Cidades

ENTREVISTA

"A massificação de campanhas vai fazer com que haja uma consciência maior"

O ator é embaixador da campanha Seu Silêncio Pode Matar Você, do Ministério Público de Mato Grosso do Sul; a iniciativa visa informar sobre o aumento de casos de violência contra mulher

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) lançou, no dia 1°, Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, a campanha Seu Silêncio Pode Matar Você, uma iniciativa do órgão em parceria com diversas empresas e artistas. 

Entre as figuras públicas que apoiam a campanha está o ator Raul Gazolla, que é o embaixador da ação. Gazolla foi marido de Daniella Perez, atriz e bailarina que foi assassinada aos 22 anos de idade por Guilherme de Pádua, seu colega de trabalho, e a esposa. 

“É muito importante que haja um esclarecimento sobre por que essas mulheres estão sendo mortas. E muitas das vítimas acreditam que aqueles ciúmes, aquela violência do parceiro, do namorado, é amor”, disse o ator. 

Segundo o Dossiê Feminicídio do Ministério Público Estadual, em 2022, foram 161 casos de feminicídio registrados em MS. Desses, 37 resultaram em óbitos e 124 foram tentativas de morte. O levantamento apontou ainda que em 73,3% dessas ocorrências as vítimas não possuíam medida protetiva de urgência e 37,1% dessas mulheres tinham entre 20 anos e 29 anos de idade. 

“A Dani não foi morta por um namorado, um parceiro, pai, irmão. Foi morta por um colega de trabalho que era completamente egocêntrico. E quando percebeu que o personagem dele não ia continuar tendo um romance com a [personagem da] Dani, ele já tinha cantado ela, não tinha dado certo, ele achou: ‘Pô’, ela falou para a Glória, ‘a Glória vai me cortar, minha oportunidade de crescer como ator, vai por água abaixo’. Tramou um crime hediondo, premeditado com sua esposa, e mataram a Daniella com 18 facadas, 15 no coração e 3 no pescoço. Eu falo isso com calma, mas com muita dor no cérebro, racionalmente, para não me emocionar aqui”, disse o ator em sua fala no MPMS. 

Gazolla também indicou aos presentes que assistissem ao documentário “Pacto Brutal”, da HBO Max, que conta toda a história da morte de Daniella Perez, e da luta da mãe da atriz, Glória Perez, e do próprio Raul Gazolla para preservar a imagem de Daniella e buscar justiça. 

“Quem viveu naquela época, 30 anos atrás, tinha uma informação xis, deturpada pela imprensa, que tinha interesse em vender revistas. O advogado do assassino disse para eles [imprensa] dizerem que ele [Guilherme de Pádua] tinha um caso com a Daniella. Então, muita gente acredita que eles tinham tido um caso, e eles nunca tiveram. Assistam à série. Mas eu acredito que a série tenha levado o assassino à morte, porque ele era muito egocêntrico e estava achando que, depois de 30 anos, tinha caído no esquecimento. Achava que estava de pastor em uma igreja, lindo, leve e solto, como acontece nesse país. Como a dra. Lívia falou, não podemos deixar as nossas vítimas caírem no esquecimento”, relatou Gazolla. 

O Correio do Estado conversou com o ator a respeito da campanha e do caso de Daniella Perez.

 Você falou, por exemplo, sobre o papel do jornalismo na época da morte da Daniella Perez e como ele prejudicou o caso. O que o jornalismo pode fazer hoje em dia? Como cobrir esses casos de violência contra a mulher de uma maneira que não culpabilize a vítima, que não prejudique a investigação ou a família?

Nós não tínhamos rede social. Hoje, o jornalista pode mentir à vontade, mas alguém filmou a verdade. Hoje, o jornalista pode falar antes que o Nicolás Maduro é um cara bacana, que tem de ser ouvido pelo governo brasileiro. Hoje, a imprensa já não está mais pensando assim por que a segurança agrediu a imprensa. E é isso, não adianta você mentir hoje porque existe uma verdade que você não consegue esconder, por mais que você queira esconder. Porque existem vídeos, fotos, gravações e uma série de coisas que na minha época não existiam, existiam só testemunhas. Como disse meu advogado, você não consegue provar uma mentira, mas, se você sabe a verdade, você corre atrás dos fatos e prova a verdade.
 
E agora tem a tipificação de casos como feminicídio, que não existia na época da morte da Daniella. O que isso muda? 

Nós continuamos lutando o mesmo problema. Há 30 anos ou hoje, no crime de feminicídio, o criminoso não fica nem quatro anos na cadeia. E, por exemplo, ele é condenado a 12 anos, e isso quer dizer que você pode matar alguém e, se cumprir toda a sua pena, vai ficar só 12 anos na cadeia. Eu acho isso injusto.

Então, na sua opinião, mesmo com a tipificação de feminicídio, ainda há um problema?

