Cidades

ENTREVISTA

A população aprendeu a cobrar, diz presidente do Tribunal de Justiça

Paschoal Carmello Leandro diz que cidadãos estão atentos e desafio é oferecer prestação jurisdicional rápida e segura

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O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul completou, em 2019, 40 anos de instalação. Nestas últimas quatro décadas, as relações entre as pessoas – físicas ou jurídicas – e instituições passaram por significativas transformações. Em tempos de comunicação instantânea e direta, por meio das redes sociais e outros canais digitais, o presidente da instituição, desembargador Paschoal Carmello Leandro, mostra que o Judiciário também está mais objetivo: “Nosso desafio é uma prestação jurisdicional mais rápida e segura”. Sobre estes novos tempos, de maior participação da população, o magistrado resume: “A população aprendeu a cobrar. Cobra do Executivo, cobra do Legislativo e cobra do Judiciário. É uma realidade”, sentenciou. Nesta entrevista, o presidente do TJ mostra como a Corte está se adaptando às novas demandas que partem da sociedade.

CORREIO PERGUNTA: No mês passado, o Conselho Nacional de Justiça realizou inspeção no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul . Qual o balanço prévio sobre o trabalho do CNJ aqui no Estado?
PASCHOAL CARMELO LEANDRO: Nós não sabemos o resultado da inspeção, porque não recebemos o relatório. Fizemos o encerramento e, na ocasião, o juiz federal Márcio Luiz Coelho de Freitas, coordenador da inspeção, disse que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul está muito bem estruturado, apresenta um bom trabalho e tem, naturalmente, algumas coisas para serem analisadas à frente. Mas elogiou bastante e deixou claro que a equipe esteve aqui para levantar dados, e que estes dados serão levados ao corregedor, que irá lavrar um termo final. Temos de aguarda um prazo de trinta dias para ter conhecimento final da inspeção. Aparentemente, ele deixou para nós de forma muito transparente, no sentido de que está tudo bem. Pode ser que exista algo pontual a fazer, sempre se sugere alguma consulta ou algum esclarecimento a ser dado. 

Em um período, como este fim de década, em que a população quer estabelecer uma relação mais direta com o poder público, como o Judiciário está se comportando – ou se preparando?
O Brasil em 2019 passou a viver uma nova realidade. Tivemos uma mudança bastante acentuada, uma política tumultuada e, naturalmente, com algumas decisões, alguns entendimentos da Suprema Corte, que muitas vezes não têm como agradar a todo mundo. Por isso, vêm os questionamentos. Uma preocupação com a estabilidade. Mas acontece que isso advém da própria evolução do Brasil nesta mudança de pensamento. A população aprendeu a cobrar. Cobra do Executivo, cobra do Legislativo e cobra do Judiciário. Essa é uma realidade. Até mesmo em relação aos políticos, a próxima eleição será muito mais rigorosa. Por quê? Porque o povo está acompanhando tudo, passo a passo. O Judiciário tem procurado exercer sua função jurisdicional com rapidez e segurança. E o Direito é discutível. A partir de um momento em que se começa a discutir de uma forma, outros entendem de outra forma. Se não fosse assim, não seria necessário um tribunal. Se tivéssemos a certeza, não precisaria do segundo grau de jurisdição. 

Em uma época em que as operações policiais ganharam mais projeção, como fica o papel do Judiciário? 
Nada acontece sem a decisão do magistrado. Por isso que nós falamos que o juiz hoje é uma autoridade pública, que tem o poder de decidir. Os mandados de busca e apreensão, de quebra de sigilo, têm de partir do próprio Poder Judiciário. Naturalmente que por provocação do Ministério Público, do delegado de Polícia, mas sempre é o magistrado que decide o que fazer.

Recentemente, na Operação Omertà, houve citações a integrantes do Poder Judiciário e, ao mesmo tempo, foi o próprio Poder Judiciário que autorizou a operação.
Foi instaurada uma investigação. Houve algum pedido ao Poder Judiciário, que foi distribuído a um magistrado. Este magistrado proferiu uma decisão, e que deu origem aos mandados de busca e apreensão e de prisão. Mas são fatos que estão sendo apurados.

