Artigos e Opinião

OPINIÃO

Ana Paula Pavanello do Amaral:
"Greve dos caminhoneiros e a economia"

Advogada

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Com os eventos que se sucederam nos últimos dias, a greve dos caminhoneiros, suas reivindicações para o governo e a concessão por parte do mesmo, é impossível não tentar entender os motivos que nos levaram a uma situação caótica em poucos dias. É bastante claro que o movimento de se organizar e exigir do Estado que suas demandas sejam atendidas é direito de quem sustenta uma imensa máquina pública e quer o seu retorno.

O principal motivo levantado pelos grevistas se refere ao preço do diesel, considerado demasiadamente alto pelos mesmos, e suas constantes flutuações de preço. Em um ato desesperado por mudanças, dessa vez, o lado da demanda, ou seja, de quem consome o diesel diariamente, tomou medidas drásticas para comunicar sua insatisfação para o lado dos fornecedores. A Petrobras, maior empresa estatal do nosso País, é, por consequência, o grande alvo das reclamações, já que é a responsável pela política de preços dos combustíveis.

Mas, se analisarmos um pouco mais profundamente, como é de conhecimento geral no mundo da economia, preços nada mais são do que o reflexo das várias condições do mercado. Não quero entrar no detalhe de como o preço do combustível é formado no Brasil ou qual é a política de preços da Petrobras e quem está por trás da mesma. Gostaria que refletíssemos sobre o que significa esse movimento e por que ele está tão relacionado a esse tal de preço.

Um grande economista e filósofo austríaco, Friederich Hayek trouxe uma brilhante contribuição para o real problema que enfrentamos nas ciências sociais na atualidade. Por mais que pareça um paradoxo nessa sociedade constantemente bombardeada por informações, o real problema é o uso do conhecimento. Em um brilhante artigo chamado “The Use of Knowledge in Society”, Hayek demonstra como é impossível que um único ponto central, seja uma pessoa, uma instituição ou mesmo uma máquina, reúnam todo o conhecimento do mundo. Buscando uma solução para esse dilema, o economista encontra em um velho conhecido da sociedade a resposta para agir da melhor forma, sem a necessidade de se saber tudo: o sistema de preços.

Para ele, os preços refletem um somatório de eventos e tem o grande mérito de passar informação, de dirigir a ação das pessoas de forma que elas não precisem saber tudo o que aconteceu para impactar o preço, mas que seus reflexos devem orientar a tomada de decisões. No nosso dia a dia, por exemplo, não precisamos saber exatamente todos os fatos que levaram o preço do tomate a subir, mas sabemos que, se ele está mais caro, precisamos economizar o seu uso e talvez procurar substitutos.

A meu ver, na greve dos caminhoneiros, faltou um questionamento: se não estamos satisfeitos com os preços, o que está por trás deles? Não vamos partir para a ingenuidade de que, de repente, todos vamos nos tornar economistas e entender os pormenores da dinâmica do mercado. Mas falta aprender e estudar mais sobre o que nos trouxe até essa situação, para poder criticar com conteúdo. Congelar preços significa tapar os olhos para todos os problemas que nos trouxeram até o dia de hoje. Está na hora de o brasileiro dar um passo para trás e entender o cenário como um todo. Insatisfação com preços é só um sintoma do desconforto e insatisfação com a forma como o País vem sendo dirigido como um todo.

Criticar com conteúdo é a única saída para melhorar todos os fatores que influenciam o preço não só do Diesel, mas da comida, do aluguel, do remédio etc. Como disse Hayek: utilizar o conhecimento prático das pessoas, que está espalhado por todos os cantos, é o caminho para a rápida adaptação com os recursos que temos em mãos. Não podemos mais esperar que todas as informações sejam reunidas em um só ponto, como o governo, o presidente ou qualquer outra figura, para agir e encontrar a nossa solução. Dessa forma, a greve dos caminhoneiros não é problema nem tampouco solução: é sintoma.

 

EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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