Cidades

CPI DO ÔNIBUS

"A lotação de passageiros nos ônibus é somente uma percepção", afirma diretor de gestão do Consórcio

Para o diretor de gestão do Consórcio Guaicurus, os ônibus somente aparentam estar mais cheios do que realmente estão e que estão dentro do limite permitido de lotação

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Iniciou hoje (9) a terceira fase da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo na Câmara Municipal de Campo Grande. Nesta fase, estarão sendo ouvidos integrantes do Consórcio Guaicurus para esclarecer questões apresentadas pelos vereadores componentes da Comissão. 

Na oitiva desta segunda-feira, foi ouvido o diretor de operações do Consórcio, Paulo Vitor Brito de Oliveira. Questionado a respeito da superlotação dos veículos, o diretor afirmou que são realizadas inspeções regulares e que "não foi pego nenhum ônibus com excesso de passageiros". 

"A gente precisa analisar isso porque, às vezes, parece que tem mais gente do que é permitido mas não tem. A sublotação é uma percepção", afirmou. 

De acordo com o diário oficial de Campo Grande, onde foi disposto sobre a concessão do transporte público, a quantidade máxima de passageiros que pode ser levada pelo ônibus convencional, isto é, aquele que não é articulado, é de 70 passageiros, contando os que estão sentados e os que estão em pé. 

No entanto, a superlotação, especialmente em horários de pico, é uma das principais reclamações e denúncias dos passageiros nos canais de denúncia da CPI. 

Conforme reportado pelo Correio do Estado no início do ano, a frota de ônibus em Campo Grande foi reduzida 24,7% em 12 anos de contrato, ao passo que a população aumentou 11,5% no mesmo período. A frota atual é composta por 460 ônibus, sendo 417 em circulação e 40 de reserva. 

Segundo o próprio Consórcio Guaicurus, em média, 85 mil campo-grandenses utilizam o transporte público diariamente. Isso daria uma quantidade média de 203 pessoas por veículo, um número muito acima do permitido. 

Condições dos ônibus

Questionado pelo vereador Coringa sobre a condição dos ônibus e manutenção, Paulo afirmou que o consórcio cumpre todas as normas estabelecidas pelo poder público concedente e que todos os ônibus saem das garagens aprovados pela vistoria e que estragam no meio do caminho devido às condições do percurso. 

"Temos muito problema com piso nos ônibus também. A cidade tem um asfalto que não é regular. Os buracos fazem os elevadores pararem de funcionar, essa é uma das causas. Todo elevador quando sai da garagem, sai funcionando, porque o motorista faz um check list do carro antes de sair, ele tem que testar o elevador, ver as luzes, o extintor", alegou. 

Confrontado pelo vereador Maicon Nogueira sobre a "coincidência" relatada nas redes sociais do vereador, onde a mãe de um cadeirante relatou que dois ônibus seguidos da mesma linha estavam com problemas no elevador, Paulo afirmou que é certo que os ônibus saem das garagens e pelas manutenções "nas condições de novos", e, novamente, que os carros são danificados durante o trajeto.

 "As condições que temos na cidade são péssimas, o asfalto, galhos que caem quando chove, os buracos. Nós estamos fazendo o melhor que podemos nas condições que temos". 

Viagens fantasmas

Paulo Vitor também foi confrontado sobre as chamadas "viagens fantasmas", quando o ônibus está programado para passar pelo ponto ou pelo terminal, mas não aparece. O diretor disse que essa situação não pode ser chamada, necessariamente, de omissão de viagem. 

"Isso pode acontecer e não é necessariamente omissão de viagem. Por exemplo, um veículo que está fazendo uma linha se envolve em um acidente, aquela viagem é interrompida. Dependendo de onde aconteceu, a gente informa no sistema que aquela viagem não vai acontecer". 

Ele explica que o tempo de espera até um novo ônibus depende do local onde houve a intercorrência, mas que a substituição do veículo é instantânea do terminal.

"Até sair do terminal e chegar no meio do bairro, por exemplo, vai uma meia hora. É feita a substituição, mas eu não posso deixar a viagem aparecer para o usuário, porque o outro ônibus não vai passar". 

Denúncias

Até o momento, foram apresentadas 602 denúncias, sendo 521 mensagens recebidas via WhatsApp, 32 formulários preenchidos, 46 e-mails enviados, duas ligações telefônicas e uma denúncia realizada de forma presencial. 

Os dados mostram o engajamento da população campo-grandense com os trabalhos da CPI, juntamente com a insatisfação dos mesmos e preocupação com a qualidade do transporte coletivo, utilizado por grande parte dos cidadãos da cidade. 
 

Cidades

STF mantém regra da reforma que reduziu aposentadoria por incapacidade permanente

Valor mínimo do benefício será de 60% da média dos salários, com acréscimo de 2% para cada ano de contribuição que ultrapassar 20 anos

18/12/2025 22h00

Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O Supremo Tribunal Federal decidiu, por 6 votos a 5, manter a mudança da reforma da previdência de 2019 na aposentadoria por incapacidade permanente causada por doença grave, contagiosa ou incurável. Em julgamento na tarde desta quinta-feira, 18, a maioria dos integrantes da Corte máxima validou regra que alterou o cálculo de tal tipo de aposentadoria, estabelecendo que o valor mínimo do benefício será de 60% da média dos salários, com acréscimo de 2% para cada ano de contribuição que ultrapassar 20 anos.