O que o Judiciário tem feito para corresponder às expectativas da população?
Neste ano estamos completando 40 anos de existência. Neste período, o Judiciário evoluiu bastante. Principalmente em tecnologia, que possibilita um contato maior com o jurisdicionado. Nos preocupamos com a comunicação com o jurisdicionado. Temos nosso departamento de comunicação e, em 2019, criamos um departamento institucional, para dar uma abertura maior de comunicação com os poderes constituídos, as Cortes superiores e também com o jurisdicionado. O Poder Judiciário tem de levar ao conhecimento de todos tudo que acontece no seu dia a dia, para que a população acompanhe e tenha elementos para analisar, porque é muito fácil você fazer um julgamento do Poder Judiciário sem você ter o conhecimento da sua realidade. Estamos com esta abertura, discutindo com a população, OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] e Ministério Público. 

O magistrado está mais próximo do jurisdicionado?
Antigamente, o magistrado ficava muito restrito ao seu ambiente de trabalho. Naquela época, o pensamento era diferente. Hoje, o juiz, magistrado, quando ele adentra ao local de trabalho, ele é uma autoridade. Agora, a partir do momento em que ele deixa seu local de trabalho, ele passa a ser um membro da sociedade e tem seu relacionamento social. É nesse contato do dia a dia que as pessoas vão conhecer o magistrado. Você analisa o magistrado pelas decisões que ele profere ou pela produtividade que ele apresenta no mês. Mas não se conhece muitas vezes o pensamento como ser humano. 

Esta mudança de comportamento da sociedade, também se reflete nas decisões do Judiciário?
Sim, acabaram aquelas decisões prolixas. Hoje o magistrado têm que ser compreendido por toda categoria de pessoa. Acabou aquelas sentenças memoráveis que descreviam assuntos doutrinários e jurisprudenciais de uma maneira muito profunda. Hoje se concentra em decidir o caso. É por isso que hoje a prestação jurisdicional é mais rápida. 

As transformações sociais também reforçaram a necessidades de instrumentos como o da conciliação e da mediação nas demandas do tribunal?
Temos intensificado este trabalho por meio do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Disputas [Nupemec]. Naturalmente [foi instalado recentemente] que isso a população ainda não conseguiu compreender bem o significado e a importância: não é só para desafogar o Judiciário, mas também para facilitar a solução de um conflito, com rapidez, e participação de todas as partes. A orientação do tribunal é que todas as comarcas tenham um núcleo de solução de conflitos.
 
Qual o maior desafio do Poder Judiciário para os próximos anos?
O desafio do Poder Judiciário é um só: oferecer à população uma prestação jurisdicional rápida e segura. Essa é a nossa finalidade. Existimos para isso. Queremos atingir o grau máximo nisso aí. Hoje, na minha administração, valorizo muito mais a atividade fim do que a atividade meio. Nós precisamos atender à população, dar a ela meios rápidos para ela solucionar seus conflitos. Não podemos demorar demasiadamente para concluir um determinado processo. Porém, nós temos dificuldades. Hoje, por exemplo, faltam 49 juízes no tribunal. Abrimos concurso e, em razão da nossa dificuldade financeira, foram dez vagas, que é aquilo que conseguiremos suportar financeiramente no próximo ano. Mas com estes dez juízes nós já vamos desafogar algumas comarcas do interior que precisam de apoio.

E quais as alternativas para se adaptar a esta escassez de recursos?
Criamos um força de trabalho. Por exemplo: temos algumas desembargadorias que estão com o acervo muito alto, e o que fizemos? Temos 35 desembargadores, mas não podemos criar mais um cargo de assessor. Seriam mais 35 cargos, e aí o custo é alto. Criamos um grupo de assessores, formado por dez servidores, divididos em dois núcleos de cinco. Eles atuarão nos setores em que o acervo for alto até reduzir a demanda. 

