Artigos e Opinião

CORREIO DO ESTADO

Editorial desta sexta-feira: "Loteamento estrangeiro"

Editorial desta sexta-feira: "Loteamento estrangeiro"

Redação

18/09/2015 - 00h00
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A compra de terras por estrangeiros deveria ser restrita a interesses particulares e que não possam interferir de maneira negativa  na economia do Brasil

A Câmara Federal analisa urgência no Projeto de Lei 4059/12, que regula a compra de terras brasileiras por estrangeiros, revogando a Lei 5.709/71, que trata do tema. O assunto é polêmico, divide opinião dos setores produtivos do País e retorna a ser debatido em momento delicado da economia brasileira. O que não se pode perder de vista é o perigo que corre a soberania nacional, com o aumento da flexibilização das regras para entrada do capital estrangeiro em terras tupiniquins.

A venda de terras rurais brasileiras para estrangeiros ficou restrita a partir de 1971, quando a Lei 5.709 foi decretada, criando várias restrições. Em 1994, parecer da Advocacia-Geral da União liberou a entrada de empresas internacionais para que pudessem comprar imóveis no Brasil, reduzindo a burocracia e incentivando a entrada de investidores de outros países. Esta flexibilização durou até 2010, quando a própria AGU, em nova decisão, revogou o parecer anterior e retomou o entendimento da lei inicial, impondo, novamente, série de restrições para as negociações. Porém, o estrago foi feito: com a “porteira aberta”, cresceu o número de terras compradas por empresas com capital estrangeiro: estima-se que 4,5 milhões de hectares saíram das mãos de proprietários brasileiros.

Pela lei agora em vigor, com a retomada da legislação da década de 1970, um município não pode ter mais de que 25% do território ocupado por estrangeiro, e a área comprada por pessoa jurídica não pode ultrapassar tamanho de cerca de cinco mil hectares. As autorizações passam pelo crivo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Pela nova proposta, sob análise de urgência na Câmara, a flexibilização novamente é prevista e, pior, com consequências nefastas para a economia do País. Pelo texto, embora se criem restrições a fundos soberanos constituídos por outros países, abre-se precedente polêmico ao permitir que companhias de capital aberto, com ações negociáveis na bolsa, continuem autorizadas a adquirir imóveis rurais. Além disso, não será mais necessário ter autorização de compra emitida pelo governo, nos casos de aquisição de imóveis de até quatro módulos fiscais.

O projeto permite o loteamento do Brasil e pode acarretar na majoração do preço das terras, dificultando ainda mais o segmento agropecuário. Em Mato Grosso do Sul, exemplo não muito distante da entrada perniciosa do capital estrangeiro foi a compra de terras na região de Jardim, feita pela Associação das Famílias para Unificação pela Paz Mundial, que tinha como mentor o reverendo Moon. Não houve benefícios para a comunidade local, e foi alvo de investigação policial, sob suspeita de sonegação fiscal. A compra de terras por estrangeiros deveria ser restrita a interesses particulares e que não possam interferir de maneira negativa na economia do País. Que os parlamentares não se deixem encantar pelos possíveis pixulecos oferecidos e analisem o projeto com a devida seriedade e restrição.

EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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