivô da investigação sobre suspeita de negociação de decisões no Tribunal de Justiça de Mato Grosso e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Mensagens encontradas no celular do advogado levantaram a suspeita de compra e venda de sentenças judiciais e deram início ao inquérito.

Em 2024, a Polícia Civil de Mato Grosso já havia apontado que os suspeitos fariam parte de uma "rede organizada, voltada para a execução (homicídios) de terceiros, mediante a contratação e financiamento por parte de seus respectivos mandantes, conforme restou cristalino no caso da morte do advogado Roberto Zampieri"

Um dos alvos da operação de ontem, o fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo é suspeito de ser o mandante do homicídio do advogado. Ele alega inocência. Para os investigadores, o crime teria sido motivado por disputa fundiária em torno de uma fazenda de 5 mil hectares em Ribeirão Cascalheiras, a 960 km de Cuiabá.

Disfarce

Preso e indiciado como o pistoleiro que matou Zampieri, o pedreiro Antônio Gomes da Silva confessou a execução e relatou aos investigadores que receberia R$ 40 mil pelo serviço. Para se aproximar do advogado e armar a emboscada, afirmou, se apresentou como capelão e usou boina e bengala como disfarces. Testemunhas o reconheceram e imagens de circuito de segurança o flagraram.

O instrutor de tiro Hedilerson Fialho Martins Barbosa foi identificado como o dono da pistola 9 milímetros usada no crime. A arma teria sido descartada em lixeira de uma parada de ônibus em Rondonópolis, a cerca de 200 km de Cuiabá, segundo a versão do atirador. Em depoimento à Polícia Civil da capital de Mato Grosso, o instrutor admitiu que "indicou" o pistoleiro para o serviço e afirmou que não recebeu nada para emprestar a pistola

Já o coronel reformado do Exército Etevaldo Caçadini de Vargas foi citado pelo pistoleiro como a pessoa que pagou um sinal de R$ 20 mil pelo assassinato de Zampieri. À Polícia Civil, Caçadini negou envolvimento na execução.

Frente Patriótica

Caçadini é dono do canal Frente Ampla Patriótica, criado após o 8 de Janeiro. Além de grupos no WhatsApp, há um canal no YouTube para, segundo ele, reunir "patriotas e conservadores do Brasil". O coronel publicou uma centena de vídeos na plataforma desde então em que defende abertamente ideias golpistas.

Outro preso pela PF, ontem, é Gilberto Louzada da Silva, que se apresenta como sargento reformado, consultor de segurança patrimonial e privada, especialista em armas e instrutor de tiro certificado pelo Exército.

'Senhas'

As primeiras suspeitas sobre o grupo de extermínio surgiram há mais de um ano. Mensagens encontradas no celular de um dos investigados acenderam o alerta. As conversas abordavam "missões" e "festas" que, segundo os investigadores, seriam planos de execução sob encomenda.

Os diálogos estão transcritos em um relatório da Polícia Civil de Mato Grosso ao qual o Estadão teve acesso. O documento analisa mensagens trocadas pelo detidos ontem pela PF. Naquele momento, a Polícia Civil afirmou: "Pelo que restou evidente dos diálogos, Hedilerson Barbosa, Etevaldo Caçadini, Gilberto (a investigar) e Antônio Gomes possivelmente fazem parte de uma rede organizada, voltada para a execução de terceiros, mediante a contratação e pagamento de seus respectivos mandantes".

Com a apreensão do celular de Hedilerson Barbosa, dono da arma usada no crime, a Polícia Civil concluiu que o assassinato de Zampieri não foi isolado. Nas conversas, segundo os policiais, o grupo usava codinomes. Caçadini era "engenheiro" e Antônio Gomes, "empreiteiro". Também se valiam de senhas para se referir aos crimes, como "missões", "festas" e "reza", sustenta a polícia.

Peritos da Polícia Civil destacaram no relatório conversas entre Barbosa e Louzada sobre Antônio Gomes. "Frio e calculista. Excelente aquisição ao pelotão. Só pelo último serviço já tem minhas recomendações", disse Louzada. "Ele é top", afirmou Barbosa.

Os diálogos analisados ocorreram entre setembro e dezembro de 2023.

'Como se o País fosse terra sem leis', diz Pacheco

O ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) classificou como "fato estarrecedor" seu suposto monitoramento e de outras autoridades por um grupo de extermínio. Em nota, o senador disse que o caso sob investigação da Polícia Federal é grave e que espera o andamento das apurações para uma possível responsabilização dos envolvidos.

"Externo meu repúdio em razão da gravidade que representa à democracia a intimidação a autoridades no Brasil, com a descoberta de um grupo criminoso, conforme investigação da Polícia Federal, que espiona, ameaça e constrange, como se o País fosse uma terra sem leis", diz o comunicado divulgado por Pacheco.