Ainda acontece isso. E nós temos uma lei no Brasil que funciona da seguinte maneira: se matar um animal, um pássaro, tem prisão inafiançável; se matar uma pessoa, pode sair por fiança. Então, se você estiver na floresta e o guarda-florestal lhe ver matando um pássaro, mata o guarda que você vai responder em liberdade.

Na época do caso da Daniella Perez, não tínhamos medidas protetivas e uma campanha de educação como essa que a gente vê agora. Na sua opinião, campanhas, medidas protetivas e as novas iniciativas para proteger a mulher estão sendo efetivas? 

Eu vejo que tem de começar em algum momento. Elas [as medidas] não estão sendo protetivas para as mulheres que sofrem violência, mas serão. A massificação disso [de campanhas] vai fazer com que haja uma consciência maior por parte de quem está sofrendo violência doméstica. 

É exatamente o que está acontecendo com todos os movimentos de igualdade. Ou seja, eu tenho direito a ser trans? Claro que você tem, mas muita gente é contra. Eu tenho direito a ser homossexual? Claro que você tem, mas muita gente é contra. Existe um movimento muito grande, porque eles estão se posicionando e, aos poucos, estão ganhando espaço. Assim como o preto, como o gordo, como o homossexual, como o alto, como o baixo, como o magro, como o branco, como qualquer ser humano. Todos têm o mesmo direito. 

A campanha contra o feminicídio, de uma certa forma, está começando agora. Bem forte, bem poderosa. Já tinha começado antes, eu acho que desde a pandemia, mas agora eu acho que o Ministério Público teve uma consciência maior de que a gente precisa fortalecer essa campanha, para que haja uma consciência das mulheres que estão sofrendo a agressão em casa, para elas entenderem que elas têm como se defender. Então, o Ministério Público está sendo essencial em relação a isso.
 
Você e a Glória Perez lutaram bastante para preservar a imagem da Daniella e para que o caso fosse tipificado como crime hediondo. Em que essas lutas contribuíram para a defesa das mulheres e para a pessoa que você é hoje?

Eu não sou melhor do que eu era antes, eu só tenho uma compreensão um pouco maior. E o caso da Daniella serviu para eu sofrer, para sofrer para car****, nada menos que isso. E mesmo se eu não tivesse passado pelo caso da Daniella, eu tenho três filhas. Mesmo se eu não tivesse [filhas], eu fui criado pelo meu pai dizendo assim: “Abra a porta do carro para a mulher, puxa a cadeira dela no restaurante e pague a conta dela”. É machismo? Pode ser, mas é educação. E nunca, nunca, por hipótese nenhuma, encoste ou levante a mão para uma mulher. Educação. Eu sempre vou tratar uma mulher com todo o carinho, com toda a educação.

Então, é esse tipo de educação de respeito às mulheres que deve ser disseminado por todo o Brasil?

Pelo mundo todo, porque o feminicídio não é uma coisa que acontece só no Brasil. Aqui nós temos um número muito, muito alto, mas não é uma prerrogativa nossa, é do mundo inteiro. Eu acho que a educação falada e exemplificada é a melhor coisa que existe. Nunca vi o meu pai destratar minha mãe. E eles se separaram com 11 anos de casados, mas ele nunca destratou a minha mãe e sempre nos orientou a tratar toda e qualquer mulher, fosse a nossa irmã, fossem as nossas amigas ou nossas namoradas, com carinho e com muita deferência.

Perfil

Raul Gazzola é ator, produtor de televisão, ex-modelo e ex-bailarino. Após algumas participações, estreou em novelas em 1986, quando atuou em “Selva de Pedra”. Teve passagens pela extinta TV Manchete, Rede Globo, SBT e Record. Gazolla atuou em mais de 25 novelas e 10 filmes. O ator teve uma filha com a estilista Mariúza Palhares, com quem foi casado de 2001 a 2003. Em 2005, casou-se Fernanda Loureiro, sua atual esposa, com quem tem duas filhas adotadas.

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Cidades

Portaria autoriza IBGE a contratar 39 mil temporários para Censo Agro e de população nas ruas

A seleção e ingresso dos trabalhadores temporários ocorrerá através de processo seletivo simplificado

18/12/2025 19h00

Agentes do IBGE em MS

Agentes do IBGE em MS FOTO: Marcelo Victor/Correio do Estado

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O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) E O Ministério do Planejamento e Orçamento informaram a autorização de contratação temporária de 39.108 trabalhadores para atuarem no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na realização do Censo Agropecuário e do Censo da População em Situação de Rua. A Portaria Conjunta MGI/MPO Nº 90 liberando as admissões foi publicada na quarta-feira, 17.

"As contratações têm como objetivo viabilizar a operacionalização dos levantamentos censitários, que envolvem desde o planejamento técnico até a coleta, supervisão e processamento das informações em todo o território nacional. Os contratos serão firmados nos termos da Lei nº 8.745, de 1993", informou o MGI, em nota à imprensa.

