Artigos e Opinião

OPINIÃO

Altemir Dalpiaz: "A tua piscina está cheia de ratos"

Professor ([email protected])

Redação

10/04/2015 - 00h00
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E o homem soltou ratos no  plenário da CPI da Petrobras. O seu gesto misturou-se ao som da música de Cazuza, quando cantou “transformam o país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro, a tua piscina está cheia de ratos...”. 

Cazuza não anteviu nada, apenas cantava o que se passava no Brasil há muito tempo e que certamente, como sempre se mostrou, continua acontecendo e por algum tempo estará entre nós. A corrupção não morre de um dia para o outro. Seus tentáculos se ancoram na ambição doentia juntamente com o egoísmo extremo.

Roubar a coisa pública e acumular muito além do necessário mostra uma vergonhosa corrida para ver quem pode mais. Vergonhosa talvez não seja o termo, pois talvez eles nunca soubessem o que é esse sentimento. E o interessante é que esses roubos se sucedem mais e mais. Seus troféus são produtos do trabalho, suor e às vezes sangue... dos outros.

Também não sei se ratos merecem essa comparação de quem consome tudo para si. Ratos, pelo menos, têm vida curta. Quantos “expoentes” da vida pública se perpetuaram no poder, roubaram, mataram e continuam por gerações matando outros, pelas beiradas. Será que a beleza dos castelos esconde a podridão entre suas paredes? Será que não assistiremos medidas mais duras contra o roubo institucionalizado?

Não podemos perder as esperanças, pelo contrário, às vezes penso que devemos “inventar” a transparência, para quem sabe, em meio a infestação, surja alguém em quem confiar. Imagino também que o tamanho de um ladrão se faça pelo tamanho de oportunidades que aparecem. Isso pode significar que muitos ainda não estejam roubando porque não foram oferecidas as possibilidades para isso.

Esse governo atolado em denúncias de corrupção não chegou lá, dessa vez, pela força das baionetas. Seus antecessores de 1990 prá cá, também não. Todos foram eleitos. O voto, juntamente com a oportunidade de poder se expressar, são as duas grandes armas que sustentam a democracia. O problema está nas circunstâncias que séculos de “má conduta” nos formataram. É difícil se separar da ajuda do Estado (poder federal) quando se enxerga nele e somente nele, a sua subsistência. Ocorre que, mesmo havendo vida fora dele, não há como deixar de reconhecer que ele, o Estado , domina nossas vidas. O preço do combustível, da energia elétrica, de medicamentos e outros produtos essenciais, estão atrelados também ao custo para manter esse Estado. Quanto mais ratos roendo os alicerces que nos sustentam, maior a probabilidade de cairmos, todos juntos. 

Estamos vivendo um processo muito próximo da falência de nossa capacidade de nos indignarmos. Quando nos separamos (povo, eleitores...) em contra ou a favor, direita ou esquerda, e mais recentemente, pobre ou rico e em outras divisões, marchamos ao enfraquecimento, bem ao gosto de quem manipula a situação. E quem manipula a situação?. Os poucos donos de vozes que alardeiam – ou escondem, o que lhes interessa: as mídias de massa, como televisão, grandes jornais e revistas, impressas ou virtuais.  Mas temos as redes sociais, onde podemos manifestar nossas insatisfações! Mas, quem lê um texto com mais de cinco linhas? Além de você que chegou até aqui, muitos não passaram do título. Outros que manipulam a situação? Os bancos, que controlam os juros e empréstimos, inclusive aqueles tomados pelo Estado. Quem mais nos manipula? A escola, usada como sempre, para servir aos interesses de domínio. Bem, aí é outro assunto.

Prá finalizar, os ratos estão por aí, ocupando espaços e precisando se alimentar. Continuaremos então nossos serviços, nossos estudos e nossas briguinhas entre nós, uns contra os outros, as vítimas dos ratões, pois eles precisam desviar nossas atenções. Mesmo assim, dá prá ver que a piscina maior também está cheia de ratos.

EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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