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A crise de confiança no cenário político nacional

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Os brasileiros não confiam em Lula. O dado foi revelado pela pesquisa Ipsos/Ipec, divulgada no último dia 12, com a indicação de que 58% dos eleitores dizem não confiar no presidente. O resultado é o mesmo do levantamento anterior, realizado em março, mas com um agravante: o índice de confiança caiu de 40% para 37%. Muito mais do que a estatística nua e crua, a pesquisa nos fornece informação eleitoral.

Já sabemos que Lula tem amargado sucessivas quedas na aprovação do governo. Igualmente, temos índices suficientes indicando a perda do favoritismo eleitoral do presidente, que até pouco tempo aparecia como vencedor em qualquer possível cenário para a disputa presidencial de 2026 e, agora, depara-se com empates contra vários dos possíveis nomes a serem lançados pela direita.

Todas essas questões já deixavam o cenário difícil para Lula, mas é a perda da confiança, tão difícil de ser restaurada, que surge como um forte sinal de alerta no Planalto. Ela mostra uma mudança na relação do eleitor com a figura do presidente. Aquela imagem, cuidadosamente construída e lapidada pelos marqueteiros nos primeiros mandatos de Lula, de mensageiro da esperança e defensor das classes mais vulneráveis não se sustenta mais. Morreu o personagem, e Lula cai agora na vala comum do mundo político.

A queda da confiança não é um fenômeno isolado, mas resultado de múltiplos fatores interligados. No caso de Lula, ela é explicada, por exemplo, pela alta dos preços, medidas de gestão impopulares e ausência de grandes programas que possam ser convertidos em vitrines de governo, como foi o caso do Fome Zero, Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Essa informação sinaliza que não se vive de passado e que os indicadores sociais e econômicos influenciam diretamente na imagem de um líder político.

Sem grandes feitos no atual mandato, o petista se apresenta como mais do mesmo e com pouca capacidade de encantar o eleitorado. Lula perdeu o carisma.

Por outro lado, precisamos analisar que os atuais índices de desconfiança do eleitor não devem ser encarados como um golpe definitivo. Eles são um sinal de fragilidade, mas não indicam um esvaziamento total do capital político de Lula. Para reversão desse cenário, ele terá de usar de suas habilidades para costurar alianças políticas fortes e, principalmente, para restaurar a conexão com a militância e ampliar a base de apoio, sustentada por segmentos que ainda veem nele uma figura de resistência às premissas da direita e de luta pelo combate às desigualdades, e que podem fazer ecoar essa mensagem entre o eleitorado.

O principal desafio nesse contexto, não apenas para Lula, mas para todos os candidatos que resolverem entrar na disputa do próximo ano, é enfrentar a mudança de comportamento do eleitor, que está mais bem informado, crítico e exigente. É justamente em razão desse fator que o cenário político brasileiro vive uma fase de mudanças profundas. E a maneira como Lula ou seus possíveis adversários vão responder a essa crise de confiança determinará o rumo das próximas eleições.

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EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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