Brasil

DIA DO PANTANAL

Onças feridas nos incêndios do pantanal são curadas e voltam à natureza

Uma das onças precisou ser encaminhada para o Instituto NEX No Extinction, em Brasília (DF), para continuar o tratamento, que envolveu ozonioterapia e laserterapia

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Itapira já não deixava as marcas de suas patas no chão do Pantanal, bioma acometido por uma série de queimadas durante este ano. A onça-pintada de dois anos arrastava, para proteger seus ferimentos, até encontrar um lugar seguro. Escondida em uma manilha, parecia esperar ajuda quando foi encontrada pela equipe de resgate da ONG Onçafari. Não se opôs à sedação.

Levantamento do MapBiomas mostra que, de 1985 a 2023, o pantanal enfrenta períodos de cheias cada vez menores e secas mais prolongadas, o que favorece incêndios intensos. Em 2023, a redução dos alagamentos naturais na região correspondeu a 61% da média histórica (1985 a 2023).

De acordo com o Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro), a área queimada acumulada neste ano (até de 16 de outubro) alcançou 2,4 milhões de hectares —a segunda maior desde 2012. Há 86% de chance de esse número ultrapassar 3 milhões de hectares. Na terça-feira (12), foi comemorado o Dia do Pantanal.

Somente na base Caiman, localizada em Miranda (MS), uma das áreas de atuação da ONG Onçafari, cerca de 85% da vegetação foi consumida pelo fogo. Ainda não há número oficial de morte de animais. Mas houve resgates bem-sucedidos, como o caso de Itapira, que foi devolvida à natureza após quase dois meses de tratamento.

Filha de Isa, outra onça monitorada pela ONG que foi reinserida ao pantanal em 2016, Itapira havia se tornado independente há pouco tempo, segundo a bióloga e coordenadora de Operações da base Caiman do Onçafari, Lilian Rampim, à Folha

"Ela estava com as patas bem queimadas, quase no terceiro grau. Os bigodes e os cílios também estavam queimados. Quando ela adormeceu, após o lançamento do dardo, sentimos alívio porque parecia ser o primeiro momento em que ela não estava sentindo dor", explicou.

Por sorte, os tendões de Itapira não haviam sido queimados. Suas garras continuavam funcionais e ela poderia recuperar seu caráter natural de caçadora. Ela foi encontrada no dia 7 de agosto e encaminhada para a base do Onçafari, onde recebeu os cuidados iniciais, com pomada para assaduras e uso de bandagem. As patas estavam vermelhas, com marcas de sangue.

Itapira precisou ser encaminhada para o Instituto NEX No Extinction, em Brasília (DF), para continuar o tratamento, que envolveu ozonioterapia e laserterapia. A viagem foi feita de carro, junto ao veterinário do Onçafari.

"Itapira precisou de dois meses de cuidado, com tratamento de ponta e troca de curativo para estimular o crescimento de uma pele nova, bem lisa, como a de um bebê. Foi nesse momento que ela começou a ter contato com troncos, com folhas, para voltar a acostumar seu corpo dela àquilo ali. Esse também foi mais ou menos o tempo que o Pantanal teve para se regenerar", disse Rampim.

CONTROLADOR DE ECOSSISTEMA

A expectativa era de que Itapira e os outros animais recuperados encontrassem um pantanal também em processo de cura. Houve plantio de mudas, lançamento de bombas de sementes, além de suplementação alimentar para os vários animais que vivem na região. Itapira foi devolvida no dia 5 de outubro na mesma manilha em que foi encontrada.

A onça, segundo a bióloga, é um animal que serve como controlador de ecossistemas por ser um predador do topo de cadeia. Ou seja, ela garante o equilíbrio ao impedir uma superpopulação de presas. No momento, cerca de 50 onças são monitoradas pela base Caiman.

Caso semelhante ao de Itapira ocorreu com Miranda, que vivia em uma área vizinha à base Caiman. A onça passou três dias em uma manilha, sem se locomover, antes de seu resgate pelo Onçafari. Miranda tinha queimaduras graves nas patas, com larvas nas feridas, e não conseguia se lamber.

Ela recebeu tratamento no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) de Campo Grande (MS) e já foi reinserida ao seu habitat natural, sob monitoramento.

MORTE DE GAIA

Nem todos os animais precisaram de resgate, salienta Rampim. Isa, a mãe de Itapira, conseguiu sair do foco das queimadas junto com sua nova filhote, Brisa. Elas não se feriram. As onças Tata, Pandora e Jaci sofreram queimaduras, mas não a ponto de precisarem de resgate. O processo de cura delas deu-se sem a intervenção humana.

