Cidades

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Agressão que resultou em morte de homem atropelado não foi a primeira

Homem de 39 anos morreu após sua enteada o esmagar com carro por duas vezes para vingar agressões sofridas pela mãe

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Três dias depois de seu namorado ser atropelado por sua filha, a mulher de 43 anos compareceu à 6ª Delegacia da Polícia Civil, no bairro Tijuca, para prestar depoimento e realizar exame de corpo de delito no Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol), já que momentos antes do atropelamento, ela foi agredida por seu companheiro. 

Ainda abalada com toda a situação, a cozinheira relatou ao Correio do Estado, que estava se relacionando com o homem, de 39 anos, a cerca de um mês e meio e, neste tempo, ele já a agrediu outras três vezes e sempre ameaçava “acabar com ela” quando tinha crises de ciúmes. 

De acordo com seu relato, no dia de sua morte, o homem a telefonou exigindo saber onde ela estava e quando ela o atendeu explicou que estava em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) por não estar se sentindo bem, no entanto, ele desconfiou de que ela estivesse mentindo. 

No mesmo dia, quando ela chegou em sua casa, ele estava a esperando e, por mais que eles não morassem juntos, o homem frequentava sua casa aos fins de semana. Ela ainda afirma que durante todo o caminho de volta, ele ficou falando com ela ao telefone em tom de ameaça. 

“Eu estava dentro do ônibus e ele começou a me ligar pra me ameaçar. Ele falou assim ‘onde você está? Quando você chegar aqui você vai ver, vou acabar com você”. 

Então, logo que ela chegou em sua casa, ele perguntou como ela estava ainda com tom ameaçador e logo depois passou a agredi-la dentro de casa, a sufocando. 

No momento da agressão, apenas dois dos seus cinco filhos estavam em casa. Para ficar desimpedido, antes de tentar matar a mulher ele pediu que as duas crianças fossem ao mercado comprar refrigerante. 

“Ele pediu que eles fossem no mercado comprar refrigerante. Quando eles saíram, ele me grudou pela garganta e começou a apertar. Ainda bem que meus filhos não foram até o mercado. Eles estavam no meio da quadra quando me ouviram gritar”, detalhou. 

 A mulher acrescenta que se não fossem pelos filhos, provavelmente ela estaria morta, já que ele estava apertando sua garganta de uma forma muito violenta. 

“Quando a minha filha olhou pela janela para saber o que estava acontecendo, eu já estava em meus últimos suspiros. Ele me deixou com marcas em todo o pescoço”, contou.

Quando confrontado pela enteada, o agressor disse que não estava fazendo nada e largou a mulher, momento em que ela pediu que ele pegasse as coisas que lhe pertenciam e saísse da casa. 

“Eu peguei o short e a camiseta dele, coloquei na sacola e falei pra ele ir embora. E ele falou pra mim ‘se você não for minha, não vai ser homem nenhum. Eu vou acabar com você’,” relatou. 

Logo depois, sua filha mais velha, de 25 anos, chegou na casa da vítima quando foi informada o que tinha acontecido. 

“Ela pegou o carro e foi atrás dele. Não o encontrou da primeira vez e deu outra volta. Ela encontrou ele no mercado e foi com o carro pra cima dele”, explica. 

Quando questionada se tem algum arrependimento, apenas disse que se pudesse voltar atrás teria escondido a chave do carro de sua filha para evitar que ela fosse atrás do agressor

“Ela podia até ir atrás, mas ia discutir, xingar e pronto. Ela não ia fazer o que fez”, desabafa. 

Por fim, ela também diz que nunca pensou que passaria por uma situação dessas, embora ele tivesse a agredido outras vezes, nunca achou que chegaria ao extremo de tentar matá-la. 

“Eu nunca pensei que ia colocar um cara daquele dentro da minha casa e passar pelo que passei”, conclui.

De acordo com a mulher, sua filha falou apenas uma vez com ela desde então e segue foragida da polícia. Ainda segundo a vítima, sua filha irá se entregar à polícia ainda esta semana. 

RELAÇÃO ABUSIVA 

Mãe de cinco filhos, a mulher de 43 anos mora com todos eles em uma casa simples no bairro Portal Caiobá. Cozinheira, ela disse que conhecia seu agressor há um mês e meio e aceitou se relacionar com ele desde que cada um morasse em sua própria casa. 

De acordo com ela, nas primeiras semanas a relação estava indo bem e parecia que ele era uma boa pessoa, apesar de ter problemas com drogas e álcool. 

“Ele falava que não podia ir pra casa da mãe e também não podia morar com a avó dele e queria morar comigo. Eu falei que não podia morar com ele porque não o conhecia direito, mas ele insistia que queria casar”. 

