Artigos e Opinião

CORREIO DO ESTADO

Confira o editorial desta quarta-feira: "Dependentes do clima"

Confira o editorial desta quarta-feira: "Dependentes do clima"

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É muito importante que todos os envolvidos com o agronegócio atuem com medidas preventivas visando sanar os danos em caso de um período mais longo sem chuvas.

Há bastante tempo que os produtores rurais não se deparavam com tantas dificuldades climáticas como a deste ano de 2019. Depois de um inverno seco e repleto de queimadas, a falta de chuvas continua e já ameça desequilibrar várias cadeias produtivas do Estado de Mato Grosso do Sul. Não que chover menos nesta época do ano seja algo incomum. Todos sabem que o outono e inverno são estações com um volume de chuva bem menor.

O que há neste ano de 2019, porém, vai muito além de um longo período sem chuva. Está muito mais relacionado ao baixo volume das precipitações, e a escassez delas. Um desequilíbrio climático que os pecuaristas conseguem perceber claramente com o pasto seco, e com o gado magro, e que os agricultores já ficam em alerta, já se preparando para o atraso no plantio da soja, situação que poderá prejudicar também a safrinha de milho, no próximo ano.

Esperamos que a semana seja chuvosa, e que os danos à agricultura e à pecuária do Estado sejam mínimos. Mas o momento também é oportuno para dar a devida importância que a agricultura e a pecuária têm na história de Mato Grosso do Sul. Em que pese um avanço cada vez maior da indústria de transformação - ainda muito ligada ao agro - e de outros setores como os da borracha e da celulose em algumas regiões específicas, uma parte considerável de nossas riquezas vêm do campo.

Em um ano em que o cenário externo parece colaborar, com a China abrindo o mercado para a compra de carne de vários frigoríficos brasileiros (alguns deles em Mato Grosso do Sul), países do Oriente Médio ídem, e com o aumento na demanda de proteína brasileira na Ásia, por causa da peste suína, a falta de chuva vem para frear parte do otimismo dos produtores rurais do Estado.

É muito importante, neste momento, que todos os envolvidos com o agronegócio, nos setores público e privado, atuem com medidas preventivas visando sanar os danos em caso de um período mais longo sem chuvas. O clima está dando o seu recado. Os produtores rurais, que dependem do ciclo das chuvas para produzir, e que (pelo menos a maioria) entende o funcionamento do meio ambiente, aguardam ansiosamente por boas chuvas.

Para os próximos anos, fica a lição de equilíbrio ambiental, planejamento da safra conforme as perspectivas climáticas, e até mesmo planos de emergência, como por exemplo, técnicas de irrigação. Quanto mais pronto o agronegócio estiver para enfrentar as intempéries do clima, melhor será para nossa economia.

EDITORIAL

É preciso passar um pente-fino na Cosip

O que a sociedade exige e com razão é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte

20/12/2025 07h15

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A deflagração da Operação Apagar das Luzes, nesta sexta-feira, pelo Grupo Especializado de Combate à Corrupção (Gecoc) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), é mais um daqueles episódios que deixam claro que a iluminação pública de Campo Grande guarda muito mais sombras do que se imaginava.

E, ao que tudo indica, ainda há muito a ser revelado sobre contratos, cifras e responsabilidades envolvendo um serviço essencial para a cidade.

Campo Grande figura entre os municípios que mais arrecadam no Brasil com a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip). Trata-se de uma arrecadação robusta, bilionária ao longo dos anos, paga mensalmente pelo cidadão na conta de energia elétrica.

Ainda assim, a realidade vista nas ruas é contraditória: bairros inteiros convivem com postes apagados, avenidas mal iluminadas e áreas que se tornam vulneráveis à criminalidade justamente pela ausência de luz.

A investigação que apura fraudes estimadas em R$ 62 milhões lança uma pergunta inevitável: como é possível faltar iluminação em um município que arrecada tanto?

Reportagem publicada pelo Correio do Estado no ano passado mostrou que a Cosip de Campo Grande superava, à época, a arrecadação de Curitiba – cidade com mais que o dobro da população. Mesmo assim, a capital sul-mato-grossense convive com um serviço precário e reclamações recorrentes da população.

