Artigos e Opinião

OPINIÃO

Angela Maria Costa:" A desastrosa educação brasileira!"

Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Redação

14/11/2014 - 00h00
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A Constituição Federal determina em seu Art. 205 que - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, com garantia de padrão de qualidade (inciso IV). 

Acontece que o último resultado do PISA – Avaliação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado em abril de 2014, coloca o Brasil em 53ª lugar em uma relação de 65 países avaliados. Esse resultado afetará a qualidade do trabalhador brasileiro que comporá a força de trabalho até meados do século! O PISA reúne as 30 nações mais desenvolvidas do mundo e países parceiros como o Brasil, que voluntariamente, entrou nessa avaliação a partir de 2000. É aplicado de 3 em 3 anos em alunos de 15 anos (idade que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países), avaliando as 3 áreas de conhecimento: leitura, ciências e matemática. Uma das razões apontadas para tão fraco desempenho é a defasagem de idade dos alunos e séries atrasadas. O objetivo é subsidiar políticas de melhoria do ensino básico, procurando responder à seguinte questão: até que ponto as escolas estão preparando seus jovens para exercer o papel de cidadãos na sociedade contemporânea?

Os resultados do PISA demonstraram que o desempenho no Brasil piorou em leitura e “empacou” em ciências. Em leitura estamos 86 pontos abaixo da média dos países da OCDE (55º lugar)! Abaixo do Chile, Uruguai, Romênia e Tailândia. Metade dos alunos brasileiros não alcançam o nível 2, que tem o nível 6 como teto. Nossos alunos não são capazes de deduzir informações do texto, e não conseguem entender (compreender) nuances da linguagem. Em Ciências (59º lugar) 55,3% alcançaram o nível 1 de conhecimento!!! Isto é, são capazes de aplicar o que sabem apenas a poucas situações de seu cotidiano. Em Matemática (58º lugar) 2 em cada 3 alunos não conseguem interpretar situações  que exigem apenas deduções diretas de entender percentuais, frações ou gráficos!

Em 2012, o PISA mediu pela 1ª vez o conhecimento de alunos de todo o mundo na resolução de problemas matemáticos aplicados ao cotidiano (raciocínio). O Brasil ficou em 38º lugar em uma relação de 44 países! Só está à frente da Malásia, Emirados Árabes Unidos, Montenegro, Uruguai, Bulgária e Colômbia. Menos de 2% dos nossos estudantes atingiram o desempenho máximo na solução de problemas. O topo da lista, obviamente, é liderado por nações asiáticas, que levam a educação como prioridade há décadas – China (Xangai, Hong Kong, Cingapura); Japão, Coreia do Sul. 

Esses números revelam que nossa educação básica é um DESASTRE. Como fazer então? Como reduzir essas desigualdades que comprometem o futuro? Como promover um crescimento sustentável com tal quadro educacional? O problema é estrutural e vem desde a Proclamação da República. 

O governo federal é quem mais arrecada recursos e quem menos contribui na área da educação.

Para avançar na qualidade da educação é preciso que haja complementação de recursos do governo federal aos estados e municípios, garantindo o direito à educação com um padrão mínimo de qualidade. Junto a isso, é necessária uma legislação que determine a forma como os estado e municípios deverão gastar os recursos; uma sociedade que acompanhe e fiscalize as ações; escolas com estrutura adequada (templos do saber) e garantia de uma política de valorização dos profissionais de educação. Com isso, semelhante aos países avançados, se o aluno não aprender, o problema deixa de ser dele, e passa a ser do professor que não sabe ensinar e da escola que não dá condições de estudo. Simples assim!

 

EDITORIAL

Santa Casa refém da própria má gestão

A Santa Casa precisa de mais do que socorros emergenciais: precisa de coragem para mudar, responsabilidade na gestão e respeito por quem sustenta sua missão

23/12/2025 07h15

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A situação vivida pela Santa Casa de Campo Grande ao fim de mais um ano é, infelizmente, a repetição de um roteiro conhecido – e previsível.

Há, pelo menos, uma década, o maior hospital filantrópico do Estado é vítima não apenas de um sistema público de saúde subfinanciado, mas, sobretudo, de escolhas administrativas equivocadas, da falta de planejamento e de uma gestão que parece incapaz de romper com seus erros históricos.

Neste fim de ano, o cenário chega a um ponto simbólico e constrangedor: a instituição depende, literalmente, de um milagre para pagar o 13º salário de seus funcionários.

Profissionais que sustentam o atendimento diário de milhares de pacientes, que enfrentam plantões exaustivos, superlotação, escassez de insumos e pressão constante, agora convivem com a angústia de não saber se receberão um direito básico. Isso não honra o nome “Santa Casa”.

Não há justiça social, não há moralidade administrativa e tampouco humanidade em deixar esses trabalhadores à mercê da incerteza.

É evidente que o problema não se resume à gestão interna. O subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) é uma realidade nacional, e a Santa Casa, como tantas outras instituições filantrópicas, sofre com valores defasados, repasses insuficientes e atrasos frequentes.

O poder público tem, sim, parcela relevante de responsabilidade nesse quadro. Ignorar isso seria desonesto. No entanto, usar essa realidade como justificativa permanente para a ineficiência interna é igualmente inaceitável.

