Artigos e Opinião

Correio do Estado

Editorial desta segunda-feira: Saúde deve ser mais eficiente

Editorial desta segunda-feira: Saúde deve ser mais eficiente

Redação

10/08/2015 - 00h00
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A única saída para amenizar o caos em que a saúde pública se encontra é pela organização do sistema existente, aumentando a eficiência.

A inspeção dos integrantes do Conselho Municipal de Saúde às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e aos Centros Regionais de Saúde (CRS) de Campo Grande, infelizmente, não constatou nenhuma melhoria no sistema de atendimento da população, que não tem acesso aos planos de saúde privados. O caos continua o mesmo há praticamente um ano.

O tempo de espera por uma consulta médica em qualquer um destes postos de urgência e emergência da Capital continua sendo de, em média, seis horas. Tempo tolerado por autoridades e médicos e que, para os padrões burocráticos, está no limite do desejável, mas que, certamente, é uma eternidade para quem vive um mal-estar, ou precisa de atendimento urgente por causa do agravamento de enfermidade ou um trauma.

Revolta. Desespero. Gritaria. Indignação. Foram estes os sentimentos manifestados pelos pacientes durante a visita dos conselheiros à Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Universitário no último sábado, e relatados em reportagem publicada ontem pelo Correio do Estado. Aos conselheiros de saúde do município, os responsáveis pela UPA tinham uma resposta padrão, tecnicamente satisfatória (pelo menos para os burocratas que trabalham com relatórios), mas que não atendia aos anseios dos que enfrentam a agonia da espera: a de que a quantidade de médicos plantonistas era a prevista no modelo de funcionamento do local.

O Conselho Municipal prometeu notificar a Secretaria Municipal de Saúde. E as providências param por aí. Não há luz no fim do túnel. Infelizmente, não há nenhum plano para atenuar o problema em curto prazo. E o culpado deste panorama caótico não é exclusivamente o município. É todo o sistema de saúde pública gerenciado pelas três esferas da administração pública.

O governo do Estado, desde o início deste ano, tem dado o exemplo no enfrentamento do problema. Criou uma caravana para realizar consultas e cirurgias por todo o Estado, colocará em ação um plano - ainda que controverso - de aumentar a quantidade de atendimentos em hospitais, e já ofereceu ajuda à Prefeitura de Campo Grande para implantação de plano semelhante, no qual as Organizações Sociais (OS) poderiam administrar as UPAs.

A única saída para amenizar o caos em que a saúde pública se encontra é pela organização do sistema existente. É preciso que o município coloque em ação técnicas para aumentar os atendimentos em seus postos de saúde, aumentar a prevenção de doenças e acidentes, e reduzir a demanda das unidades que atendem urgência e emergência.

Não é tão urgente a construção de mais postos e hospitais, e sim, que eles fiquem menos ociosos e mais produtivos. Ao cidadão que procura o sistema de saúde pública para receber um atendimento de emergência, não lhe interessa se receberá os cuidados em uma UPA, hospital ou posto de saúde, e sim, ter seu problema tratado.

EDITORIAL

É preciso passar um pente-fino na Cosip

O que a sociedade exige e com razão é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte

20/12/2025 07h15

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A deflagração da Operação Apagar das Luzes, nesta sexta-feira, pelo Grupo Especializado de Combate à Corrupção (Gecoc) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), é mais um daqueles episódios que deixam claro que a iluminação pública de Campo Grande guarda muito mais sombras do que se imaginava.

E, ao que tudo indica, ainda há muito a ser revelado sobre contratos, cifras e responsabilidades envolvendo um serviço essencial para a cidade.

Campo Grande figura entre os municípios que mais arrecadam no Brasil com a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip). Trata-se de uma arrecadação robusta, bilionária ao longo dos anos, paga mensalmente pelo cidadão na conta de energia elétrica.

Ainda assim, a realidade vista nas ruas é contraditória: bairros inteiros convivem com postes apagados, avenidas mal iluminadas e áreas que se tornam vulneráveis à criminalidade justamente pela ausência de luz.

A investigação que apura fraudes estimadas em R$ 62 milhões lança uma pergunta inevitável: como é possível faltar iluminação em um município que arrecada tanto?

Reportagem publicada pelo Correio do Estado no ano passado mostrou que a Cosip de Campo Grande superava, à época, a arrecadação de Curitiba – cidade com mais que o dobro da população. Mesmo assim, a capital sul-mato-grossense convive com um serviço precário e reclamações recorrentes da população.

