Artigos e Opinião

ARTIGO

Arthur Chioro: "Reestruturar formação médica é primordial para o SUS"

Ministro da Saúde

Redação

19/06/2015 - 00h00
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 A expansão e a melhoria do atendimento médico no país é um projeto que abrange inúmeros desafios. Para se mostrar profunda e duradoura, a mudança deve ser realizada nas bases da formação médica, garantindo o aumento e a melhor distribuição da força de trabalho nas cidades e regiões brasileiras. O Ministério da Saúde, junto com a pasta da Educação, vem reunindo esforços para aprimorar as políticas destinadas à garantia do atendimento médico no Sistema Único de Saúde. 

Uma das medidas mais essenciais é a mudança de paradigma no ensino médico. Ainda predomina no Brasil a formação “hospitalocêntrica”, o que gera a falsa percepção de que a maior parte das necessidades de saúde é resolvida na alta complexidade. Por outro lado, o SUS tem como porta de entrada a Atenção Básica, onde cerca de 80% dos problemas de saúde da população podem ser resolvidos sem necessidade de encaminhamento para hospitais e clínicas especializadas. Dessa forma, é primordial direcionar a formação do médico para a Atenção Básica.

O governo federal deu início a esse processo por meio do Mais Médicos, em que uma das frentes é a implementação de mudanças no curso de Medicina. Em 2014, o Conselho Nacional de Educação aprovou novas diretrizes curriculares para promover avanços no sentido de formar médicos com qualidade e perfil mais adequado às necessidades da população. Um deles é a exigência de que 30% do internato da graduação – quando o estudante intensifica seu conhecimento prático – deve ser realizado em unidades básicas de saúde e serviços de emergência do SUS. Além disso, está prevista avaliação progressiva, aplicada a cada dois anos, que permitirá acompanhar o nível dos alunos e a qualidade das faculdades. 

Também precisamos olhar mais para a residência médica, estimular nossos médicos a se interessarem pelas especialidades mais importantes para a saúde pública. O médico de família não é visto como um especialista “prestigioso” e isso precisa mudar se o nosso objetivo é construir uma Atenção Básica resolutiva e humanizada e um SUS mais efetivo. Nosso foco agora é operacionalizar a determinação legal de que, até 2019, para cursar residência na maioria das especialidades será necessário fazer de um a dois anos de residência em Medicina Geral de Família e Comunidade, com atuação na Atenção Básica. As discussões precisam evoluir para efetivamente termos um médico que, independente da especialidade, tenha sólidas bases nesse importante pilar dos sistemas universais de saúde.

As mudanças qualitativas na formação vêm sendo acompanhadas por uma expansão contínua, mas criteriosa, do ensino médico e exigem também a formação de docentes e preceptores. Já é ponto pacífico que faltam médicos no Brasil e, diante disso, precisamos garantir a formação de mais profissionais, sempre com qualidade e foco em vazios assistenciais. A nova lógica que está em curso já autorizou a abertura de 39 cursos de Medicina em cidades sem faculdades – dois na Baixada Santista, Cubatão e Guarujá. Outros 22 estão em vias de autorização.

Sabemos que o caminho é longo e que os resultados virão com o tempo, atravessando mandatos e gestões. No curto prazo, estamos garantindo, com o Mais Médicos, assistência para 63 milhões brasileiros por meio da atuação de 18,2 mil médicos. Mas apenas no longo prazo teremos uma verdadeira transformação no atendimento médico. São projetos como este, no entanto, que trazem os mais importantes frutos: políticas de Estado que buscam soluções definitivas para os problemas que a nossa sociedade enfrenta.

EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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