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Duplicata escritural: o futuro da antecipação de recebíveis

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O ano de 2025 marca um avanço significativo para as empresas que utilizam a antecipação de duplicatas como estratégia para obter capital de giro ou impulsionar o crescimento. A grande mudança vem com a implementação da duplicata escritural, um novo modelo digital desse tradicional instrumento de crédito entre empresas e seus fornecedores de produtos e serviços. Prevista em lei desde 2018 e regulamentada no fim de 2024, essa inovação traz oportunidades para dinamizar a liberação de recursos, especialmente para pequenas e médias empresas, mas também impõe desafios tecnológicos e processuais para todos os envolvidos.

Em sintonia com a agenda de digitalização do Banco Central (BC) – que já trouxe avanços como o open finance e o Pix –, a duplicata escritural proporciona maior rastreabilidade e segurança nas operações de antecipação de recebíveis. Essa evolução tende a reduzir as taxas de juros para os tomadores de crédito, um benefício crucial para milhões de pequenos negócios que enfrentam barreiras no acesso a financiamento.

Como os documentos agora são registrados digitalmente em instituições autorizadas pelo BC, as instituições financeiras ganham mais segurança para liberar recursos, promovendo um mercado mais competitivo e acessível.

Com a duplicata escritural, as empresas emissoras não precisarão mais realizar registros manuais, e os financiadores terão acesso a um histórico mais transparente de cada título. Essa mudança facilita a concessão de crédito com juros mais baixos e reduz fraudes e disputas sobre a autenticidade dos documentos. O movimento de 2025 reflete a finalização das diretrizes operacionais definidas pelo Banco Central para o funcionamento desse novo sistema.

Desafios na adaptação e implementação: a transição para a duplicata escritural envolve ajustes significativos para grandes empresas, estatais, instituições financeiras e plataformas de antecipação. O maior desafio reside na adaptação dos sistemas internos dessas organizações, especialmente no que diz respeito ao aceite das duplicatas. Atualmente, o sacado (empresa devedora do pagamento) pode simplesmente ignorar a duplicata caso discorde do valor ou queira contestar a mercadoria recebida. Com a nova regulamentação, o aceite será considerado tácito caso não haja manifestação dentro do prazo estipulado, tornando o processo mais ágil e seguro.

Para implementar essa mudança, as grandes companhias precisarão revisar seus fluxos internos e adaptar seus departamentos financeiros. Esse trabalho demandará tempo e esforço, mas é essencial para garantir que o novo modelo funcione de maneira eficiente e beneficie toda a cadeia de fornecimento.

O sucesso da duplicata escritural depende do engajamento e colaboração entre todos os atores do mercado: empresas emissoras, sacados, bancos, registradoras e plataformas de antecipação de recebíveis. Parcerias estratégicas e projetos conjuntos serão fundamentais para tornar essa transição mais fluida e garantir que a digitalização das duplicatas cumpra seu objetivo: oferecer uma solução moderna, segura e transparente para a obtenção de crédito.

No fim das contas, a implementação da duplicata escritural não só beneficia empresas de todos os portes, mas também fortalece o ecossistema financeiro e impulsiona o crescimento da economia brasileira.

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EDITORIAL

Crises de fim de ano expõem falha na gestão

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa

19/12/2025 07h15

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A virada para 2026 entra para a história recente de Campo Grande como uma das mais conturbadas dos últimos anos. Talvez desde meados da década passada não se via uma sucessão tão clara de crises financeiras e falhas na engrenagem dos serviços públicos locais justamente no momento em que a cidade deveria buscar estabilidade para atravessar o novo ano.

O problema não é pontual tampouco isolado: ele se repete em áreas essenciais e expõe fragilidades estruturais que vêm sendo empurradas com a barriga.

A greve do transporte coletivo, encerrada apenas no início da noite de ontem, é um retrato fiel desse cenário. Durante quatro dias, a população ficou refém de um sistema que parou porque o Consórcio Guaicurus não tinha recursos para pagar salários.

A solução não veio de uma gestão eficiente ou de um planejamento responsável, mas de um socorro emergencial do governo do Estado, que antecipou mais de R$ 3 milhões referentes a uma das parcelas do subsídio ao passe do estudante. Ou seja, o serviço só voltou a funcionar quando o dinheiro público entrou para tapar mais um buraco.

