O título é uma frase do grande escritor francês Honoré de Balzac. Sempre tive a impressão de que essa máxima de Balzac poderia conter algum pequeno equívoco em seu bojo, inobstante, concordar com sua essência. Afinal, como pode alguém que nasceu em 1799 e viveu em outra época, delimitar pelo seu tempo e pressagiar com precisão uma tese para um distante futuro, considerando que até ele mesmo concordava que muitas obras suas não tiveram lá muito brilhantismo?
Como diria um amigo: “pior”. Balzac estava certíssimo. Sem receio de que possa ferir algum rico afortunado por aí, endosso a teoria balzaquiana, rogando ao ilustre escritor “in memorian”, que me conceda a permissão para acrescentar à frase o complemento “... com maior ou menor intensidade de prática”. Pode ser qualquer um dos crimes caracterizados no código penal ou dispostos nos códigos civil, tributário, eleitoral, etc.
Sempre há um crime nas riquezas. Os tempos atuais são férteis de criminosos detentores de fortunas mais ou menos magníficas. A ganância, a frenética busca pelo poder, a conquista da fama sob qualquer pretexto, a falta de caráter e escrúpulos, sempre foram combustíveis que moveram o ser humano na caça ao dinheiro.
Nada contra o vil metal. Não se vive nem se pode prescindir da moeda nesse mundo. Nem o filho de Deus foi contra o dinheiro, em que pese, Ele afirmar que seria mais fácil um camelo atravessar o fundo de uma agulha do que um rico entrar nos reinos dos céus. O que ocorre no mundo de hoje é que o valor que tem o “ter” superou anos luz o valor do “ser”. Mais triste ainda é que o “ter” tem que ser a qualquer custo, sem o homem medir conseqüências para isso.
O que então pode explicar os recentes acontecimentos que nos chegam através da mídia, onde muitas pessoas, políticos, artistas, atletas, empresários, religiosos, funcionários públicos, pecuaristas, etc. se deixam levar pela cobiça desenfreada e praticam os mais diversos tipos de crimes possíveis. Atualmente o mais popular deles é a corrupção.
É óbvio que estão atrás da fortuna. Uns cometem o crime para consegui-la. Outros, os atletas, artistas, por exemplo, geralmente, depois de a tê-la. Senadores, deputados, vereadores, padres, jogadores, empreiteiros, servidores públicos, etc., enfim, qualquer um de nós bem informado, sabe citar um nome para um desses em nosso país.
Alguém então poderia dizer, em contraponto, que existem pessoas nesse mundo imenso com fortunas que não contém em sua substância nenhum tipo de crime. Obviamente. Toda regra contém exceção. Todavia, parafraseando o divino mestre Jesus Cristo e Honoré de Balsac, com todo o respeito, eu diria que “é mais fácil passar um dinossauro pelo fundo de uma agulha do que existir fortunas que não tenham por detrás de sua consecução um crime por menor ou maior que seja. Eu não conheço ninguém.
Se o dinheiro é poder, só o poder não é dinheiro. Mas como disse também o insigne inspirador desse humilde artigo, “o dinheiro só é poder quando existente em quantidades desproporcionadas”, quem sabe então, possamos fragilmente teorizar que isso explica o porquê de tantos políticos ladrões em nosso país e o porquê de tanta gente famosa, que tem dinheiro e fama, querer se transformar em políticos.
Hipoteticamente, o político tem o poder, mas às vezes não tem o dinheiro. Dê-lhe corrupção. O famoso, não político, às vezes, tem o dinheiro, mas nem tanto que lhe conceda o poder. Aí então, o grande negócio é entrar para a política. Fama e política é o caminho da fortuna. Com um povo que, infelizmente, ainda não possui a cultura suficiente para escolher bem seus representantes políticos, nem definir o que é uma boa música, valorizar o teatro e leitura e vive endeusando jogador de futebol, o campo está propício para grandes fortunas e crimes e mais crimes.
O que me motivou a escrever este artigo foi o sentimento de indignação que assola a todas as pessoas de bem desse país com as barbáries que fazem com o dinheiro público e também a lembrança de que há pouco tempo, um político “famoso” de M.S, hoje acusado de receber propinas na “lava jato”, teria gasto em torno de 1 milhão de reais na festa de 15 anos de uma de suas filhas, conforme escreveu um colunista social. Hoje sabemos de onde veio o dinheiro.


