Um dos locais mais tradicionais e duradouros de Campo Grande, o Thomaz Lanches une, há 44 anos, a confiança nos clientes com os sabores do Líbano.
A história de empreendedorismo do patriarca da família, o libanês José Thomaz, 97 anos, se destaca pela maneira como o negócio conecta gerações de campo-grandenses apaixonados, acima de tudo, pela tradicional esfiha de carne.
Ao Correio do Estado, José Thomaz Filho relata que seu pai chegou do Líbano a Campo Grande aos nove anos.
“Por incrível que pareça, vieram para essa mesma esquina da Rua Sete de Setembro, em 1934. Ele teve inúmeros negócios, que por um motivo ou outro não deram certo, e em 1978 propôs para a minha mãe montar um bar de petisco e bebida”, conta.
Segundo José Thomaz, o bar durou aproximadamente dois anos. Pelo desgaste intenso da rotina de trabalho, que só terminava quando o último cliente saía do local, seu Thomaz propôs à esposa transformar o negócio em uma lanchonete.
“O nosso primeiro alvará da loja é de 26 de maio de 1978. Após meu pai ter um problema de saúde, ele pediu para que eu tirasse tudo o que tivesse de bebida [alcoólica] aqui que ele ia parar de mexer com isso e propôs para a minha mãe fazer salgadinhos, o que ela topou na hora. Foi a partir disso que houve essa virada do negócio”, relata.
Thomaz conta que o primeiro desafio começou em meados de 1980, pois o movimento da lanchonete veio a zero, já que, sem as bebidas, os clientes eram outros.
“Nesse meio tempo, nós recebíamos como clientes os próprios amigos e familiares, e meu pai sempre foi muito solícito e carinhoso com as pessoas. Por conta desse comportamento, ele tirava o salgado direto da estufa e já colocava no balcão. O cliente chegava, se servia e ficava batendo papo”, salienta.
CONFIANÇA
O empresário afirma que o formato de atendimento no Thomaz Lanches, onde não há comandas e o próprio cliente fala no caixa o que consumiu, surgiu de forma natural, pelo jeito com que seu pai sempre se conectou com as pessoas.
“Por conta desse carinho com as pessoas, meu pai sempre deixou o cliente à vontade para se servir no balcão, isso virou um case de sucesso e conservamos essa conduta até hoje. Graças a Deus, é uma pequena minoria que pode não ser justa, honesta e abusar dessa pseudoliberdade. Mas isso nunca nos atrapalhou, porque as pessoas retribuem de uma forma muito carinhosa também”, frisa.
É nítido, na prática, como as décadas de bom atendimento reverberam em toda a clientela que frequenta o local.
Durante a entrevista ao Correio do Estado, por vezes a fala de José Thomaz foi interrompida por palavras amigas e abraços de clientes, que há 44 anos encontram nos famosos salgados uma forma de alento e de carinho.
“Já temos 44 anos de casa, vimos a primeira, segunda, terceira e agora a quarta geração vem nos visitar. Ouvimos coisas boas todos os dias dos nossos clientes nesse sentido, que relatam que vinham com os seus pais e hoje trazem os filhos à lanchonete. É um ambiente muito familiar, que acolhe as pessoas, principalmente as que chegam de fora por indicação. É legal ver os próprios clientes explicando para o novo público como funcionamos, sem comanda, e que cada um cuida do que comeu”, relata José Thomaz.
Apesar da rotina de trabalho começar às 5h e só encerrar por volta das 20h, Thomaz destaca que é muito gratificante fazer parte do crescimento de Campo Grande e contribuir para que a cultura árabe seja parte do dia a dia dos moradores da Capital.
“Eu acredito que o grande legado de todo esse tempo, para nós, é que, com a chegada do meu pai, em 1934, a cidade cresceu em torno do Thomaz Lanches. É muito gostoso ouvir as histórias dos antigos moradores de Campo Grande que viveram esse desenvolvimento do município”, resume.
SAIBA
O Thomaz Lanches possui dois endereços na Capital: na Rua Sete de Setembro, nº 744, Centro, e na Avenida Bom Pastor, nº 534, Bairro Vilas Boas.


Motoristas de ônibus trabalharam ontem normalmente, mas a partir de hoje entram em greve por tempo indeterminado na Capital - Foto: Marcelo Victor



