O Brasil, mesmo com uma enormidade de belezas naturais, aparece apenas como o 59º destino turístico mais atrativo do mundo em pesquisa inédita divulgada pelo Fórum Econômico Mundial. Diante disso, cabem reflexões, oportunas, sobre como anda a turistificação do Brasil.
Para corroborar, citamos o artigo Turistificando o Brasil, publicado na Revista VEJA, em 19 de janeiro de 2000, que faz parte de uma coletânea de artigos jornalísticos da obra Ponto de Vista, de Stephen Kanitz (Editora Senac, São Paulo, 2000), em que o autor, consultor de empresas e conferencista brasileiro, aborda questões relacionadas ao modo como o setor turístico no Brasil se apresenta e evidencia a falta de preparo em face da realidade pela qual esse setor é tratado por aqui.
Apesar de cada cidade ter sua história e seus atrativos turísticos, muitas vezes, sua singularidade é desprezada, por não terem algo como um Corcovado, uma torre Eifell ou uma linda cachoeira como o Véu da Noiva. Apresenta a política americana como base, a fim de tecer comentários sobre como nos esquecemos de criar museus, de colocar placas de sinalização em espanhol e inglês, de criar panfletos turísticos de qualidade internacional e, inclusive, de divulgar pelas redes sociais os atrativos turísticos que temos.
É preciso perceber que “turistificar” uma cidade não é complicado, mas para isso, provavelmente, seja necessário o engajamento de pessoas especializadas, livres das pressões políticas da cidade e que tenham como foco os desejos de um turista. Assim, concentrar-se no turismo receptivo surge como uma estratégia, pois toda nação bem-sucedida do mundo volta-se para essa modalidade de turismo. Há fortes evidências de existir uma concentração no turismo expulsivo, quando nosso dinheiro é levado para a Disney, deixando muitos empresários insatisfeitos diante desse quadro.
Claro fica que muitas cidades brasileiras, ainda, não se “turistificaram”. Isso porque não atrai o turista fora da temporada e não é atrativo para o grande empreendedor. Essas cidades, muitas vezes, sequer possuem um site - que funcione - para mostrar ao promitente visitante ou empreendedor seus potenciais.
Após mais de uma década do surgimento do neologismo turistificando, criado por Kanitz, importa, ainda, lançar luzes sobre essa problemática, principalmente, em nível local. Turistificar o Mato Grosso do Sul envolve um avanço em busca de alternativas, como fazer um marketing estratégico e bem direcionado, detectar a vocação de cada município com suas particularidades, bem como explorar a história e a cultura de cada localidade. Isso, somente, para exemplificar.
E, como o caminhar se faz caminhando, há muitos passos a serem dados...