TEMPO

Saiba em que regiões do Brasil deve chover acima da média no verão

Inmet divulgou previsão para a estação, que começa hoje (21)

21/12/2025 20h00

Saiba em que regiões do Brasil deve chover acima da média no verão

Saiba em que regiões do Brasil deve chover acima da média no verão Paulo Pinto/Agência Brasil

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O verão do Hemisfério Sul começa neste domingo (21), e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê condições que podem causar chuvas acima da média em grande parte da regiões Norte e Sul do Brasil, além de poucas áreas do Nordeste e do Centro-Oeste.

No Norte, a maior parte dos estados deve ter mais precipitações e temperaturas mais elevadas. As exceções são o sudeste do Pará e o estado do Tocantins, que podem ter volumes de chuva abaixo da média histórica.

“A temperatura média do ar prevista indica valores acima da média climatológica no Amazonas, no centro-sul do Pará, no Acre e em Rondônia, com valores podendo chegar a 0,5 grau Celsius (°C) ou mais acima da média histórica do período (Tocantins). Nos estados mais ao norte da região, Amapá, Roraima e norte do Pará, são previstas temperaturas próximas à média histórica”, estima o Inmet.

Sul

Na Região Sul, a previsão indica condições favoráveis a chuvas acima da média histórica em todos os estados, com os maiores volumes previstos para as mesorregiões do sudeste e sudoeste do Rio Grande do Sul, com acumulados até 50 mm acima da média histórica do trimestre.

“Para a temperatura, as previsões indicam valores predominantemente acima da média durante os meses do verão, principalmente no oeste do Rio Grande do Sul, chegando até 1°C acima da climatologia”. 

Nordeste

Para a Região Nordeste, há indicação de chuva abaixo da média climatológica em praticamente toda a região, principalmente na Bahia, centro-sul do Piauí, e maior parte dos estados de Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Os volumes previstos são de até 100 mm abaixo da média histórica do trimestre.

Por outro lado, são previstos volumes de chuva próximos ou acima da média no centro-norte do Maranhão, norte do Piauí e noroeste do Ceará.

Centro-Oeste

Na Região Centro-Oeste, os volumes de chuva devem ficar acima da média histórica somente no setor oeste do Mato Grosso. Já no estado de Goiás, predominam volumes abaixo da média climatológica do período.

Para o restante da região, são previstos volumes próximos à média histórica. “As temperaturas previstas devem ter predomínio de valores acima da média climatológica nos próximos meses, com desvios de até 1°C acima da climatologia na faixa central da região”, diz o InMet.

Sudeste

Com predomínio de chuvas abaixo da média climatológica, a Região Sudeste deve registar volumes até 100 mm abaixo da média histórica do trimestre.

Deve chover menos nas mesorregiões de Minas Gerais (centro do estado, Zona da Mata, Vale do Rio Doce e Região Metropolitana de Belo Horizonte). A temperatura deve ter valores acima da média em até 1°C, segundo os especialistas do InMet.

Verão

A estação prossegue até o dia 20 de março de 2026. Além do aumento da temperatura, o período favorece mudanças rápidas nas condições do tempo, com a ocorrência de chuvas intensas, queda de granizo, vento com intensidade variando de moderada à forte e descargas elétricas.

Caracterizado pela elevação da temperatura em todo país com a maior exposição do Hemisfério Sul ao Sol, o verão tem dias mais longos que as noites.

Segundo o InMet, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, as chuvas neste período são ocasionadas principalmente pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), enquanto no norte das regiões Nordeste e Norte, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é o principal sistema responsável pela ocorrência de chuvas.

Em média, os maiores volumes de precipitação devem ser observados sobre as regiões Norte e Centro-Oeste, com totais na faixa entre 700 e 1100 milimetros. As duas são as regiões mais extensas do país e abrigam os biomas Amazônia e Pantanal, que vivenciam épocas de chuva no período.

