Iniciada em agosto do ano passado e desencadeada nesta terça-feira (6), a Operação "Abre-Te-Sésamo", ação da Polícia Civil em parceria com o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), teve a primeira etapa concluída no início desta semana, dez meses após o início das investigações.
As buscas se deram no início do dia, quando 273 policiais cumpriram 46 mandados de busca e apreensão no “Complexo Carandiru”, condomínio localizado no bairro Mata do Jacinto, região norte de Campo Grande.
De acordo com o delegado Reges de Almeida, da 3ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, o imbróglio se deu em virtude de uma busca inicial sobre roubos e furtos na região do Prosa. “Começamos por meio de um levantamento de roubos e furtos no prosa, especialmente na Mata do Jacinto. Vimos que o espaço tinha muitos homicídios, ocorrências por tráfico de drogas, e mais do que isso, formavam uma espécie de estado paralelo”, destacou o oficial em coletiva.
Segundo Reges de Almeida, em um dos espaços do condomínio havia uma cantoneira própria com “intuito de castigar” aqueles que infringissem as ordens locais.
“Aqueles subvertidos permaneciam no local, em uma espécie de cárcere, para serem açoitados. A perícia técnica constatou a existência de sangue e fezes no local", finalizou
Diretor do Departamento de Polícia da Capital, o delegado Wellington de Oliveira, disse que o espaço era uma espécie de “tribunal do crime”.
O delegado destacou que a forma como o processo foi operacionalizado, de forma vertical,“é diferente de tudo o que acontece no Brasil". “É extremamente importante essa demonstração de força da polícia para desencorajar os criminosos. Havia informação de que a polícia não entraria naquele local, trabalhamos, entramos e sem intercorrências”, falou.
Ao todo, os oficiais realizaram 13 prisões (11 flagrantes e dois comprimentos de busca e apreensão), sendo duas mulheres e nove homens, dentre eles, um adolescente. Além das prisões, a polícia apreendeu 50 munições, duas armas, R$ 20 mil em espécie, 12 kg de maconha e outros R$ 2 kg de cocaína.
Ao todo, 46 apartamentos do espaço ocupado por 23 famílias foram alvos da investigação. A área está em litígio de justiça e obteve a energia cortada no início desta noite.
De acordo com a delegada adjunta da 3ª DP, Priscilla Anuda Quarti, coordenadora da operação, ao verem a polícia se aproximando do local, algumas pessoas eram hostis com o policiamento. Segundo Quarti, o espaço sobretudo era utilizado para esconder drogas e armas.
“Guardavam drogas, vendiam e guardavam armas. Claro que para além dos mandados, buscamos tranquilidade social dos moradores da região”, destacou.
Segundo ela, o cenário do local é perigoso. “Instalação irregular com risco de incêndio, escadarias com pisos faltando”. O Delegado-Geral da Polícia Civil, Roberto Gurgel de Oliveira Filho, frisou que, o espaço original do condomínio, de 1994, já não existe mais, o que acabou dificultando a ação dos policiais na operação.
“Nos chama muita atenção o fato de que a planta do imóvel não exista mais, o que teve de ser superado pela equipe que coordenou a operação”, disse.
O diretor destacou que assim que os trabalhos sobre as condições do local forem concluídas junto à Polícia, aos Bombeiros e a Guarda Civil, a organização encaminhará um relatório para avaliação da Prefeitura de Campo Grande, e caso necessário, enviar um ofício ao Ministério Público, para que, caso seja constatada a incapacidade do local servir de moradia, promover a retirada e suporte aos moradores do local, junto a assistência social e aos órgãos competentes.



