Última morte registrada em Mato Grosso do Sul pela doença havia sido em 2014; Nova vítima tinha 1 mês
Uma criança de 1 mês e 29 dias morreu vítima de coqueluche, em Campo Grande. É o primeiro registrado pela doença após mais de 10 anos sem registro de óbitos.
De acordo com comunicação de risco publicada nesta sexta-feira (28) pela Coordenadoria de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs-CG), a criança morreu no dia 19 de fevereiro e não apresentava comorbidades, nem tinha histórico de contato ou viagem.
Devido à idade, ela também ainda não tinha a vacina penta, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae B, mas é indicada para crianças a partir dos dois meses de idade.
Ainda segundo o Cievs, a criança passou por atendimento médico no dia 10 de fevereiro, na Clínica da Família, com quadro de tosse secretiva que já durava três dias, febre e despertares com dispnéia.
No dia 15, o menino foi novamente atendimento, desta vez em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com febre e tosse seca, dispneia e tiragem intercostal, que é uma dificuldade respiratória grave.
O bebê foi encaminhado ao hospital no dia 16 de fevereiro, já com quadro de bronqueolite e pneumonia associados, com sinais de gravidade, como esforço respiratório e dependência de oxigênio.
No mesmo dia, ele apresentou piora progressiva, necessitando de ventilação pulmonar mecânica.
"Houve piora progressiva com choque séptico e choque refratário. Evoluiu com PCR [parada cardiorrespiratória] e óbito", diz a nota.
O caso foi notificado como suspeito para coqueluche no dia 17 de fevereiro, sendo coletado material e encaminhado para diagnóstico no Laboratório Central (Lacen).
O resultado saiu no dia 21 de fevereiro, positivo para coqueluche.
Dez anos sem mortes
Conforme dados do painel epidemiológico do Ministério da Saúde, Mato Grosso do Sul não registrava mortes por Coqueluche desde 2014, quando houve três óbitos, sendo um em Campo Grande.
Nos anos de 2021, 2022 e 2023, sequer foram registrados casos suspeitos da doença na Capital.
No ano passado, foram registrados nove casos na Capital e 75 em todo o Estado, mas todos evoluíram para cura. No Brasil, foram três mortes em 2024, sendo duas em Minas Gerais e uma no Rio Grande do Sul.
Já neste ano, o único caso registrado até então é o da criança que veio a óbito.
A morbidade da coqueluche no país já foi elevada. No início da década de 1980 eram notificados mais de 40 mil casos anuais, número que caiu abruptamente a partir de 1983, mantendo, desde então, tendência decrescente.
Coqueluche
A coqueluche é uma infecção respiratória, transmissível e causada pela bactéria Bordetella Pertussis. A principal característica são crises de tosse seca e pode atingir, também, traqueia e bronquios.
As crianças menores de seis meses podem apresentar complicações da coqueluche que, se não tratada corretamente, podem levar à morte.
A contaminação é por meio de gotículas eliminadas pela tosse, fala, espirro e ocorre ainda por meio de objetos contaminados pela secreção do doente.
Os principais sintomas são febre, mal-estar geral, coriza e tosse seca. Gradualmente, a tosse se torna mais intensa e frequente evoluindo para crises de tosse incontroláveis e rápidas que podem causar vômitos.
É necessário ter uma atenção especial para bebês menores de 6 meses, já que são mais propensos a ter as formas graves da doença.
A melhor forma de prevenir é tomar a vacina pentavalente, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças até 6 anos, 11 meses e 29 dias, mas o ideal é vacinar antes de completar um ano de idade.
São 3 doses aplicadas, aos 2, 4 e 6 meses de idade. É preciso ainda tomar duas doses de reforço da vacina DTP (tríplice bacteriana), uma aos 15 meses de idade e outra até os 4 anos.
Gestantes, mesmo se vacinadas em gestações anteriores, devem fazer uma dose da vacina do tipo adulto (dTpa), a partir da 20ª semana da gestação atual.
A vacinação é importante para imunização passiva (passagens de anticorpos maternos e a transferência passiva de anticorpos para o bebê), até os dois primeiros meses de vida.