Artigos e Opinião

CORREIO DO ESTADO

Editorial desta quinta-feira: "Sem margem de manobra"

Editorial desta quinta-feira: "Sem margem de manobra"

Continue lendo...

O contribuinte já deu seu recado ao governo, que tenta recriar a CPMF: não aguenta mais tributo algum na tão pesada lista de encargos pagos ao poder público.

Ao tentar ressuscitar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), a presidente Dilma Rousseff prova que os “remédios amargos” para tirar o Brasil da crise virão em doses cavalares, ação que pode resultar em dois efeitos simultâneos: reação imediata da população atingida e sérios danos na economia.

O contribuinte já deu seu recado ao governo, de que não aguenta mais tributo algum na tão pesada lista de encargos pagos ao poder público. A administração de Dilma parece não estar conseguindo sair do buraco que ela mesma cavou durante o primeiro mandato, o qual pode ser sintetizado como uma gestão, no mínimo, irresponsável. 

No primeiro mandato de Dilma Rousseff, o governo abriu mão de receita e aumentou os gastos. Grosso modo, é como se um chefe de família optasse por ganhar menos e gastar mais, na tentativa de agradar a todos os moradores da casa. 

Como não é possível satisfazer todos, o governo está acuado por algo que construiu no passado. Em tempos de vacas gordas, de preços de commodities agrícolas, minério de ferro e petróleo em alta – os principais produtos de nossa pauta de exportação –, foi fácil para o Partido dos Trabalhadores fazer, inconsequentemente, manobras arriscadas, como a de aumentar gastos e reduzir impostos. 

Agora, em época de vacas magras, o governo Dilma Rousseff fica sem saída. E também sem apoio para qualquer medida que venha a tomar. 

Ao aumentar impostos para aliviar o caixa e elevar a arrecadação, sofre forte pressão do setor produtivo, como, por exemplo, dos grandes empresários, os que estão na linha de frente na manutenção dos índices econômicos e das taxas de emprego. Ao agir na outra ponta, cortando verba de programas sociais, sofre rejeição de sua base, que quer a manutenção dessas ações, financiadas pelos recursos dos tributos. 

Praticamente sem apoio no Congresso, e sem nenhum suporte da população (tem recorde nos índices de reprovação), que, além de viver na pele a crise econômica, assiste aos escândalos intermináveis de corrupção investigados pela Polícia Federal, a presidente da República se afunda ainda mais em seu próprio poço. Seja qual for a escolha que faça, ficará sem saída. 

O cidadão brasileiro, que paga em dia seus impostos e não tem culpa alguma da inépcia do governo federal, é quem sofre na pele as consequências das escolhas desastrosas da equipe econômica de Dilma Rousseff. Mesmo quem votou nela, nas últimas eleições, sente-se traído pelo Partido dos Trabalhadores, que rasgou promessas de campanha, o que é típico de estelionato eleitoral.

Há pouco espaço para manobras e negociações para Dilma Rousseff. Há, também, pouca paciência da população e nenhuma disposição em pagar mais impostos. Se a presidente já balançava há alguns meses, agora seus movimentos são muito mais arriscados rumo à queda.

EDITORIAL

Crises de fim de ano expõem falha na gestão

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa

19/12/2025 07h15

Continue Lendo...

A virada para 2026 entra para a história recente de Campo Grande como uma das mais conturbadas dos últimos anos. Talvez desde meados da década passada não se via uma sucessão tão clara de crises financeiras e falhas na engrenagem dos serviços públicos locais justamente no momento em que a cidade deveria buscar estabilidade para atravessar o novo ano.

O problema não é pontual tampouco isolado: ele se repete em áreas essenciais e expõe fragilidades estruturais que vêm sendo empurradas com a barriga.

A greve do transporte coletivo, encerrada apenas no início da noite de ontem, é um retrato fiel desse cenário. Durante quatro dias, a população ficou refém de um sistema que parou porque o Consórcio Guaicurus não tinha recursos para pagar salários.

A solução não veio de uma gestão eficiente ou de um planejamento responsável, mas de um socorro emergencial do governo do Estado, que antecipou mais de R$ 3 milhões referentes a uma das parcelas do subsídio ao passe do estudante. Ou seja, o serviço só voltou a funcionar quando o dinheiro público entrou para tapar mais um buraco.

