Cynthia Giglioli Herbas Camacho, além de esposa, carrega o sobrenome de um dos criminosos mais renomados do país, Marco Willians Herbas Camacho - o Marcola (condenado a 342 anos de prisão), fato esse que evitou que ela fosse roubada.
Ainda em novembro do ano passado, conforme revelado pela imprensa nacional, Cynthia visitou marido na Penitenciária Federal de Brasília, onde contou a ele a situação e como - após ver o parentesco entre ela e Marcola - os criminosos devolveram aquilo que levaram, um celular e uma quantia indeterminada por transferência.
"Foi na Marginal (SP). Via expressa. Era trânsito, parou. Tomei um susto tão grande, demorei uns segundos pra voltar ao normal. Aí devolveram porque viram meu nome. Que era seu nome. Mandaram entregar lá no salão. Devolveram o celular e o dinheiro do Pix", comenta ela em conversa com Marco.
Ainda, nessa mesma conversa, Marcola revelou que, apesar das seguidas transferências, nunca deixou de lado os planos para sair da prisão.
"Enquanto eu tiver vida, tiver respirando, você pode ter certeza que eu vou tá lutando pra sair daqui, entendeu? É que eu não posso falar um monte de coisa aqui, mas minha vida é lutar pra sair daqui".
Ainda na semana passada, como apontou o Correio do Estado, a Polícia Federal desarticulou o último dos planos do Primeiro Comando da Capital (PCC) para libertar Marcola e outros integrantes da facção.
Entre os presos a serem resgatados estão os cabeças da organização criminosa, como Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, Cláudio Barbará da Silva, o Barbará, Valdeci Alves dos Santos, o Colorido, Edmar Santos, Reinaldo Teixeira dos Santos e Esdras Augusto do Nascimento Júnior.
Vale ressaltar que, uma das advogadas em contato com a facção, Kássia de Assis, responsável por repassar informações de um detento para outro, sobre os planos de Marcola, foi presa na última quarta-feira (10), em Três Lagoas, durante Operação Anjos da Guarda, da PF.
Investigação
Conforme informações da PF, o PCC planejava sequestrar autoridades e desenvolver outras ações para conseguir a soltura das lideranças da facção.
Para descobrir isso, segundo a Folha de São Paulo, os policiais mapearam o uso de códigos, como “STF” e “STJ”, para designar as táticas que seriam utilizadas na ação de resgate.
A apuração começou em dezembro de 2021, após o setor de inteligência do Depen informar à PF que lideranças do PCC, em conversas com advogados, citavam nomes de defensores e “recursos ao STF [Supremo Tribunal Federal] e ao STJ [Superior Tribunal de Justiça]” para cobrar o andamento do plano.
A PF então descobriu que os nomes dos advogados e dos recursos às cortes superiores não existiam de fato e passou a apurar a suspeita de uso de códigos para designar os planos de fuga.
A partir daí, com base em interceptações telefônicas, quebras de sigilo telemático e conversas gravadas no parlatório dos presídios federais, os investigadores descobriram a existência de possíveis três planos de fuga articulados pelos advogados e por integrantes da facção em liberdade.
O primeiro deles, designado pelo código “STF”, mirava a fuga de lideranças, entre elas Marcola, do presídio federal em Brasília.
No plano elaborado pela facção estava previsto utilizar a tática conhecida como “novo cangaço”, empregada por integrantes da facção em roubos a bancos no interior do País. A ideia envolveria cercar o presídio em Brasília e resgatar Marcola e outras lideranças.
Dados coletados pelos investigadores apontam que o plano utilizaria de 40 a 60 homens fortemente armados, que participariam do ataque à penitenciária de segurança máxima.
O outro plano, designado pelo código “STJ”, mirava o sequestro de diretores do Depen para posterior troca pela liberdade das lideranças da facção.
E um terceiro plano, caso os dois primeiros não obtivessem sucesso, era gerar uma megarrebelião no presídio federal para facilitar a fuga das lideranças.
A PF afirma que tomou várias medidas para evitar que os planos fossem colocados em prática desde que percebeu a intensificação dos pedidos das lideranças, entre elas Marcola, para que os advogados acionassem os responsáveis pela execução. (Colaborou Daiany Albuquerque e Valesca Consolaro)





