A escolha de um nome para concorrer à Presidência da República não é e nunca foi uma tarefa fácil. Os líderes que estão envolvidos com o processo sucessório muitas vezes apresentam candidatos despreparados, pois não são livres para fazer as melhores escolhas. Um bom exemplo foi a indicação enganosa do nome da então ministra Dilma Rousseff. O verdadeiro candidato era provavelmente o ex-ministro José Dirceu, cujo nome foi destruído pela Ação Penal 470 (STF).
Passaram-se anos e grande parte da nação não respira, ainda, aliviada antes de se ver livre das preocupações que a estão atormentando pelo menos desde a última eleição presidencial. Nada tinha chegado a atrair tanta atenção e a provocar tantos debates no parlamento e na imprensa quanto a necessidade do afastamento definitivo da presidente da República reeleita pelo voto popular.
O que destruiu a “presidenta” que parecia irremovível do Palácio do Planalto? Não existe uma resposta simplificada, pois a questão é muito complexa. Em primeiro lugar, ela mentiu deliberadamente durante o processo eleitoral enganando as pessoas incautas sobre a real situação de nossa economia. Além disso, nunca conseguiu reconhecer publicamente que as informações divulgadas pelo seu governo eram falsas. Contudo, os indícios de manipulação eram evidentes.
O mais promissor ponto de partida para se investigar os motivos que levaram à sua derrocada é a própria operação Lava-Jato. Segredos inconfessáveis vieram à tona. O comprometimento do governo ficou evidente. Muitos políticos não estavam e não estão mais dispostos a compartilhar de qualquer opinião favorável sobre as ações da “presidenta”. A reputação duvidosa que o seu partido conquistara abalou a sua posição de forma irreparável.
Naquele contexto inicial, o empenho desesperado do ex-presidente Lula para tentar salvar sua própria pele também não obteve êxito. A tentativa de sua nomeação para ministro chefe da Casa Civil resultou igualmente em outro desastre. A questão, então, era a seguinte: quem poderia salvar o governo? A resposta estava na própria Constituição Federal: o Vice-Presidente da República também eleito na mesma chapa pelo voto popular.
Entendo que o senhor Michel Temer não foi e não é, de modo algum, um conspirador. Na verdade, parcela ponderada da população foi perdendo a paciência e acima de tudo a confiança e resolveu colocar um ponto final em um governo que tinha pés de barro. A ideia de golpe é assim fraca demais para ser convincente. A presidenta está caindo porque mereceu e continua merecendo.