Situação semelhante se repete na Saúde. A Santa Casa, há anos em crise, agora está sob determinação judicial para apresentar um plano capaz de enfrentar um deficit que parece não ter fim. No transporte coletivo, a Justiça foi além e determinou uma intervenção no consórcio responsável pelo serviço.

Quando decisões judiciais passam a ditar os rumos da gestão, fica evidente que algo falhou muito antes, seja na formulação dos contratos, seja na fiscalização ou na condução cotidiana desses serviços.

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa e, principalmente, de quem deveria fiscalizar contratos milionários. Não se trata apenas de escassez de recursos.

Trata-se de como esses recursos são utilizados, de modelos que se mostram esgotados e de contratos que não resistem ao primeiro choque mais sério.

O mais preocupante é que, mesmo após a injeção de milhões de reais do poder público na Santa Casa e no Consórcio Guaicurus, o dinheiro continua insuficiente. Isso deixa claro que o problema é estrutural.

As verbas estão, de fato, mais apertadas neste ano, mas a crise não nasceu agora. Ela é fruto de anos de escolhas erradas, de ausência de transparência e de tolerância com resultados ruins.

A virada de ano conturbada serve, portanto, como um alerta. Não basta apagar incêndios com aportes emergenciais, é preciso rever modelos, refazer contas, cobrar responsabilidades e, sobretudo, planejar com seriedade.

Caso contrário, Campo Grande corre o risco de transformar crises excepcionais em rotina permanente, e isso, definitivamente, a cidade não pode mais aceitar.

ARTIGOS

O combalido Congresso Nacional

A prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um "orçamento secreto" que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite

18/12/2025 07h45

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Para falar sobre o tema, não poderia deixar de citar uma frase célebre do ilustre brasileiro Ruy Barbosa, que foi político, jurista, advogado, diplomata e jornalista, nascido em 1849 e falecido em 1923.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Uma frase com cerca de um século de sua criação nunca foi tão atual, se comparada com os mórbidos acontecimentos vividos neste último período pela Câmara dos Deputados.

Fica evidente a prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um “orçamento secreto” que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite, propiciando a prática de atos ilícitos e imorais, travestidos de legalidade.

Deputados processados pelos mais variados tipos de crime, inclusive de lesa-pátria, incitando nação poderosa a invadir nosso país e a causar enormes prejuízos às classes produtoras e trabalhadoras, que geram as receitas que proporcionam a força necessária ao bom funcionamento da roda da economia.

Pior: parece que tudo o que vem acontecendo é encarado como fato corriqueiro pelo comandante da Câmara dos Deputados, que até chegou a ser deposto de sua cadeira por um grupo de parlamentares desordeiros e, até o momento, sem qualquer punição.

As telecomunicações alcançaram níveis impensáveis em termos de transmissão de dados, como imagens e sons de alta precisão, e, com isso, o planeta Terra tem assistido às barbáries ocorridas no plenário da Casa de Leis, habitada por um seleto grupo de homens e mulheres escolhidos pelo voto e que lhes proporciona os mais variados tipos de privilégios, consumindo recursos bilionários oriundos de pessoas físicas e jurídicas pagadoras de impostos, que não veem o necessário retorno em obras e serviços essenciais, como saúde, segurança pública e transportes.

Um fator preponderante para a continuidade desses desmandos é a hereditariedade nos cargos políticos, em que os ungidos não precisam provar capacidade técnica ou profissional para exercer um mandato.

Basta ter QI de força para manter em cabrestos os seus apaniguados, com nomeações que os tornam fiéis aos seus patrões e que, quase sempre, só deixam o cargo aposentados, com gordos salários, diferentemente do trabalhador brasileiro aposentado pelo famigerado INSS.

No ano que vem, teremos eleições majoritárias. É evidente que quem está lá não quer sair, mas está passando da hora de o cidadão consciente valorizar o poder de sua arma, qual seja, o Título Eleitoral, para promover a varredura necessária no Poder Legislativo, tanto federal como estaduais.

Por uma questão de justiça, a exceção se faz em relação aos parlamentares que reconhecidamente prestam bons serviços à comunidade.

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