As linhas do presente artigo não se tratam de nenhuma crítica ou mesmo advertência para as nossas autoridades constituídas. São apenas indicativos necessários que deveriam emanar de todos os homens de bem que defendem a boa e respeitosa convivência social. Marcariam todos tentos notáveis, verdadeiros presentes para a nossa sociedade. Mas o tema enfocado resulta preocupante.
Estamos falando do estudo encomendado pelo governo federal para acabar com as autoescolas em todo o território nacional, como forma de proporcionar aos aspirantes à CNH a dispensa de pagamento das aulas para a sua completa capacitação. A sua manutenção está fortemente ligada à boa lógica, à realidade dos fatos e também ao próprio disparate que conspiram contra os propósitos elevados e sadios que precisam nortear o nosso bom viver. Motivos sobejos empurram-nos para esse diapasão. A capacitação para qualquer área da atividade humana resulta em algo imprescindível. A gritaria nas fábricas, na indústria e no comércio comunga dessa mesma necessidade. Melhora o desenvolvimento do trabalho. Fomenta as vendas e faz girar a economia.
No trânsito, a capacitação dos condutores de veículos não é diferente, tamanha a sua importância. Evita, nos limites próprios da interpretação de cada qual, os muitos acidentes horríveis que protagonizamos e outros tantos fatais que retiram dos nossos convívios entes queridos antes do tempo. Não tem como borrar essa dor. Fica somente a saudade, nada mais. Essa revolta gritante também tem endereço certo. As nossas leis, desatualizadas no que se relaciona às penas, e a impunidade gritante que tira o sono das famílias vítimas desses transtornos.
As autoescolas, nesse contexto de angústia e dor, não podem deixar de existir. Prestam serviços relevantes para a sociedade. São empresas comerciais regularmente estabelecidas, com suas atividades lícitas, ocupações honestas e que recolhem seus impostos, empregam pessoas e pagam seus salários, oferecendo-lhes a dignidade necessária para enfrentar os desafios diários do nosso cotidiano. Prestam, enfim, uma contribuição valiosa para a nossa sociedade.
Extingui-las seria um ato pecaminoso, que afronta a nossa consciência diante de tantas coisas erradas que constatamos em nosso dia a dia. Hospitais lotados, postos de saúde empilhados de seres humanos vulneráveis, idosos sendo roubados vergonhosamente em suas aposentadorias e pensões e a insegurança que não dá paz todos os dias para os que saem para o trabalho diário.
Recentemente, a linda cidade do Rio de Janeiro viveu momentos de angústia diante da brutalidade das mortes ocorridas. Foi transformada em verdadeiro campo de batalha com a paralisação das atividades estudantis, universidades, transporte público, um verdadeiro desastre que oferecemos para o mundo civilizado. Cobriu de vergonha as nossas autoridades constituídas, sem distinção, incapazes de enfrentar e vencer essa vicissitude que, diga-se como verdadeira, não está apenas na cidade do Rio de Janeiro, mas está esparramada em todos os quadrantes do território nacional.
O Rio de Janeiro é a segunda maior cidade da América Latina, nosso cartão-postal, que atrai e seduz os turistas de todos os continentes do nosso planeta para conhecer as suas belezas naturais, a sua boa música, o seu carnaval inigualável, a sua cultura, a sua ciência, as suas letras, e ainda os seus outros tantos encantos chancelados pelas inteligências privilegiadas. Esses, sim, são temas que precisam preocupar e ocupar as nossas autoridades.
Deixem as nossas autoescolas vivas, respirando e produzindo seus bens e riquezas, para entregar à nossa sociedade, bem como às nossas famílias, motoristas capacitados e conscientes para a sempre heroica e desafiadora ação de dirigir em nosso trânsito caótico.