O que salta aos olhos é a aparente falta de disposição da administração do hospital em buscar eficiência, especialmente no campo financeiro.

Os números mostram que apenas o serviço da dívida – os juros e encargos pagos anualmente aos bancos – seria suficiente para quitar não apenas o 13º salário e evitar o acúmulo de outras obrigações em atraso, mas também de quitar quase toda a folha anual. Isso revela um modelo de gestão que prioriza a manutenção de passivos bancários em detrimento do compromisso com seus trabalhadores.

Mais uma vez, a saída apontada parece ser recorrer a novos empréstimos ou aguardar aportes emergenciais do poder público. Trata-se de um ciclo perverso. Endividar-se para cobrir despesas correntes, como folha de pagamento, não é uma estratégia de sustentabilidade; é um atalho para o colapso.

Empréstimos deveriam servir para investimentos, modernização, ganho de eficiência e redução de custos futuros – não para tapar buracos mensais de um caixa cronicamente desequilibrado.

O resultado é uma dívida cada vez menos saudável, maior dependência externa e nenhuma solução estrutural. Enquanto isso, a transparência sobre gastos, contratos e decisões estratégicas segue insuficiente, o que apenas aprofunda a desconfiança da sociedade e dos funcionários.

É lamentável que um hospital com tamanha importância social, histórica e simbólica chegue a esse ponto ano após ano. A Santa Casa precisa de mais do que socorros emergenciais: precisa de coragem para mudar, de responsabilidade na gestão e de respeito por quem sustenta a sua missão.

Sem isso, continuará sobrevivendo de milagres – e milagres, como se sabe, não fazem planejamento financeiro.

ARTIGOS

Terrorismo e religiosidade

Fundamentalismo dos terroristas de todos os matizes é antissemita, anticristão e anti-hislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio

22/12/2025 07h45

Arquivo

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A propósito do recente e trágico ataque ocorrido na Austrália, que vitimou diversas pessoas – algumas delas fatalmente – durante a pacífica celebração do Hanukkah, a festa das luzes da comunidade judaica, impõem-se algumas reflexões sobre os motivos e as consequências de tal ato.

À falta de definição mais apropriada, e sem entenderem bem o que teria motivado os ataques, aparentemente praticados por pessoas isoladas, os analistas chamaram a atenção para a facilidade com que se adquirem armamentos hoje em dia, fenômeno que ocorre também em nosso País.

É simbólico que a festa das luzes seja muito próxima dos festejos de Natal. Também no Tempo do Advento as luzes da coroa vão sendo acesas em crescente até que a Luz do Mundo venha a nascer na noite tão esperada pelos cristãos.

Jesus Cristo não selecionava ninguém. Qualquer pessoa seria bem acolhida por Ele, bastando que professasse o único mandamento propriamente cristão: ama o próximo como a ti mesmo. Aliás, o Cristo ia além e dizia: amai vossos inimigos, o que revela, igualmente, o modelo mais aberto de compreensão da pessoa do próximo.

Na verdade, o fundamentalismo dos terroristas – de todos os matizes – é antissemita, anticristão e anti-hislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio, a cultura de morte a que já se referia São João Paulo II.

Trata-se, portanto, do mesmo tipo de fundamentalismo que outros grupos de terroristas praticam para excluir as minorias de todo o tipo, mesmo as que não professem nenhuma crença.

É simbólico que tenha sido Ahmed, o sírio, a desarmar um dos terroristas, o que lhe custou dois ferimentos.

Esses terroristas disparam, inclusive pelos meios de comunicação virtual, contra todos aqueles que não pensam como eles. Eis quem são, em certo sentido, os verdadeiros fundamentalistas do ódio. Por que teriam escolhido a reunião do Hanukkah, tão plena de simbolismos?

Não nos prendamos a esse vetor. Basta atentar para os recentes ataques a uma mesquita e a uma feira natalina para que se ponha foco na essência do que está em jogo.

A enorme confusão ideológica e doutrinal do terrorismo revela, antes de tudo, mentes perturbadas, incapazes de discernir entre o bem e o mal. Ou, se quisermos embaralhar ainda mais as cartas, incapazes de discernir a esquerda da direita.

A confusão ideológica, aliás, não é apenas um sintoma de desordem mental, mas a estratégia consciente de aniquilar a pluralidade inerente à condição humana.

O extremismo, ao se apropriar de símbolos sagrados e transformá-los em bandeiras de exclusão, trai a própria essência de qualquer fé que pregue a transcendência e o amor ao Criador, pois desumaniza a criatura feita à sua imagem.

Desta forma, o verdadeiro combate ao terrorismo não se limita à repressão policial ou militar, mas passa necessariamente pela defesa intransigente da educação e do diálogo inter-religioso.

É a luz da razão e da tolerância que deve ser acesa para dissipar a escuridão do fanatismo, provando que a diferença de crença jamais pode ser motivo para a guerra, mas sim o motor para um enriquecimento mútuo da civilização.

Urge que os homens de boa vontade se ergam, em uníssono, em favor de uma cultura de paz e de liberdade religiosa, e que todas as luzes se acendam em alerta contra toda e qualquer manifestação terrorista.

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