Uma perda, no entanto, foi impactante. Gaia, de 11 anos, morreu durante os incêndios. Ela foi a primeira onça que o Onçafari monitorou desde o nascimento e serviria para um estudo sobre a longevidade desses felinos. Filha de Esperança, ela nunca passou dos 65 kg e gostava de viver nas copas das árvores.

"O fogo que atingiu a região da Gaia foi um dos mais fortes aqui do Caiman. Ela foi cercada por todos os lados. Não encontramos só o corpo dela, mas também o de vários outros animais, como famílias de bugios, de macacos-prego, de ouriços-cacheiro", descreveu Rampim.

"A Gaia cumpriu a última missão dela, que foi criar sua última filha, a Malala, que atingiu a maturidade pouco antes do incêndio e conseguiu sobreviver. Ela conseguiu mandá-la para a natureza."

(Informações da Folha de S. Paulo)
 

conflitos agrários

STF derruba tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas

Medida atende às reivindicações dos povos indígenas e gera temor entre proprietários rurais

19/12/2025 07h29

Os detalhes da decisão serão publicados após a finalização oficial do julgamento virtual, previsto para ser encerrado às 23h59 de hoje

Os detalhes da decisão serão publicados após a finalização oficial do julgamento virtual, previsto para ser encerrado às 23h59 de hoje

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O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quinta-feira (18), em Brasília, reconhecer a inconstitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas. 

Com o resultado da votação, foi invalidado o entendimento de que os indígenas somente têm direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época. 

Contudo, não houve consenso em relação a diversos pontos apresentados pelo relator, ministro Gilmar Mendes, como regras para indenizações a produtores rurais que ocupam propriedades que forem reconhecidas como terras indígenas, entre outros pontos. 

Os detalhes da decisão serão publicados após a finalização oficial do julgamento virtual, previsto para ser encerrado às 23h59 de hoje.

Entenda

Dois anos após o STF declarar o marco inconstitucional, os ministros voltaram a analisar o tema.

Em 2023, o STF considerou que o marco temporal é inconstitucional. Além disso, o marco também foi barrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vetou parte da Lei 14.701/2023, na qual o Congresso Nacional validou a regra. Contudo, os parlamentares derrubaram o veto de Lula.

Após a votação do veto presidencial, os partidos PL, o PP e o Republicanos protocolaram no STF ações para manter a validade do projeto de lei que reconheceu a tese do marco temporal.

Por outro lado, entidades que representam os indígenas e partidos governistas também recorreram ao Supremo para contestar novamente a constitucionalidade da tese. 

Em paralelo ao julgamento no Supremo, o Senado Federal aprovou, na semana passada, a proposta de Emenda à Constituição (PEC) 48/23 que insere a tese do marco temporal na Carta Magna.  

Sem desconto

Senador é alvo da PF em operação contra roubalheira no INSS

Weverton Rocha (PDT-MA), que é vice-líder do Governo no Senado, foi um dos principais alvos da operação que também prendeu o filho do "Careca do INSS"

18/12/2025 07h30

Mandados de busca foram realizados na residência do senador Weverton Rocha, do PDT do Maranhão

Mandados de busca foram realizados na residência do senador Weverton Rocha, do PDT do Maranhão

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O senador Weverton Rocha (PDT-MA) é um dos principais alvos da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada na manhã desta quinta-feira (18) pela Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da União (CGU). Weverton é suspeito de ter realizado negócios com alvos investigados pelos desvios, segundo o Estadão. A polícia cumpre busca e apreensão na residência do senador.

Romeu Carvalho Antunes, filho mais velho e sócio do empresário Antônio Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", é outro alvo e foi preso na operação. De acordo com o jornal, além de ter relação societária, ele tinha autorização para movimentar as contas de uma das empresas foi do pai que é suspeita de envolvimento nas fraudes em aposentadorias. O "Careca do INSS" está preso desde setembro.

A operação também cumpriu um mandado de prisão domiciliar e afastamento do atual número dois do Ministério da Previdência Social, Adroaldo Portal. Ele é jornalista e já trabalhou no gabinete de Weverton.

O advogado Éric Fidelis, filho do ex-diretor do INSS André Fidelis, também é alvo de buscas. A Operação Sem Desconto investiga um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Nesta quinta-feira, estão sendo cumpridos 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As ordens judiciais são cumpridas nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.

Segundo a PF, as ações desta nova fase buscam "aprofundar as investigações da Operação Sem Desconto e esclarecer a prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial".
 

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