Situação semelhante se repete na Saúde. A Santa Casa, há anos em crise, agora está sob determinação judicial para apresentar um plano capaz de enfrentar um deficit que parece não ter fim. No transporte coletivo, a Justiça foi além e determinou uma intervenção no consórcio responsável pelo serviço.

Quando decisões judiciais passam a ditar os rumos da gestão, fica evidente que algo falhou muito antes, seja na formulação dos contratos, seja na fiscalização ou na condução cotidiana desses serviços.

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa e, principalmente, de quem deveria fiscalizar contratos milionários. Não se trata apenas de escassez de recursos.

Trata-se de como esses recursos são utilizados, de modelos que se mostram esgotados e de contratos que não resistem ao primeiro choque mais sério.

O mais preocupante é que, mesmo após a injeção de milhões de reais do poder público na Santa Casa e no Consórcio Guaicurus, o dinheiro continua insuficiente. Isso deixa claro que o problema é estrutural.

As verbas estão, de fato, mais apertadas neste ano, mas a crise não nasceu agora. Ela é fruto de anos de escolhas erradas, de ausência de transparência e de tolerância com resultados ruins.

A virada de ano conturbada serve, portanto, como um alerta. Não basta apagar incêndios com aportes emergenciais, é preciso rever modelos, refazer contas, cobrar responsabilidades e, sobretudo, planejar com seriedade.

Caso contrário, Campo Grande corre o risco de transformar crises excepcionais em rotina permanente, e isso, definitivamente, a cidade não pode mais aceitar.

ARTIGOS

O combalido Congresso Nacional

A prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um "orçamento secreto" que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite

18/12/2025 07h45

Continue Lendo...

Para falar sobre o tema, não poderia deixar de citar uma frase célebre do ilustre brasileiro Ruy Barbosa, que foi político, jurista, advogado, diplomata e jornalista, nascido em 1849 e falecido em 1923.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Uma frase com cerca de um século de sua criação nunca foi tão atual, se comparada com os mórbidos acontecimentos vividos neste último período pela Câmara dos Deputados.

Fica evidente a prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um “orçamento secreto” que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite, propiciando a prática de atos ilícitos e imorais, travestidos de legalidade.

Deputados processados pelos mais variados tipos de crime, inclusive de lesa-pátria, incitando nação poderosa a invadir nosso país e a causar enormes prejuízos às classes produtoras e trabalhadoras, que geram as receitas que proporcionam a força necessária ao bom funcionamento da roda da economia.

Pior: parece que tudo o que vem acontecendo é encarado como fato corriqueiro pelo comandante da Câmara dos Deputados, que até chegou a ser deposto de sua cadeira por um grupo de parlamentares desordeiros e, até o momento, sem qualquer punição.

As telecomunicações alcançaram níveis impensáveis em termos de transmissão de dados, como imagens e sons de alta precisão, e, com isso, o planeta Terra tem assistido às barbáries ocorridas no plenário da Casa de Leis, habitada por um seleto grupo de homens e mulheres escolhidos pelo voto e que lhes proporciona os mais variados tipos de privilégios, consumindo recursos bilionários oriundos de pessoas físicas e jurídicas pagadoras de impostos, que não veem o necessário retorno em obras e serviços essenciais, como saúde, segurança pública e transportes.

Um fator preponderante para a continuidade desses desmandos é a hereditariedade nos cargos políticos, em que os ungidos não precisam provar capacidade técnica ou profissional para exercer um mandato.

Basta ter QI de força para manter em cabrestos os seus apaniguados, com nomeações que os tornam fiéis aos seus patrões e que, quase sempre, só deixam o cargo aposentados, com gordos salários, diferentemente do trabalhador brasileiro aposentado pelo famigerado INSS.

No ano que vem, teremos eleições majoritárias. É evidente que quem está lá não quer sair, mas está passando da hora de o cidadão consciente valorizar o poder de sua arma, qual seja, o Título Eleitoral, para promover a varredura necessária no Poder Legislativo, tanto federal como estaduais.

Por uma questão de justiça, a exceção se faz em relação aos parlamentares que reconhecidamente prestam bons serviços à comunidade.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).