Artigos e Opinião

CORREIO DO ESTADO

Confira o editorial deste sábado:
"Pressa inimiga da perfeição"

Confira o editorial deste sábado:
"Pressa inimiga da perfeição"

Redação

06/08/2016 - 03h00
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A pressa decorre justamente da lentidão anterior, do descaso que perdurou por muito tempo em setores que aguardavam investimentos.

Com a proximidade das eleições, a gestão do prefeito Alcides Bernal corre para tentar providenciar soluções de última hora para assuntos que ficaram pendentes por meses. Nem tudo tem saído como esperado, reforçando o ditado popular “a pressa é inimiga da perfeição”.

 Nesse caso, a pressa decorre justamente da lentidão anterior, do descaso que perdurou por muito tempo em diversos setores que aguardavam melhoriase investimentos. Esse despreparo ante a busca por mostrar serviço ficou evidente no lançamento da reestruturação do novo Portal da Transparência.

 No comparativo com outras capitais brasileiras, Campo Grande ocupa a última colocação do ranking elaborado pelo Ministério Público Federal. Na contramão de outros gestores, que aperfeiçoaram o que preconiza a legislação datada de 2009, a prefeitura retrocedeu e conseguiu piorar o acesso às informações. 
A reformulação na transparência anunciada, emcoletiva de imprensa, ainda está muito aquém das exigências da Controladoria-Geral da União. Várias planilhas estão em branco e os números estão desatualizados. Infelizmente, análise mais ampla para tentar obter todas as informações que deveriam estar disponíveis, demonstra que muitos dos portais não passam de engodo. Há dificuldade, principalmente, para obter acesso rápido a dados.

 Também neste ano, o Governo de Mato Grosso do Sul foi o que mais avançou no ranking da transparência no comparativo com outros estados. Entretanto, os dados ainda demoram a ser atualizados e, em alguns casos, não condizem com os demonstrativos financeiros publicados posteriormente em Diário Oficial. O “tempo real” ainda não passa de lenda. Somente em abril deste ano, por exemplo, o Governo conseguiu fechar o balanço consolidado de receitas e despesas. O número anteriormente divulgado precisou ser corrigido. 

Nesta época de comunicação em tempo real, e de acesso amplo e interativo das pessoas às mais avançadas tecnologias, é impensável que o poder público tente “esconder” informações dos cidadãos. Todos, com exceção dos que fazem falcatruas, tem a ganhar com mais transparência nas contas públicas. A prefeitura da Capital, infelizmente, ainda não segue esta tendência.

Além de tentar mostrar, nos últimos meses, uma transparência que não existiu durante todo o mandato, a gestão de Alcides Bernal também anuncia obras no afogadilho. Desde abril último, já em período pré-eleitoral, o prefeito anunciou retomadas de obras paralisadas em 2012. Ficou só na propaganda. Reportagens publicadas recentemente demonstram que em muitas destas construções, a única novidade foi a instalação de placa que informava a retomada dos trabalhos. 

Bernal também tentou demonstrar preocupação em solucionar o quase interminável problema de excesso de buracos em Campo Grande. Chegou a lançar licitação, porém, devido a pressão, ainda não conseguiu concluir o processo de escolha das empreiteiras que atuarão em projeto de recapeamento de várias vias de Campo Grande.

Em tempos de incompetência latente, e da falta de interesse em ser transparente com os cidadãos, é necessário que no processo eleitoral que se aproxima, o eleitor pense em um bom futuro para a cidade, que necessariamente contenha contas claras e limpas, e gestão eficiente, que permita o planejamento e execução de projetos. 
 

EDITORIAL

Crises de fim de ano expõem falha na gestão

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa

19/12/2025 07h15

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A virada para 2026 entra para a história recente de Campo Grande como uma das mais conturbadas dos últimos anos. Talvez desde meados da década passada não se via uma sucessão tão clara de crises financeiras e falhas na engrenagem dos serviços públicos locais justamente no momento em que a cidade deveria buscar estabilidade para atravessar o novo ano.

O problema não é pontual tampouco isolado: ele se repete em áreas essenciais e expõe fragilidades estruturais que vêm sendo empurradas com a barriga.

A greve do transporte coletivo, encerrada apenas no início da noite de ontem, é um retrato fiel desse cenário. Durante quatro dias, a população ficou refém de um sistema que parou porque o Consórcio Guaicurus não tinha recursos para pagar salários.