O mais preocupante é que essas suspeitas de irregularidades surgem em meio a um discurso constante de crise financeira propagado pela administração municipal.

Se confirmadas, as fraudes não estariam ocorrendo em um cenário de escassez, mas sim em um verdadeiro manancial de recursos. Isso agrava ainda mais o quadro, pois revela que o problema pode não ser falta de dinheiro, mas falhas graves de gestão, fiscalização e zelo com o dinheiro público.

É legítimo esperar explicações detalhadas sobre os contratos firmados, os critérios de pagamento e a execução dos serviços. Mas isso, por si só, não basta. O que a sociedade exige – e com razão – é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte, que deveria retornar em forma de ruas iluminadas, mais segurança e melhor qualidade de vida.

Nesse contexto, o trabalho do Gecoc merece reconhecimento. Mais uma vez, o MPMS cumpre seu papel institucional de investigar, cobrar respostas e iluminar áreas em que a administração pública falhou.

Combater a corrupção não é apenas punir culpados, mas também criar condições para que os serviços públicos funcionem melhor e com mais eficiência.

Iluminação pública não é luxo. É segurança, mobilidade e dignidade urbana. Se há dinheiro sobrando e luz faltando, algo está profundamente errado – e precisa ser corrigido com urgência, transparência e responsabilidade.

ARTIGOS

Redes sociais: o "estacionamento" da reputação corporativa

Qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial

19/12/2025 07h45

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No ambiente corporativo contemporâneo, a fronteira entre opinião pessoal e responsabilidade profissional se tornou quase invisível. Com a hiperconectividade, qualquer manifestação nas redes sociais tem potencial para alcançar ampla visibilidade. Um único comentário ofensivo de um funcionário é capaz de comprometer a confiança interna, afetar a reputação da marca e desencadear litígios.

Quando as manifestações de funcionários ultrapassam o limite da crítica construtiva e se convertem em acusações ou declarações com potencial de impactar negativamente a imagem e a credibilidade da organização, abre-se espaço a um debate essencial: qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial?

A repercussão, em casos como esse, costuma ser imediata. Colegas, clientes, fornecedores e demais parceiros têm acesso ao conteúdo, potencializando seus efeitos e ampliando o risco reputacional.

Qualquer que seja o caminho de resposta, a análise jurídica deve ser cuidadosa. A Consolidação das Leis do Trabalho (art. 482, alíneas j e k) prevê a possibilidade de dispensa por justa causa quando o empregado pratica ato lesivo à honra ou à boa fama de qualquer pessoa “no serviço”, especialmente quando dirigido ao empregador ou superiores hierárquicos.

A jurisprudência tem entendido que publicações em redes sociais podem produzir efeitos equivalentes aos de condutas praticadas no ambiente físico de trabalho, legitimando a aplicação da penalidade.

A Constituição Federal (art. 5º, incisos IV, V e X) assegura a liberdade de expressão, mas estabelece limites claros quando essa manifestação viola direitos relacionados à honra, à imagem e à dignidade. Já o Marco Civil da Internet reforça mecanismos de responsabilização de plataformas mediante notificação, permitindo respostas mais ágeis a conteúdos ilícitos.

Com a evolução da sociedade, a linha que separa opinião de ofensa se tornou cada vez mais tênue. A liberdade de expressão é garantida, mas não é absoluta: quando a crítica se transforma em injúria ou difamação, há quebra de confiança, podendo configurar justa causa, inclusive quando a conduta ocorre fora do expediente.

O desafio, agora, reside na interpretação. A definição do que constitui “crítica legítima” ou “falta grave” ainda é variável entre diferentes julgadores, o que aumenta o risco de reversão de penalidades, pedidos de indenização e danos à reputação corporativa.

Em um ambiente empresarial cada vez mais exposto ao escrutínio público, sobretudo nas redes sociais, torna-se imprescindível que as organizações adotem políticas claras, protocolos seguros de apuração e documentação robusta para fundamentar suas decisões e que as decisões e a gestão de tópicos sensíveis considerem estratégia, cautela e respaldo técnico.

Condutas inadequadas de colaboradores podem gerar impactos relevantes, mas a resposta empresarial deve estar alinhada à legislação e às melhores práticas de governança.

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