Artigos e Opinião

ARTIGO

A futilidade e a alienação atual dos jovens podem colocar nosso futuro em risco?

Laura Silva Costa* e Sérgio Luiz do Amaral Moretti*

Redação

20/03/2015 - 00h01
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*Laura Silva Costa Acadêmica do curso de Administração da UMFS – Campus de Três Lagoas/MS. E-mail: [email protected]

*Sérgio Luiz do Amaral Moretti Professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Hospitalidade da Universidade Anhembi Morumbi – Laureate Universities. E-mail: [email protected]

Temos presenciado com preocupação, nos últimos anos, cada vez mais os jovens encurtarem sua infância. Eles já não possuem o hábito de brincar na rua ou cuidar de suas bonecas ou carrinhos – e os pais de hoje preocupam-se com o que os filhos estão fazendo na internet, no percurso para a escola ou para a casa de alguém, onde podem, por exemplo, consumir bebidas alcoólicas. Os jovens estão deixando de viver sua fase mais lúdica buscando comportar-se como os adultos, vestindo-se como eles e experimentando coisas que eles, de fato, nunca experimentaram. Deixam de viver sua infância e adolescência e “amadurecem” sem projetos de vida, conteúdo ou valor para a sociedade.

Um exemplo é o crescente interesse dos jovens, mesmo os recém-saídos da infância, por estética e status. Piercings, tatuagens, alisamento para os cabelos, roupas “de marca”, produtos tecnológicos. Produtos de consumo de todos os tipos atraem sua atenção, fazendo a alegria dos vendedores. Os pais são, em boa parte, responsáveis por esses comportamentos. Mesmo aqueles que não possuem recursos financeiros entram em dívidas para poder atender aos desejos de seus filhos e ainda incentivam ou apoiam esse consumismo que esbanja futilidade e que agrega pouco ou nenhum valor cultural e social.

A falta de um discurso útil e articulado sobre os assuntos sexuais tem marcado a atuação de pais e escolas. Pais e educadores estão se omitindo na orientação sexual dos adolescentes. Índices apontam que, cada vez mais, jovens estão tendo sua primeira relação sexual antes dos 15 anos. Junto com essa experiência, vem o consumo de bebidas alcoólicas e, talvez nos casos mais extremos, de drogas. Garotas estão ficando gestantes de forma prematura, antes de concluírem o ensino fundamental, prejudicando assim a conclusão de seus estudos e formação profissional, fazendo crescer o índice de semianalfabetos e desvalorizando a mão de obra qualificada no país. O número elevado de jovens que conduzem carros sem habilitação e totalmente embriagados também expressa a falta de comunicação por parte dos pais junto à falta de uma política pública advinda de órgãos públicos. A bebida é a principal causa dos acidentes de trânsito e jovens que não possuem o registro para dirigir são os que mais abusam dessa combinação mortal de imprudência.

A rotina dos pais também influencia os atos dos filhos. Horas prolongadas fora de casa acabam afastando pais e filhos. Experiências e conversas não são transmitidas. Em muitos casos, essa falta de comunicação faz crescer a rebeldia, a violência e a criminalidade pelo simples fato de os pais não estarem presentes na vida dos seus filhos.

A sociedade, juntamente com o reforço das políticas públicas oficiais, deveria atentar mais ao caminho que os jovens estão percorrendo, pois eles são o futuro do desenvolvimento e crescimento de que o país tanto necessita para melhorar nossos índices sociais, como saúde, educação, segurança, transporte, principalmente. 

Projetos nas escolas poderiam ser desenvolvidos para aproximar a relação entre pais e filhos, projetos mais eficazes sobre consciência no trânsito, investimento em esportes para desenvolver disciplina, práticas saudáveis, comportamento grupal, entre outras melhorias que compõem e diferenciam o ser humano. Uma maior atenção com a educação fundamental e média fará que se criem adultos melhores, com potencial de fortalecer a sociedade como um todo.

EDITORIAL

É preciso passar um pente-fino na Cosip

O que a sociedade exige e com razão é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte

20/12/2025 07h15

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A deflagração da Operação Apagar das Luzes, nesta sexta-feira, pelo Grupo Especializado de Combate à Corrupção (Gecoc) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), é mais um daqueles episódios que deixam claro que a iluminação pública de Campo Grande guarda muito mais sombras do que se imaginava.

E, ao que tudo indica, ainda há muito a ser revelado sobre contratos, cifras e responsabilidades envolvendo um serviço essencial para a cidade.

Campo Grande figura entre os municípios que mais arrecadam no Brasil com a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip). Trata-se de uma arrecadação robusta, bilionária ao longo dos anos, paga mensalmente pelo cidadão na conta de energia elétrica.