TEMPO

Solstício faz deste domingo o dia mais longo do ano

O solstício de verão acontece quando um dos hemisférios está inclinado de forma a receber a maior incidência possível de luz solar direta

21/12/2025 19h00

Solstício faz deste domingo o dia mais longo do ano

Solstício faz deste domingo o dia mais longo do ano Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O verão começou oficialmente às 12h03 (horário de Brasília) deste domingo, 21. A data marca o solstício de verão no Hemisfério Sul, fenômeno astronômico que faz deste o dia com o maior número de horas de luz ao longo de todo o ano.

As diferentes estações ocorrem devido à inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao seu plano de órbita e ao movimento de translação do planeta em torno do Sol. O solstício de verão acontece quando um dos hemisférios está inclinado de forma a receber a maior incidência possível de luz solar direta

No mesmo momento, ocorre o solstício de inverno no Hemisfério Norte, quando se registra a noite mais longa do ano. Em junho, a situação se inverte: o Hemisfério Sul entra no inverno, enquanto o norte passa a viver o verão.

Além dos solstícios, há os equinócios, que acontecem na primavera e no outono. Eles marcam o instante em que os dois hemisférios recebem a mesma quantidade de luz solar, fazendo com que dia e noite tenham duração semelhante.

O que acontece no verão?

Segundo Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional (ON), instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o verão é a estação mais quente do ano justamente por causa da inclinação de cerca de 23 graus do eixo da Terra em relação ao seu plano de órbita. Esse ângulo faz com que os raios solares atinjam mais diretamente um hemisfério de cada vez.

Quando é verão no Hemisfério Sul, os raios solares incidem de forma mais intensa sobre essa região do planeta, o que resulta em dias mais longos e temperaturas mais elevadas.

Os efeitos das estações do ano são maiores nos locais distantes do equador terrestre. "Nas regiões próximas ao equador, a duração dos dias varia pouco ao longo do ano. Essa diferença aumenta progressivamente em direção aos polos, onde os contrastes são máximos", explica Nascimento.

Previsão do tempo para os próximos dias

Com a chegada do verão neste domingo, São Paulo deve ter dias quentes nas próximas semanas e pode bater o recorde de temperatura do ano na véspera do Natal. De acordo com o Climatempo, os próximos dias também devem ser com menos chuvas e tempo seco na capital paulista.

O que esperar do verão de 2025/2026 no Brasil

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia indicam que a maior temperatura registrada em São Paulo em 2025 foi de 35,1°C, em 6 de outubro. A expectativa para o dia 24 de dezembro é de que a temperatura se aproxime de 35°C, o que pode igualar ou até superar o recorde do ano.

O calor deve ser uma constante em grande parte do Brasil. Nesta semana, o Rio de Janeiro pode registrar até 38°C e Belo Horizonte e Vitória devem alcançar máximas entre 32°C e 34°C, com pouca chuva. O tempo quente também deve chegar à região Sul e ao interior do Nordeste, com máximas próximas dos 35°C. No Norte, as máximas se aproximam de 32°C.

O verão se estende até às 11h45 do dia 21 de março de 2026 e será marcado pela Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), sistema de alta pressão atmosférica que atua sobre o oceano Atlântico Sul e inibe a formação de nuvens. O fenômeno climático deve atuar como um bloqueio atmosférico, afastando algumas frentes frias que passam pelo Brasil.

A Climatempo prevê que a chuva do verão 2025 e 2026 fique um pouco abaixo da média para estação em quase todo o País. A maior deficiência deve ser na costa norte do Brasil, entre o litoral do Pará e do Ceará, e em áreas do interior do Maranhão e do Piauí.

Já o fenômeno La Niña não deve ser o principal fator climático neste verão, devido à sua fraca intensidade e curta duração. A atuação do fenômeno está prevista para se estender até meados de janeiro de 2026 e sua influência sobre as condições climáticas desta estação tende a ser limitada.

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