Provavelmente, alguma vez na vida, todo mundo já ouviu de alguém mais velho a expressão “antigamente, isso aqui era tudo mato”. A frase, geralmente usada para indicar que a pessoa acompanhou a evolução de algo, é comum para os primeiros comerciantes da feira livre do Bairro Taveirópolis. Umas das feiras mais antigas de Campo Grande, ela começou quando de fato tudo, ou pelo menos quase tudo, ainda era mato no bairro, localizado na região urbana do Lagoa. Ao longo de quase 50 anos, tempo em que a feira funciona no local, o bairro cresceu e, consequentemente, muita coisa mudou, mas os feirantes e moradores são unânimes ao afirmar que ela dá o toque de tradição ao desenvolvimento e é uma das características do bairro, que tem 6.002 moradores.
Situada na Rua Boaventura da Silva, a feira livre ocupa uma quadra, entre as ruas Antonio Abdo e Franklin Espíndola. O comércio a céu aberto é realizado às terças e sextas-feiras, das 7h ao meio-dia.
Arlindo de Oliveira, 71 anos, é o feirante mais antigo no local. Há 49 anos ele mantém uma barraca de artigos de armarinho e acompanhou o desenvolvimento do Taveirópolis, além de ver a feira transformar-se em um grande comércio e também em um ponto de encontro entre amigos. “Quando começou, a feira ocupava várias quadras, as barracas eram montadas no chão de terra, não tinha asfalto e as ruas eram mais largas. Depois, construíram asfalto, calçadas largas e ela foi diminuindo, e o movimento, que era muito grande, ficou mais fraco, mas os clientes são todos amigos, a gente conhece pelo nome”, disse.
Oliveira afirmou que, com o crescimento do bairro, surgiram conveniências e supermercados, que acabaram por pegar boa parte da clientela. Ainda segundo ele, o fato de ser pequena é um diferencial, já que é possível fazer mais amizades e manter a clientela fiel.
Para os moradores do bairro, a feira é característica doTaveirópolis. Edenir Neves frequenta o local semanalmente, nas duas vezes em que ocorre. Para ela, o comércio cresceu no entorno, principalmente no entorno do Elias Gadia, que ela viu passar de um estádio de futebol para uma praça esportiva. Muito mais do que a finalidade de comércio, o local lhe proporcionou muitos amigos e ela aproveita a oportunidade para colocar o papo em dia. “Há 50 anos, eu abri um açougue aqui na feira. Hoje em dia, não pode mais e a barraca eu fechei faz tempo, mas eu sempre venho aqui comprar verduras, encontrar os amigos”, afirmou.
A mesma opinião tem Paulo Azevedo, morador do Taveirópolis há 32 anos. Ele também está sempre na feira e, enquanto a esposa, Maria Diná da Silva, faz compras, ele aproveita o tempo para conversar com os feirantes. “Tudo mudou, o bairro melhorou, a violência diminuiu e a feira se manteve. Não é como a Feira Central, que vende muito, tem movimento e é turística, mas é tradicional do bairro”.
LAGOA
Com uma população de 114,4 mil habitantes, a região do Lagoa, conforme dados da prefeitura, é dividida em 11 bairros.