O mais preocupante é que essas suspeitas de irregularidades surgem em meio a um discurso constante de crise financeira propagado pela administração municipal.

Se confirmadas, as fraudes não estariam ocorrendo em um cenário de escassez, mas sim em um verdadeiro manancial de recursos. Isso agrava ainda mais o quadro, pois revela que o problema pode não ser falta de dinheiro, mas falhas graves de gestão, fiscalização e zelo com o dinheiro público.

É legítimo esperar explicações detalhadas sobre os contratos firmados, os critérios de pagamento e a execução dos serviços. Mas isso, por si só, não basta. O que a sociedade exige – e com razão – é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte, que deveria retornar em forma de ruas iluminadas, mais segurança e melhor qualidade de vida.

Nesse contexto, o trabalho do Gecoc merece reconhecimento. Mais uma vez, o MPMS cumpre seu papel institucional de investigar, cobrar respostas e iluminar áreas em que a administração pública falhou.

Combater a corrupção não é apenas punir culpados, mas também criar condições para que os serviços públicos funcionem melhor e com mais eficiência.

Iluminação pública não é luxo. É segurança, mobilidade e dignidade urbana. Se há dinheiro sobrando e luz faltando, algo está profundamente errado – e precisa ser corrigido com urgência, transparência e responsabilidade.

ARTIGOS

Redes sociais: o "estacionamento" da reputação corporativa

Qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial

19/12/2025 07h45

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No ambiente corporativo contemporâneo, a fronteira entre opinião pessoal e responsabilidade profissional se tornou quase invisível. Com a hiperconectividade, qualquer manifestação nas redes sociais tem potencial para alcançar ampla visibilidade. Um único comentário ofensivo de um funcionário é capaz de comprometer a confiança interna, afetar a reputação da marca e desencadear litígios.

Quando as manifestações de funcionários ultrapassam o limite da crítica construtiva e se convertem em acusações ou declarações com potencial de impactar negativamente a imagem e a credibilidade da organização, abre-se espaço a um debate essencial: qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial?

A repercussão, em casos como esse, costuma ser imediata. Colegas, clientes, fornecedores e demais parceiros têm acesso ao conteúdo, potencializando seus efeitos e ampliando o risco reputacional.

Qualquer que seja o caminho de resposta, a análise jurídica deve ser cuidadosa. A Consolidação das Leis do Trabalho (art. 482, alíneas j e k) prevê a possibilidade de dispensa por justa causa quando o empregado pratica ato lesivo à honra ou à boa fama de qualquer pessoa “no serviço”, especialmente quando dirigido ao empregador ou superiores hierárquicos.

A jurisprudência tem entendido que publicações em redes sociais podem produzir efeitos equivalentes aos de condutas praticadas no ambiente físico de trabalho, legitimando a aplicação da penalidade.

A Constituição Federal (art. 5º, incisos IV, V e X) assegura a liberdade de expressão, mas estabelece limites claros quando essa manifestação viola direitos relacionados à honra, à imagem e à dignidade. Já o Marco Civil da Internet reforça mecanismos de responsabilização de plataformas mediante notificação, permitindo respostas mais ágeis a conteúdos ilícitos.

Com a evolução da sociedade, a linha que separa opinião de ofensa se tornou cada vez mais tênue. A liberdade de expressão é garantida, mas não é absoluta: quando a crítica se transforma em injúria ou difamação, há quebra de confiança, podendo configurar justa causa, inclusive quando a conduta ocorre fora do expediente.

O desafio, agora, reside na interpretação. A definição do que constitui “crítica legítima” ou “falta grave” ainda é variável entre diferentes julgadores, o que aumenta o risco de reversão de penalidades, pedidos de indenização e danos à reputação corporativa.

Em um ambiente empresarial cada vez mais exposto ao escrutínio público, sobretudo nas redes sociais, torna-se imprescindível que as organizações adotem políticas claras, protocolos seguros de apuração e documentação robusta para fundamentar suas decisões e que as decisões e a gestão de tópicos sensíveis considerem estratégia, cautela e respaldo técnico.

Condutas inadequadas de colaboradores podem gerar impactos relevantes, mas a resposta empresarial deve estar alinhada à legislação e às melhores práticas de governança.

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