Foi estabelecida a seguinte tese: "É constitucional o pagamento do benefício de aposentadoria por incapacidade permanente, nos termos fixados pelo artigo 26, parágrafo segundo, inciso terceiro da Emenda Constitucional 103 de 2019, para os casos em que a incapacidade para o trabalho seja constatada posteriormente à reforma da Previdência."

A discussão sobre o pagamento da aposentadoria, se integral ou seguindo as regras da reforma, foi finalizada em sessão plenária realizada nesta tarde. No julgamento, os ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes acompanharam o voto do relator, Luís Roberto Barroso (aposentado). Já haviam seguido tal corrente os ministros Kassio Nunes Marques, Cristiano Zanin e André Mendonça Ficaram vencidos Flávio Dino, Edson Fachin, Alexandre Moraes, Dias Toffoli e Carmen Lúcia.

Os ministros analisavam um recurso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contra decisão do Juizado Especial do Paraná que determinou o pagamento integral de aposentadoria a um beneficiário com incapacidade permanente. Em abril de 2024, a Corte máxima reconheceu a repercusssão geral do caso - que a decisão do STF valeria para outros casos semelhantes em todo o país. Com a finalização do julgamento nesta tarde, foi reformada a decisão que beneficiou o segurado paranaense.

O voto de Barroso, que restou vencedor, rejeitou as alegações de que a mudança proporcionada pela reforma da previdência de 2019 ofenderia os princípios constitucionais da isonomia, à dignidade humana e à irredutibilidade do valor dos benefícios. O ministro assinalou, por exemplo, que não havia inconstituionalidade na diferenciação dos benefícios de incapacidade temporária e incapacidade permanente.

Também não viu violação de isonomia na diferenciação da aposentadoria por incapacidade permanente, de uma forma geral, e a aposentadoria por incapacidade permanente decorrente de acidente de trabalho.

Quem abriu divergência no julgamento foi o ministro Flávio Dino, que votou pela inconstitucionalidade da mudança. A avaliação foi a de que a forma de cálculo da reforma fere diversos princípios estruturantes do Estado Democrático de Direito e que não é possível a distinção de aposentadoria "lastreada na origem da deficiência". "O segurado confronta-se com o mesmo risco social e com um quadro de saúde severo, frequentemente associado à maior dependência e à consolidação da inaptidão para o trabalho", apontou.

 

 

Cidades

Em crise financeira, Hospital Alfredo Abrão terá contratos analisados pelo MPMS

Os documentos analisados pela Promotoria de Justiça apontam um déficit mensal próximo de R$ 780 mil, reconhecido pela própria gestão municipal

18/12/2025 19h20

O Hospital do Câncer atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado

O Hospital do Câncer atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado Divulgação: Hospital do Câncer Alfredo Abrão

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O Hospital de Câncer Alfredo Abrão (HCAA) vive cenário de desequilíbrio financeiro, agravado por limitações orçamentárias e pela crescente demanda por serviços oncológicos de média e alta complexidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Diante das circunstâncias, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou procedimento administrativo para acompanhar a contratualização e o financiamento do local.

De acordo com os documentos analisados pela 76ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, há um déficit mensal próximo de R$ 780 mil, reconhecido pela própria gestão municipal, além de perdas adicionais decorrentes da não cobertura de produção excedente desde novembro de 2024. 

O hospital também enfrenta atrasos no pagamento de procedimentos já realizados, redução temporária do teto MAC (Média e Alta Complexidade), pendências de liberação de emendas parlamentares e insuficiência de repasses para custear cirurgias, quimioterapias, radioterapias, exames de imagem e manutenção de leitos clínicos. 

Como o HCAA atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado, qualquer interrupção representa risco imediato de desassistência em larga escala.

Em resposta às requisições, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou repasses mensais que totalizam R$ 1.738.005,52, distribuídos entre incentivos de custeio e projetos específicos.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), por sua vez, reconheceu o excedente de produção e informou que o pedido de majoração do teto MAC está protocolado no Ministério da Saúde desde 2023, aguardando disponibilidade orçamentária federal.

O Ministério da Saúde confirmou que os pleitos permanecem em análise, tendo havido apenas um repasse pontual de R$ 2.999.840,00 ao Município para ações de média e alta complexidade.

Diante desse quadro, o MPMS expediu portaria e edital tornando pública a instauração do procedimento e notificou formalmente o Ministério da Saúde, a SES, a Sesau e a direção do HCAA.

Entre as diligências determinadas, estão pedidos de informações sobre repactuações contratuais, recomposição financeira, cobertura da produção excedente, valores recebidos em 2025, déficit acumulado e providências adotadas para garantir a continuidade dos atendimentos.

O MPMS destaca que sua atuação é preventiva, institucional e colaborativa, voltada para preservar a continuidade do atendimento oncológico e a promover soluções coordenadas entre Município, Estado e União. O objetivo é assegurar estabilidade financeira ao HCAA, evitar a interrupção de tratamentos que não podem ser suspensos e garantir que a assistência oncológica permaneça integral, resolutiva e acessível à população.

Com o procedimento instaurado, a Promotoria de Justiça seguirá monitorando respostas, prazos, repasses e eventuais reprogramações orçamentárias, além de fomentar pactuações que permitam ampliar a oferta de serviços com segurança, transparência e qualidade. A atuação ministerial busca prevenir o colapso assistencial e assegurar a efetividade do direito fundamental à saúde dos pacientes oncológicos de Mato Grosso do Sul.

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