Artigos e Opinião

Editorial

A transparência que regula o mercado

A oferta e a demanda continuam sendo os motores da precificação, mas precisam atuar dentro de parâmetros minimamente justos e transparentes

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Em uma democracia, a imprensa, os órgãos de fiscalização e o mercado livre formam um ecossistema de autorregulação que pode – e deve – funcionar de maneira saudável e equilibrada. Cada um tem o seu papel. A imprensa denuncia e traz à tona informações de interesse público e os órgãos de controle fiscalizam e aplicam a lei, enquanto o mercado, impulsionado pela concorrência e pela pressão social, ajusta-se para melhor atender o consumidor.

Um exemplo prático desse ciclo virtuoso ocorreu na semana passada, quando o Correio do Estado publicou uma reportagem detalhada, baseada em dados de faturamento e impacto econômico, mostrando que, apesar da redução no preço dos combustíveis anunciada pela Petrobras, os postos e as distribuidoras não a haviam repassado integralmente ao consumidor final.

De fato, o repasse da queda nos preços só começou a ocorrer – curiosamente ou coincidentemente – depois da publicação da reportagem. Até então, o consumidor permanecia pagando um valor que não refletia a nova realidade dos custos de aquisição dos combustíveis. Uma situação que, à primeira vista, representava uma distorção de mercado, com claro prejuízo ao cidadão.

Além de informar, o Correio do Estado também cumpriu outro papel fundamental, ao cobrar publicamente uma ação efetiva dos órgãos de fiscalização, como o Procon, para que se verificasse o que, de fato, estava acontecendo. Afinal, em um mercado considerado livre, a liberdade de preços não significa liberdade para abusos.

É justamente esse tipo de pressão, vinda da sociedade e estimulada pela imprensa, que provoca ajustes no mercado. A oferta e a demanda continuam sendo os motores da precificação, mas precisam atuar dentro de parâmetros minimamente justos e transparentes. A omissão de informações, a formação de preços descolada da realidade de custos e a falta de fiscalização são inimigas da concorrência saudável.

Acreditamos que o dever da imprensa em uma democracia, entre tantos outros, é esse: mostrar informações relevantes para a sociedade, para que ela saiba o que está acontecendo diante de seus olhos e que, muitas vezes, ela não se dá conta. O cidadão precisa estar bem informado para exercer seu direito de escolha e de cobrança. Um consumidor bem informado é um consumidor mais consciente, e um mercado que sabe que está sendo observado tende a ser mais equilibrado.

Que fique como lição: em uma democracia, transparência e fiscalização não são favores, são deveres de todos – e a imprensa tem o compromisso de garantir que eles sejam cumpridos. Não se trata de criar confrontos desnecessários, mas de reforçar o senso de responsabilidade de todos os agentes envolvidos. Afinal, quando a informação circula com clareza, a sociedade toda sai ganhando.

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EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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