Ainda assim, a realidade vista nas ruas é contraditória: bairros inteiros convivem com postes apagados, avenidas mal iluminadas e áreas que se tornam vulneráveis à criminalidade justamente pela ausência de luz.

A investigação que apura fraudes estimadas em R$ 62 milhões lança uma pergunta inevitável: como é possível faltar iluminação em um município que arrecada tanto?

Reportagem publicada pelo Correio do Estado no ano passado mostrou que a Cosip de Campo Grande superava, à época, a arrecadação de Curitiba – cidade com mais que o dobro da população. Mesmo assim, a capital sul-mato-grossense convive com um serviço precário e reclamações recorrentes da população.

O mais preocupante é que essas suspeitas de irregularidades surgem em meio a um discurso constante de crise financeira propagado pela administração municipal.

Se confirmadas, as fraudes não estariam ocorrendo em um cenário de escassez, mas sim em um verdadeiro manancial de recursos. Isso agrava ainda mais o quadro, pois revela que o problema pode não ser falta de dinheiro, mas falhas graves de gestão, fiscalização e zelo com o dinheiro público.

É legítimo esperar explicações detalhadas sobre os contratos firmados, os critérios de pagamento e a execução dos serviços. Mas isso, por si só, não basta. O que a sociedade exige – e com razão – é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte, que deveria retornar em forma de ruas iluminadas, mais segurança e melhor qualidade de vida.

Nesse contexto, o trabalho do Gecoc merece reconhecimento. Mais uma vez, o MPMS cumpre seu papel institucional de investigar, cobrar respostas e iluminar áreas em que a administração pública falhou.

Combater a corrupção não é apenas punir culpados, mas também criar condições para que os serviços públicos funcionem melhor e com mais eficiência.

Iluminação pública não é luxo. É segurança, mobilidade e dignidade urbana. Se há dinheiro sobrando e luz faltando, algo está profundamente errado – e precisa ser corrigido com urgência, transparência e responsabilidade.

ARTIGOS

Redes sociais: o "estacionamento" da reputação corporativa

Qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial

19/12/2025 07h45

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No ambiente corporativo contemporâneo, a fronteira entre opinião pessoal e responsabilidade profissional se tornou quase invisível. Com a hiperconectividade, qualquer manifestação nas redes sociais tem potencial para alcançar ampla visibilidade. Um único comentário ofensivo de um funcionário é capaz de comprometer a confiança interna, afetar a reputação da marca e desencadear litígios.

Quando as manifestações de funcionários ultrapassam o limite da crítica construtiva e se convertem em acusações ou declarações com potencial de impactar negativamente a imagem e a credibilidade da organização, abre-se espaço a um debate essencial: qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial?

A repercussão, em casos como esse, costuma ser imediata. Colegas, clientes, fornecedores e demais parceiros têm acesso ao conteúdo, potencializando seus efeitos e ampliando o risco reputacional.

Qualquer que seja o caminho de resposta, a análise jurídica deve ser cuidadosa. A Consolidação das Leis do Trabalho (art. 482, alíneas j e k) prevê a possibilidade de dispensa por justa causa quando o empregado pratica ato lesivo à honra ou à boa fama de qualquer pessoa “no serviço”, especialmente quando dirigido ao empregador ou superiores hierárquicos.

A jurisprudência tem entendido que publicações em redes sociais podem produzir efeitos equivalentes aos de condutas praticadas no ambiente físico de trabalho, legitimando a aplicação da penalidade.

A Constituição Federal (art. 5º, incisos IV, V e X) assegura a liberdade de expressão, mas estabelece limites claros quando essa manifestação viola direitos relacionados à honra, à imagem e à dignidade. Já o Marco Civil da Internet reforça mecanismos de responsabilização de plataformas mediante notificação, permitindo respostas mais ágeis a conteúdos ilícitos.

Com a evolução da sociedade, a linha que separa opinião de ofensa se tornou cada vez mais tênue. A liberdade de expressão é garantida, mas não é absoluta: quando a crítica se transforma em injúria ou difamação, há quebra de confiança, podendo configurar justa causa, inclusive quando a conduta ocorre fora do expediente.

O desafio, agora, reside na interpretação. A definição do que constitui “crítica legítima” ou “falta grave” ainda é variável entre diferentes julgadores, o que aumenta o risco de reversão de penalidades, pedidos de indenização e danos à reputação corporativa.

Em um ambiente empresarial cada vez mais exposto ao escrutínio público, sobretudo nas redes sociais, torna-se imprescindível que as organizações adotem políticas claras, protocolos seguros de apuração e documentação robusta para fundamentar suas decisões e que as decisões e a gestão de tópicos sensíveis considerem estratégia, cautela e respaldo técnico.

Condutas inadequadas de colaboradores podem gerar impactos relevantes, mas a resposta empresarial deve estar alinhada à legislação e às melhores práticas de governança.

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