Apreensão

Além dos cinco presos preventivamente na operação de ontem, quatro investigados vão ser monitorados por tornozeleira eletrônica. A PF fez buscas em seis endereços em Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais.

Foram apreendidos fuzis e pistolas com silenciador, munição, lança-rojão, explosivos com detonação remota, carros e placas frias. A nova fase da Operação Sisamnes foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin.

Sem desconto

Senador é alvo da PF em operação contra roubalheira no INSS

Weverton Rocha (PDT-MA), que é vice-líder do Governo no Senado, foi um dos principais alvos da operação que também prendeu o filho do "Careca do INSS"

18/12/2025 07h30

Mandados de busca foram realizados na residência do senador Weverton Rocha, do PDT do Maranhão

Mandados de busca foram realizados na residência do senador Weverton Rocha, do PDT do Maranhão

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O senador Weverton Rocha (PDT-MA) é um dos principais alvos da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada na manhã desta quinta-feira (18) pela Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da União (CGU). Weverton é suspeito de ter realizado negócios com alvos investigados pelos desvios, segundo o Estadão. A polícia cumpre busca e apreensão na residência do senador.

Romeu Carvalho Antunes, filho mais velho e sócio do empresário Antônio Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", é outro alvo e foi preso na operação. De acordo com o jornal, além de ter relação societária, ele tinha autorização para movimentar as contas de uma das empresas foi do pai que é suspeita de envolvimento nas fraudes em aposentadorias. O "Careca do INSS" está preso desde setembro.

A operação também cumpriu um mandado de prisão domiciliar e afastamento do atual número dois do Ministério da Previdência Social, Adroaldo Portal. Ele é jornalista e já trabalhou no gabinete de Weverton.

O advogado Éric Fidelis, filho do ex-diretor do INSS André Fidelis, também é alvo de buscas. A Operação Sem Desconto investiga um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Nesta quinta-feira, estão sendo cumpridos 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As ordens judiciais são cumpridas nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.

Segundo a PF, as ações desta nova fase buscam "aprofundar as investigações da Operação Sem Desconto e esclarecer a prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial".
 

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Lula diz que quer campanha 'civilizada' em 2026 e que já tem candidato em SP

O presidente afirmou que não pode escolher o adversário favorito, mas que está preparado para enfrentar os cotados a disputar a Presidência pelo campo da direita

16/12/2025 07h40

Depois de participar de evento de inauguração do jornal, o SBT News exibiu entrevista com o presidente Lula nesta segunda-feira

Depois de participar de evento de inauguração do jornal, o SBT News exibiu entrevista com o presidente Lula nesta segunda-feira

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em entrevista ao SBT News veiculada nesta segunda-feira, 15, que quer participar de uma campanha "civilizada, num alto nível e com debate altamente democrático" na disputa pelo Palácio do Planalto em 2026. O presidente afirmou ainda que já possui candidatos ao governo e de São Paulo e de Minas Gerais, além de postulantes ao Senado dos dois Estados.

"Eu espero que seja campanha civilizada, num alto nível, com debate altamente democrático porque é preciso tirar o Brasil do ódio que ele está. A campanha política poderá servir para que a gente faça a política voltar a ser respeitada, as instituições fortalecidas e a democracia seja a grande ganhadora", afirmou Lula.

Sobre São Paulo e Minas, Lula disse que é cedo para apontar os nomes dos candidatos da preferência dele. Segundo o presidente, apesar de ter os candidatos, é preciso que eles aceitem participar da campanha. Um caso emblemático é o do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que resiste a ser o candidato ao governo de Minas apoiado pelo petista.

"Acho que é muito cedo para você definir as coisas sobre as eleições que vão se dar em outubro de 2026. Eu tenho todo o tempo do mundo para tentar fazer as articulações que preciso fazer. Obviamente que eu já tenho candidato a governador de São Paulo, tenho candidato a senador por São Paulo, já tenho candidato em Minas Gerais. Mas aqueles que eu quero podem não querer ser", disse Lula.

O presidente afirmou ainda não pode escolher o adversário favorito, mas que está preparado para enfrentar de uma só vez os cotados a disputar a Presidência pelo campo da direita. Confiante, Lula disse que a reeleição dele é a "única certeza" que possui.

"Eu estou preparado para disputar com todos eles de uma vez só. Tenho coisas para anunciar para o povo brasileiro, tenho uma prestação de contas ao povo brasileiro que eu duvido que outro presidente tenha. (...) Alguns poderão fazer promessas, eu vou mostrar a fotografia real das coisas que eu encontrei nesse País e das coisas que nós fizemos nesse País", disse o presidente.

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