Ela ainda relata que após as primeiras semanas de namoro, ele começou a acusá-la de traição e ficar com ciúmes dos colegas de trabalho dela. Com isso, as agressões também começaram e, de acordo com ela, o homem a agrediu pelo menos três vezes antes deste dia. 

“Ele  vinha pra cá sexta, sábado e domingo. No começo ele estava certinho. Aí depois ele já falava. Ah não! Deixa eu ficar mais uns dias quando sacar. Eu falei não e disse que queria ter minha privacidade porque eu trabalho o dia todo, chego cansada e quero descansar”. 

Depois desta conversa, ela relata que as acusações de traição só aumentaram junto com as agressões físicas, verbais e psicológicas, mas, ainda de acordo com ela, ele nunca havia chegado ao extremo que fez no último domingo. 

A vítima ainda recorda que era ele quem sempre começava as brigas e sempre por ciúmes, mas neste pouco tempo de relacionamento ela nunca teve coragem para contar a ninguém sobre as agressões que sofria. 

“Tinha hora que ele ficava louco e queria matar e tinha hora que ele ficava calmo, mas sempre falava pra mim “você é minha e não vai ser de homem nenhum. Você morre ou eu morro, a gente nunca vai se separar”, relembra.

Cidades

Em meio à crise do transporte, comércio antecipa folga de funcionários

Na falta de clientes nas lojas da região central, empresas liberam colaboradores enquanto aguardam a resolução da greve de ônibus

16/12/2025 16h45

Crédito: Pagu / Correio do Estado

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O comércio da região central, que esperava aumentar o volume de vendas a oito dias do Natal, está tendo de antecipar a folga dos funcionários devido ao esvaziamento da região em decorrência da greve dos motoristas de ônibus em Campo Grande.

A reportagem percorreu o entorno da Praça Ary Coelho, onde os pontos de ônibus estão servindo de local de espera para trabalhadores ou consumidores que se aventuraram e aguardavam um veículo por aplicativo.

Na Rua 14 de Julho, vendedores de lojas se ocupam organizando o estoque, formando filas à espera de um ou outro cliente, mas o cenário de incerteza marca a época do ano em que os lojistas esperam faturar mais.

Alguns estabelecimentos estão optando por antecipar a folga dos funcionários, já que, com a ausência da população que acessa o centro por meio do transporte coletivo, o movimento praticamente desapareceu.

É o caso de uma loja de calçados Anita, cuja gerente da unidade, Rayssa Dias dos Santos, relatou à reportagem que, na segunda-feira (15), quando a greve teve início, a loja ainda manteve um movimento tímido.

“Hoje a gente antecipou algumas folgas, primeiro porque o movimento fica mais calmo e, segundo, por ser menos um gasto para ter que trazer o funcionário de Uber.”

Nem a caravana de Natal da Coca-Cola deixa o setor confiante, uma vez que grande parte da população que costuma ir ao local, inclusive para aproveitar as atrações da Praça Ary Coelho, depende do transporte coletivo.

“Hoje vai ter a passeata da Coca-Cola, e eu acredito que muita gente precisa do ônibus para vir até o centro. Então, acredito que a paralisação do transporte público dá uma desequilibrada”, explicou Rayssa, e completou:

“A gente fica preocupada porque, querendo ou não, muita gente depende desse meio de transporte.”

Do outro lado da rua, na loja do Boticário, a gerente Suelen Benites Vieira, de 31 anos, explicou que a alternativa para enfrentar a falta de clientes tem sido a entrega em domicílio, serviço oferecido pela rede.

Entretanto, a greve dos motoristas de ônibus diminuiu de forma significativa o número de clientes no estabelecimento.

14 de Julho vazia, em horário que costuma ter fluxo de pessoas / Crédito: Pagu / Correio do Estado

“Realmente, seria o dobro, porque esta semana e a próxima são decisivas. Estamos vendendo muito para quem possui veículo, porque os que dependem de ônibus não estão vindo”, disse Suelen.

Na loja de vestuário, o gerente da Damyller, Cesar de Araújo, de 23 anos, recebeu a reportagem em um espaço que normalmente teria fluxo intenso de clientes, mas que, devido à chuva e ao custo do transporte por aplicativo, acabou tendo o cenário alterado.

“A greve de ônibus está impactando bastante não só a gente, mas também os outros comerciantes. Por exemplo, fui pegar uma marmita e ouvi reclamações. Isso está afetando tanto a rotina dos funcionários quanto o movimento do centro, e a gente percebe claramente essa diferença no fluxo”, pontuou Cesar.

Além disso, os funcionários só não estão sendo mais afetados e conseguem ir trabalhar porque as empresas se comprometeram a custear o transporte por aplicativo.