A solução não veio de uma gestão eficiente ou de um planejamento responsável, mas de um socorro emergencial do governo do Estado, que antecipou mais de R$ 3 milhões referentes a uma das parcelas do subsídio ao passe do estudante. Ou seja, o serviço só voltou a funcionar quando o dinheiro público entrou para tapar mais um buraco.

Situação semelhante se repete na Saúde. A Santa Casa, há anos em crise, agora está sob determinação judicial para apresentar um plano capaz de enfrentar um deficit que parece não ter fim. No transporte coletivo, a Justiça foi além e determinou uma intervenção no consórcio responsável pelo serviço.

Quando decisões judiciais passam a ditar os rumos da gestão, fica evidente que algo falhou muito antes, seja na formulação dos contratos, seja na fiscalização ou na condução cotidiana desses serviços.

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa e, principalmente, de quem deveria fiscalizar contratos milionários. Não se trata apenas de escassez de recursos.

Trata-se de como esses recursos são utilizados, de modelos que se mostram esgotados e de contratos que não resistem ao primeiro choque mais sério.

O mais preocupante é que, mesmo após a injeção de milhões de reais do poder público na Santa Casa e no Consórcio Guaicurus, o dinheiro continua insuficiente. Isso deixa claro que o problema é estrutural.

As verbas estão, de fato, mais apertadas neste ano, mas a crise não nasceu agora. Ela é fruto de anos de escolhas erradas, de ausência de transparência e de tolerância com resultados ruins.

A virada de ano conturbada serve, portanto, como um alerta. Não basta apagar incêndios com aportes emergenciais, é preciso rever modelos, refazer contas, cobrar responsabilidades e, sobretudo, planejar com seriedade.

Caso contrário, Campo Grande corre o risco de transformar crises excepcionais em rotina permanente, e isso, definitivamente, a cidade não pode mais aceitar.

ARTIGOS

O combalido Congresso Nacional

A prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um "orçamento secreto" que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite

18/12/2025 07h45

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Para falar sobre o tema, não poderia deixar de citar uma frase célebre do ilustre brasileiro Ruy Barbosa, que foi político, jurista, advogado, diplomata e jornalista, nascido em 1849 e falecido em 1923.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Uma frase com cerca de um século de sua criação nunca foi tão atual, se comparada com os mórbidos acontecimentos vividos neste último período pela Câmara dos Deputados.

Fica evidente a prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um “orçamento secreto” que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite, propiciando a prática de atos ilícitos e imorais, travestidos de legalidade.

Deputados processados pelos mais variados tipos de crime, inclusive de lesa-pátria, incitando nação poderosa a invadir nosso país e a causar enormes prejuízos às classes produtoras e trabalhadoras, que geram as receitas que proporcionam a força necessária ao bom funcionamento da roda da economia.

Pior: parece que tudo o que vem acontecendo é encarado como fato corriqueiro pelo comandante da Câmara dos Deputados, que até chegou a ser deposto de sua cadeira por um grupo de parlamentares desordeiros e, até o momento, sem qualquer punição.

As telecomunicações alcançaram níveis impensáveis em termos de transmissão de dados, como imagens e sons de alta precisão, e, com isso, o planeta Terra tem assistido às barbáries ocorridas no plenário da Casa de Leis, habitada por um seleto grupo de homens e mulheres escolhidos pelo voto e que lhes proporciona os mais variados tipos de privilégios, consumindo recursos bilionários oriundos de pessoas físicas e jurídicas pagadoras de impostos, que não veem o necessário retorno em obras e serviços essenciais, como saúde, segurança pública e transportes.

Um fator preponderante para a continuidade desses desmandos é a hereditariedade nos cargos políticos, em que os ungidos não precisam provar capacidade técnica ou profissional para exercer um mandato.

Basta ter QI de força para manter em cabrestos os seus apaniguados, com nomeações que os tornam fiéis aos seus patrões e que, quase sempre, só deixam o cargo aposentados, com gordos salários, diferentemente do trabalhador brasileiro aposentado pelo famigerado INSS.

No ano que vem, teremos eleições majoritárias. É evidente que quem está lá não quer sair, mas está passando da hora de o cidadão consciente valorizar o poder de sua arma, qual seja, o Título Eleitoral, para promover a varredura necessária no Poder Legislativo, tanto federal como estaduais.

Por uma questão de justiça, a exceção se faz em relação aos parlamentares que reconhecidamente prestam bons serviços à comunidade.

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