A seleção e ingresso dos trabalhadores temporários ocorrerá através de processo seletivo simplificado, observando as políticas de reserva de vagas previstas em lei e assegurando que "todas as etapas do certame estejam alinhadas à efetividade das ações afirmativas".

A portaria determina que o IBGE defina a remuneração das vagas, "respeitando os critérios legais relacionados à relevância e à complexidade das funções".

O edital de abertura das inscrições para o processo seletivo simplificado será publicado em até seis meses, "contados a partir da publicação do ato normativo".

O IBGE ainda aguarda a aprovação do orçamento de R$ 700 milhões necessários aos preparativos do já atrasado Censo Agropecuário em 2026, para que possa ir à coleta de campo em 2027.

O cronograma inicial previa os preparativos em 2025 e coleta em campo em 2026, mas foi adiado por falta das verbas demandadas no orçamento da União. O levantamento censitário prevê a coleta de informações de cerca de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários em todo o País.

No novo cronograma, caso os recursos previstos no Projeto de Lei Orçamentária Anual sejam garantidos, o IBGE dará início em outubro de 2026 ao cadastro de estabelecimentos para coleta de dados online, que começaria a ser feita em janeiro de 2027. Em abril de 2027 teria início a coleta presencial.

 

Prognóstico

Verão começa neste domingo e será marcado por calor acima da média em MS

Prognóstico aponta que podem ocorrer ondas de calor no Estado, enquanto as chuvas serão irregulares e podem ficar abaixo da média para a estação

18/12/2025 18h44

Calor deverá ficar acima da média durante o verão em Mato Grosso do Sul

Calor deverá ficar acima da média durante o verão em Mato Grosso do Sul Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O verão começa às 11h03 (horário de MS) deste sábado (21) e será marcado por chuvas irregulares e temperaturas elevadas em Mato Grosso do Sul. É o que aponta prognóstico divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec).

A estação, que vai até o dia 20 de março de 2026, é climatologicamente caracterizada pelos dias mais longos e noites mais curtas, calor, maior disponibilidade de umidade na atmosfera e aumento significativa de pancadas de chuvas.

O primeiro dia do verão é o dia mais longo do ano e a noite mais curta.

Calor acima da média

De acordo com o prognóstico, a tendência climática para este verão em Mato Grosso do Sul indica temperaturas acima da média histórica, ou seja, a previsão aponta para um trimestre com condições mais quentes que o normal no Estado.

"Essa condição favorece a ocorrência de períodos mais quentes, sobretudo em dias com menor nebulosidade e ausência de precipitação", diz o documento.

Quanto as temperaturas, a média da estação varia entre 24°C a 26°C. A previsão para o trimestre janeiro-fevereiro-março de 2026 indica que as temperaturas ficarão ligeiramente acima da média histórica, com máximas acima de 30°C.

Segundo o Climatempo, o verão deverá ter maior influência da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) e a estação terá períodos de veranico, quando várias áreas do País terão dias mais quentes do que o normal, com menos chuva do que o normal para o período.

O Sul do Brasil e as áreas de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai devem enfrentar períodos de calor intenso, que eventualmente poderão ser considerados como onda de calor, segundo o Climatempo.

Dessa forma, a previsão aponta para um trimestre com condições mais quentes que o normal em Mato Grosso do Sul.

Chuvas irregulares

A média de chuva que é esperada para o verão, conforme os dados históricos baseados em períodos de 30 anos pelo Cemtec, indicam que as precipitações variam entre 400 a 600 mm. 

Para o verão 2025/2026, a tendência climática indica uma previsão  de irregularidade na distribuição das chuvas ao longo do trimestre.

"Os volumes de precipitação tendem a oscilar em torno da média histórica, podendo apresentar totais ligeiramente acima ou abaixo da média histórica", diz o Cemtec.

Uma característica marcante do verão é a ocorrência de rápidas e frequentes mudanças nas condições do tempo. São comuns as chuvas de curta duração e forte intensidade, conhecidas como chuvas de verão.

Segundo o Cemtec, dependendo do ambiente atmosférico atuante, esses eventos podem evoluir para tempestades intensas, acompanhadas de descargas elétricas, rajadas de vento e, ocasionalmente, granizo.

Em razão da intensidade pluviométrica concentrada em curtos intervalos de tempo, essas chuvas podem ocasionar impactos como alagamentos, enxurradas e elevação rápida do nível de córregos e rios, situações típicas do período de verão.

A maior frequência dessas tempestades ocorre, geralmente, no período da tarde, em decorrência do aquecimento diurno mais acentuado e dos mecanismos de modulação diurna da atmosfera.

Além disso, o verão é o período do ano de maior incidência de raios.

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