“A empresa está dando todo o suporte. Os funcionários pedem Uber e a gente ressarce o valor”, explicou Cleber, iniciativa que outros estabelecimentos também tiveram de adotar para não perder o efetivo.

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Após oito anos

Justiça fixa pensão até 2075 para família de rapaz morto com mangueira de ar

Valor mensal da pensão é de R$ 1.012,00 e será pago retroativamente desde a data da morte de Wesner

16/12/2025 16h30

Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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Dupla condenadada por introduzir uma mangueira de ar comprimido – equipamento automático para lavagem de carros –  no ânus de Wesner Moreira, por “brincadeira”, no lava-jato em que trabalhavam, Thiago Giovanni Demarco Sena e Willian Enrique Larrea terão de pagar pensão à família do jovem até 2075, ano em que o garoto completaria 75 anos. 

O valor mensal da pensão é de R$ 1.012,00, conforme cálculo homologado nos autos, e será pago retroativamente desde a data da morte de Wesner, em fevereiro de 2017. A ação de perdas e danos tramita na 16ª Vara Cível da Comarca de Campo Grande e engloba os danos morais, danos materiais e as pensões vencidas, valor que gira em torno de R$ 1,32 milhão.

A Justiça manteve a condenação dos réus ao pagamento de indenização por danos morais, fixada em R$ 500 mil, além de danos materiais referentes às despesas de funeral, no valor de R$ 1.149,97, ambos acrescidos de correção monetária e juros legais.

Neste mês, a Justiça realiza o processo de intimações para pagamento de custas, expedição de ofícios e pedidos de informações patrimoniais, com o objetivo de localizar bens passíveis de penhora da dupla, para garantir o cumprimento da decisão judicial. 

Condenação

A dupla foi condenada a 12 anos de cadeia em júri popular realizado em 30 de março de 2023, mas recorrereu da decisão do juiz, e saiu em liberdade. 

Após o crime, ambos não ficaram presos um sequer dia, prestaram depoimentos e foram liberados.

Em fevereiro do ano passado, sete anos após a morte de Wesner, o juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Júri de Campo Grande, mandou prendê-los e recolhê-los

Júri Popular 

Em júri popular realizado em 30 de março de 2023, Thiago Giovanni Demarco Sena, dono do lava-jato e Willian Enrique Larrea, funcionáriodo estabelecimento, negaram que havia intenção de matar o jovem e alegaram que a tragédia resultou de uma “brincadeira de mau gosto”.

Primeiro a depor entre os acusados, Thiago Giovanni Demarco Sena disse não saber do potencial destrutivo da mangueira de ar comprimido, que teria sido introduzida na região do ânus da vítima.

Segundo ele, todos eram amigos e nunca tiveram desavença. Ele afirma ainda que não era a primeira vez que brincavam com a mangueira, direcionando o jato de ar para o rosto ou outras partes do corpo.

No dia do crime, ele afirma que Wesner e Willian estavam brincando com o compressor e que a vítima teria iniciado.

Thiago, que estava fazendo a lavagem embaixo de um carro, também entrou na suposta brincadeira.

"Eu com a mangueira na mão, em tom de brincadeira falei 'de novo você fazendo isso Wesner'. Peguei e direcionei a mangueira na bunda dele por cima do short, com ar do compressor aberto, que eu já vinha usando, encostei, pressionei por nem três segundos", disse o réu na ocasião.

"Na hora ele reclamou e pediu para parar, falou que tava doendo, na hora eu desliguei a mangueira", afirmou ainda.

Questionado se tinha consciência que o compressor de ar pudesse causar danos graves e levar a morte, Thiago disse que não sabia do risco.

"Eu nunca imaginei que pudesse acontecer o que aconteceu com ele, se eu soubesse jamais teria brincado com ele com o compressor", afirmou.

Na sequência, o outro acusado,Thiago Giovanni Demarco Sena depôs e, chorando, também afirmou que o caso se tratou de uma brincadeira que deu errado.

Ele confirmou a versão de Willian, de que todos eram amigos e estavam brincando quando a mangueira foi direcionada a Wesner.

Eles falaram ainda que as brincadeiras com o compressor de ar eram comuns, mas não com direcionamento para as partes íntimas e nunca na maldade.

Em juízo, os réus destacaram que os três estavam “brincando” com a mangueira de ar, direcionando o jato de ar para o rosto ou outras partes do corpo, quando ambos pegaram Wesner no colo, o seguraram e apontaram o compressor em direção ao ânus do garoto. 

Wesner foi levado ao hospital, alegando dores na barriga, vômito e inchaço abdominal. Permaneceu internado por 11 dias no Hospital Santa Casa de Campo Grande e morreu em 14 de fevereiro de 2017.

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