Após matéria veiculada neste domingo (1º), a superintendente de Gestão do Hospital São Julião, Jessyka Souza Mendes, procurou o Correio do Estado para destacar que a superlotação dos hospitais de Campo Grande poderia ser menor, uma vez que, segundo ela, a direção do hospital teria ofertado 14 leitos ao município ainda na segunda semana de maio, contudo, segue sem devolutiva por parte da prefeitura.
De acordo com a superintendente, a direção hospitalar procurou a administração municipal após o decreto emergencial na saúde pública, publicado no dia 26 de abril deste ano, ou seja, há 39 dias.
“Procuramos a prefeitura após o decreto (emergencial). Antes disso, fomos acionados pelo Governo do Estado e cedemos 12 leitos, já ocupados desde o dia 20 de maio”, disse Jessyka. À reportagem, frisou que por diversas vezes a direção buscou a prefeitura para viabilizar o espaço que desafogaria parte da rede pública e privada, atualmente com 1.719 leitos.
Cabe destacar que na última semana, a secretária municipal Rosana Leite, destacou à reportagem que a falta de leitos só seria resolvida após a finalização dos processos licitatórios que pretendem privatizar o Hospital Regional e o Hospital Municipal de Campo Grande.
Questionada sobre a superlotação dos hospitais e os rumos do decreto de emergência que segue ao menos pelos próximos dois meses, frisou que o município está focado em destravar as licitações já em andamento, fator que considerou determinante para a melhoria do fluxo de atendimentos na Capital.
“O problema dos leitos nós não vamos resolver a curto prazo, por isso, a esperança é terminar o processo licitatório do Hospital Municipal, Hospital Regional, (obras) que ampliarão esses leitos. Até isso se resolver, nós ainda vivenciamos esse problema crônico da falta de leitos”, destacou anteriormente.
Procurada nesta segunda-feira (2), a secretária disse que a gestão municipal possui leitos ocupados junto ao São Julião, contudo, frisou que neste momento, a prefeitura busca finalizar as tratativas e negociação de leitos junto ao Hospital do Câncer.
“Ao todo, possuímos 63 leitos entre São Julião, Hospital do Pênfigo e Hospital do Câncer, com o qual estamos finalizando as tratativas neste momento”, disse.
Sobre a oferta não respondida, a secretária disse que a administração municipal foi notificada pelo São Julião, e que a demanda será realinhada nos próximos dias. “Vamos finalizar os processos em andamento e verificar a demanda, salvo engano fomos notificados da disponibilidade de 14 ou 20 leitos adultos, nenhum pediátrico”, complementou Rosana Leite.
A secretária disse que além de alinhar a demanda junto ao São Julião, o município passará a fazer contratos diretamente com hospitais privados. Na última sexta-feira (30), uma Medida Provisória assinada pelo presidente Lula permite que o atendimento especializado no Sistema Único de Saúde contrate hospitais privados por serviço tabelado no SUS e por troca de dívidas. Essa última, terá um teto de R$ 2 bilhões por ano.
Licitação em andamento
Inicialmente, o processo licitatório que prevê a Parceria Público Privada (PPP) do Hospital Regional foi publicado pela Secretaria de Estado de Saúde no dia 15 de abril deste ano. A previsão é de que o Governo do Estado assine um contrato para terceirizar a administração do Hospital Regional de Campo Grande, enquanto a empresa que vencer a disputa, garantirá faturamento anual de R$ 158 milhões, o que representa mais de R$ 13 milhões mensais.
Os detalhes do projeto de “privatização” do hospital foram apresentados em audiência pública virtual no último dia 12 de maio, e conforme o chamamento público divulgado em diário oficial, o contrato terá validade por 30 anos e o valor estimado é de investimento inicial é de de R$ 951.745.727,91. Durante a audiência, Eliane Detoni, secretária especial de Parcerias Estratégicas, explicou os aspectos que nortearam a estruturação do projeto.
“As PPPs permitem a introdução de modelos de gestão mais eficiente, com foco em resultados, indicadores de desempenho e melhoria contínua dos processos. A parceria com o setor privado traz práticas modernas de administração hospitalar que impactam positivamente no tempo de atendimento, na qualidade assistencial e na satisfação do usuário”, disse.
O projeto adota como critério o modelo de bata cinza, ou seja, apenas os serviços não assistenciais ficam sob gestão administrativa da empresa concessionária: recepção, portaria e vigilância, lavanderia, limpeza e jardinagem, nutrição, manutenção predial e engenharia clínica, Central de Material Esterilizado (CME), logística de almoxarifado e farmácia, transporte de pacientes e necrotério, tecnologia da informação, água, energia e gases medicinais e fornecimento de insumos hospitalares.
Com área prevista de 71.000 m² de construção, o projeto prevê dois novos blocos que devem ampliar a capacidade de atendimento de 362 para 577 leitos, aumento de 59% no número de leitos atuais, além de ampliar o estacionamento para 753 vagas.
Atualmente o Hospital Regional Rosa Pedrossian possui área de 37.000 m², com estrutura de 10 pavimentos, capacidade de 362 leitos e atendimento de 46 especialidades médicas. O local permanecerá como hospital público, com atendimento SUS 100% gratuito e gestão assistencial estadual.
Estrutura
Em até 2 anos o projeto prevê a construção de dois novos blocos, com 70 leitos, hemodinâmica, centro cirúrgico, Central de Material Esterilizado e internações com 180 leitos. A reforma do prédio atual deve ser concluída em até 4 anos.
Conforme exposto na audiência, o complexo hospitalar contará com emergência adulta e pediátrica, hemodiálise, centro cirúrgico obstétrico, centro de parto normal, lactário, UTI Neonatal, Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (UCINCa), internação obstétrica e ginecológica, UTI e internação pediátrica, internação oncológica e psiquiatria. Além de auditório, área de acesso e conforto aos funcionários, área de convivência e área da família.
A projeção é de que o novo espaço ofereça 250% de aumento no atendimento de Pronto Socorro, que passará dos atuais 22 leitos para 77 leitos, bem como aumento nos atendimentos de internações que, atualmente, tem a média de 1.400 por mês e passará a ser de 2.760 de pacientes mensais.


