Artigos e Opinião

ARTIGO

Antônio Carlos Siufi Hindo: "Respeito aos mortos, primado da civilização"

Promotor de Justiça aposentado

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Não existe gratidão maior do que a reverência que prestamos aos nossos mortos. O dia 2 de novembro está reservado em nosso calendário civil para o exercício pleno dessa homenagem. O mundo inteiro reverencia seus mortos. Os egípcios construíram suas pirâmides gigantescas para guardarem os restos mortais de seus faraós. Quéops, Quéfren e Miquerinos foram os seus maiores. A Europa de Lisboa a Moscou sepulta os seus mortos em cemitérios que são verdadeiros cartões-postais. Roteiro obrigatório para os turistas. Uma bonita herança cultural. 

Trata-se de um compromisso firmado com a consciência dos seus governantes e com a chancela dos seus cidadãos. Evidência singular do respeito. Semana passada, os franceses sepultaram Jacques Chirac. Seus restos mortais descansam em um cemitério que é uma verdadeira obra de arte. Em todos os cantos da Europa temos esse exemplo. As cafeterias, as floriculturas, os restaurantes, as apresentações literárias e artísticas são as suas grandes atrações. As crianças têm no seu calendário escolar anual as visitas regulares nesses campos santos. O objetivo principal é conhecer a história dos construtores da Pátria. Forma elegante e preciosa de cultivar a cidadania. Com esses gestos, simples se molda o caráter e define a personalidade dos cidadãos. 

A reverência aos mortos é secular. São os verdadeiros construtores dos nossos rincões. Não almejamos nada desse luxo e desse requinte. Seria uma utopia acreditar nessa possibilidade. Pretendemos apenas um espaço limpo e digno para reverenciarmos nossos mortos. Os nossos cemitérios públicos, com raríssimas exceções, retratam um quadro de absoluto horror. Trata-se da mais pura verdade. O tema é delicado, angustiante e desafiador. Não podemos dele fugir. A nossa omissão, afrontará a nossa consciência e deixará vulnerável o nosso propósito altruísta. Os cemitérios administrados pela iniciativa marcham em outra direção. Oferecem mais dignidade e respeito aos mortos. Não era para ser assim. As classes sociais aliada à força econômica das pessoas falecidas não podem diferenciá-los. Nem mesmo os sarcófagos que são construídos podem ter esse condão. Todos são absolutamente iguais. 

Não levam nada da vida terrena. Essa é a grande reflexão que oferecemos aos gestores públicos. A força desse propósito precisa alcançar a nossa população. Ela tem o seu grau de responsabilidade. A nossa opinião tem o caráter construtivo. As evidências dos descasos nos campos santos, esparramados em todos os quadrantes do nosso Estado evidencia esse desastre. Estão à vista de todos. Todos os dias. Sepulcros violados, bens saqueados, restos mortais ultrajados, ossadas expostas, sanitários fétidos, imundos e nojentos. O matagal fecha esse triste espetáculo. Esse quadro aviltante não tem o seu epílogo nesse retrato amargo. Outras cenas estarrecedoras mostram o descaso com os nossos campos santos públicos. Seus umbrais são violados pelas ações insanas de drogados, prostitutas e cafajestes. De todas as espécies. Não temem a Deus. Agem dessas forma criminosa por absoluta falta de segurança nesses prédios públicos. As nossas famílias precisam ser as grandes aliadas do Poder Público nessa grande batalha. Trata-se de uma batalha gigantesca e meritória. Vale apenas a união de esforços. O objetivo é sagrado. Levar a dignidade para aqueles que não tem mais como reagir, gritar, suplicar. O poder público pode muito. Mas não pode tudo. 

As famílias precisam entender esse indicativo como uma grande verdade dogmática. Os motivos são sobejamente fortes para serem abraçados. Em cada sepulcro esta os restos mortais daqueles que nos legaram exemplos preciosos. São perenes. Não morrem nunca. Não brotaram apenas dos nossos letrados, dos nossos heróis, dos nossos homens públicos. Brotaram também da inteligência do homem comum do povo. Nossa herança nessa área resultou tormentosa, traumática e indigna. Tiradentes, o líder máximo da nacionalidade brasileira, não teve direito à sepultura. Seu corpo foi esquartejado, salgado e dependurados nos postes de luz da antiga Vila Rica. Sua família declarada infame até a quarta geração. 

Algo abominável, estarrecedor. Esse triste exemplo, precisa ser uma página virada da nossa história. Temos que olhar para frente. A morada dos nossos mortos precisa ter outra direção. A direção do bom senso, do respeito e da segurança. Realizando esses propósitos salutares os nossos gestores públicos marcarão um tento nobre e elevado. Legitimarão o exercício e a força da sua autoridade, conquistarão a chancela das famílias. Evidenciarão o lado sensível e humano para o enfrentamento do tormentoso tema. Todos sairão ganhando. As cidades, sobretudo, pelo exemplo de civilidade. As famílias, em especial. Os gestores públicos como os grandes generais a comandarem a grande batalha.

EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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