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Contrassenso!

Antônio Carlos siufi Hindo - Promotor de Justiça aposentado

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As linhas do presente artigo não se tratam de nenhuma crítica ou mesmo advertência para as nossas autoridades constituídas. São apenas indicativos necessários que deveriam emanar de todos os homens de bem que defendem a boa e respeitosa convivência social. Marcariam todos tentos notáveis, verdadeiros presentes para a nossa sociedade. Mas o tema enfocado resulta preocupante. 

Estamos falando do estudo encomendado pelo governo federal para acabar com as autoescolas em todo o território nacional, como forma de proporcionar aos aspirantes à CNH a dispensa de pagamento das aulas para a sua completa capacitação. A sua manutenção está fortemente ligada à boa lógica, à realidade dos fatos e também ao próprio disparate que conspiram contra os propósitos elevados e sadios que precisam nortear o nosso bom viver. Motivos sobejos empurram-nos para esse diapasão. A capacitação para qualquer área da atividade humana resulta em algo imprescindível. A gritaria nas fábricas, na indústria e no comércio comunga dessa mesma necessidade. Melhora o desenvolvimento do trabalho. Fomenta as vendas e faz girar a economia. 

No trânsito, a capacitação dos condutores de veículos não é diferente, tamanha a sua importância. Evita, nos limites próprios da interpretação de cada qual, os muitos acidentes horríveis que protagonizamos e outros tantos fatais que retiram dos nossos convívios entes queridos antes do tempo. Não tem como borrar essa dor. Fica somente a saudade, nada mais. Essa revolta gritante também tem endereço certo. As nossas leis, desatualizadas no que se relaciona às penas, e a impunidade gritante que tira o sono das famílias vítimas desses transtornos.

As autoescolas, nesse contexto de angústia e dor, não podem deixar de existir. Prestam serviços relevantes para a sociedade. São empresas comerciais regularmente estabelecidas, com suas atividades lícitas, ocupações honestas e que recolhem seus impostos, empregam pessoas e pagam seus salários, oferecendo-lhes a dignidade necessária para enfrentar os desafios diários do nosso cotidiano. Prestam, enfim, uma contribuição valiosa para a nossa sociedade.

Extingui-las seria um ato pecaminoso, que afronta a nossa consciência diante de tantas coisas erradas que constatamos em nosso dia a dia. Hospitais lotados, postos de saúde empilhados de seres humanos vulneráveis, idosos sendo roubados vergonhosamente em suas aposentadorias e pensões e a insegurança que não dá paz todos os dias para os que saem para o trabalho diário.

Recentemente, a linda cidade do Rio de Janeiro viveu momentos de angústia diante da brutalidade das mortes ocorridas. Foi transformada em verdadeiro campo de batalha com a paralisação das atividades estudantis, universidades, transporte público, um verdadeiro desastre que oferecemos para o mundo civilizado. Cobriu de vergonha as nossas autoridades constituídas, sem distinção, incapazes de enfrentar e vencer essa vicissitude que, diga-se como verdadeira, não está apenas na cidade do Rio de Janeiro, mas está esparramada em todos os quadrantes do território nacional.

O Rio de Janeiro é a segunda maior cidade da América Latina, nosso cartão-postal, que atrai e seduz os turistas de todos os continentes do nosso planeta para conhecer as suas belezas naturais, a sua boa música, o seu carnaval inigualável, a sua cultura, a sua ciência, as suas letras, e ainda os seus outros tantos encantos chancelados pelas inteligências privilegiadas. Esses, sim, são temas que precisam preocupar e ocupar as nossas autoridades.

Deixem as nossas autoescolas vivas, respirando e produzindo seus bens e riquezas, para entregar à nossa sociedade, bem como às nossas famílias, motoristas capacitados e conscientes para a sempre heroica e desafiadora ação de dirigir em nosso trânsito caótico. 

Editorial

Estado acelera no etanol: energia verde

Basta circular pelas rodovias de MS para perceber os sinais dessa mudança. O fluxo crescente de caminhões-tanque não é por acaso nem por excesso pontual de safra

24/12/2025 07h15

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Talvez ainda não tenhamos nos dado conta da dimensão do que está acontecendo. Mas a produção de bioenergia está, literalmente, em pleno vapor no Brasil – e, de forma muito particular, em Mato Grosso do Sul. Trata-se de uma transformação silenciosa, que não costuma ganhar manchetes diárias, mas que pode ser decisiva para o futuro econômico, ambiental e estratégico do Estado e do País.

Basta circular pelas rodovias sul-mato-grossenses para perceber os sinais dessa mudança. O fluxo crescente de caminhões-tanque não é por acaso nem por excesso pontual de safra. Eles cruzam o Estado carregados de etanol anidro ou etanol hidratado, destinados para distribuidoras de todas as regiões do Brasil. É o retrato de uma cadeia produtiva em franca expansão, impulsionada por demanda crescente e por decisões estruturais que reposicionam o Brasil no mapa da transição energética.

Essa verdadeira revolução verde está acontecendo, de forma concreta, nos tanques de combustível. O consumo de etanol cresce, a produção acompanha esse ritmo e se diversifica, especialmente com o avanço do etanol de milho, no qual Mato Grosso do Sul se destaca nacionalmente. Soma-se a isso uma política energética relevante: a exigência de 30% de etanol anidro misturado a gasolina comercializada no País. Trata-se de uma regra estratégica, que reduz a emissão de poluentes, diminui a dependência do petróleo e fortalece uma matriz energética mais limpa e sustentável.

Não é pouca coisa. Em um mundo que busca, ainda de forma desigual, caminhos para a descarbonização, o Brasil dispõe de uma vantagem comparativa rara: a capacidade de produzir energia renovável em larga escala, com tecnologia, competitividade e menor impacto ambiental. Mato Grosso do Sul, nesse contexto, consolida-se como peça-chave. O Estado deixou de ser apenas um grande produtor agropecuário para se firmar como polo industrial de bioenergia, com usinas modernas, investimentos robustos e geração de empregos diretos e indiretos.

O Correio do Estado tem mostrado, ao longo dos últimos anos, a força crescente da indústria de etanol sul-mato-grossense. Não se trata apenas de números de produção ou de novos empreendimentos, mas de um reposicionamento econômico que altera a lógica de desenvolvimento regional. A bioenergia gera renda, movimenta cadeias logísticas, estimula inovação e amplia a arrecadação, ao mesmo tempo em que responde a uma das maiores urgências do nosso tempo: a necessidade de reduzir emissões e enfrentar as mudanças climáticas.

É claro que desafios permanecem. Infraestrutura, logística, regulação e planejamento de longo prazo precisam acompanhar esse crescimento para que ele seja sustentável em todos os sentidos. Mas o caminho está posto. O Estado já é, na prática, uma grande usina de energia verde a céu aberto, capaz de produzir combustível limpo, reduzir a pegada de carbono e contribuir para a segurança energética nacional.

Mais do que um ativo econômico, essa vocação representa uma responsabilidade. Mato Grosso do Sul pode – e deve – ser exemplo para o Brasil e para o mundo. A bioenergia não é promessa distante: ela já está nas estradas, nos tanques, nas usinas e no cotidiano da população. Cabe agora reconhecer essa realidade, valorizá-la e transformá-la em política de Estado, para que o desenvolvimento caminhe lado a lado com a sustentabilidade.

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O passado desafia a ciência

A teoria de Darwin, unanimidade na comunidade científica, trouxe a base para compreendermos a evolução das espécies, mas alguns pontos ainda intrigam

23/12/2025 07h45

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Ao longo da história, parece que nosso planeta foi palco de diferentes “camadas” de civilizações. Cada uma deixou marcas, enigmas e realizações que ainda hoje nos desafiam. Na camada atual, buscamos organizar o passado em linhas cronológicas, tentando conectar datas e teorias de evolução. Nem sempre, porém, essas conexões se sustentam de forma linear.

A teoria de Darwin, unanimidade na comunidade científica, trouxe a base para compreendermos a evolução das espécies. Mas alguns pontos ainda intrigam.

Há saltos inesperados e caminhos surpreendentes, como o caso do polvo – um animal com características biológicas únicas – ou o fator Rh negativo em humanos, cuja origem permanece pouco clara.

Esses exemplos alimentam a imaginação e levantam hipóteses sobre a Terra como possível “laboratório de experiências”.

Outro enigma fascinante é o surgimento e desaparecimento dos dinossauros. Eles habitaram todos os continentes e dominaram o planeta por milhões de anos. O fim abrupto, atribuído ao impacto de um meteoro na região do atual Golfo do México, teria desencadeado um inverno global que durou anos.

Para alguns, esse evento sugere não apenas um acidente cósmico, mas uma intervenção programada na história da vida.

Seguindo a linha do tempo, chegamos às primeiras civilizações humanas. Povos antigos demonstraram capacidades impressionantes: ergueram blocos de pedra de dezenas e até centenas de toneladas, como o monumental bloco de cerca de 570 toneladas na base da muralha em Jerusalém.

Além disso, desenvolveram conhecimentos científicos notáveis. Eratóstenes, físico e matemático grego, calculou a circunferência da Terra com precisão admirável há mais de dois milênios – e pensar que hoje ainda há quem defenda que o planeta seja plano.

Diante desse mosaico de enigmas, que vai dos saltos evolutivos às obras monumentais deixadas por povos antigos, o que realmente se evidencia é nossa inquietação ancestral. Cada hipótese, seja científica ou imaginativa, revela menos sobre o passado em si e mais sobre o desejo humano de construir sentido e reconhecer seu lugar na história do planeta.

É nesse espírito de investigação curiosa que em “Vale do Silêncio – O Enigma do Lago” não trago respostas, mas um convite, recriando, pela ficção, o impulso que sempre nos moveu: olhar para o inexplicável e ousar formular novas perguntas.

Ao final, não importa quão sólida seja uma teoria ou quão fantástica seja outra, o que permanece é a importância de continuar explorando e ampliando as possibilidades do que entendemos como origem.

Ao observar tantos pontos obscuros em nossa trajetória, fica claro que a humanidade ainda está longe de compreender completamente de onde veio. A ciência avança, corrige rumos, descarta teorias e propõe outras, mas deixa brechas que alimentam nosso impulso de investigar.

Cada lacuna é um convite para reexaminar certezas e assumir que parte do passado permanece fora do alcance. Especular não é apenas um exercício de imaginação, mas uma necessidade intelectual. Permite explorar caminhos improváveis, levantar hipóteses e reconhecer que a história humana é maior do que qualquer narrativa linear.

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