Artigos e Opinião

Correio do Estado

Editorial deste domingo: "O exemplo do agronegócio"

Editorial deste domingo: "O exemplo do agronegócio"

Redação

09/08/2015 - 00h00
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Somente o setor agrícola tem obtido bons resultados em um cenário de retração na indústria, no comércio e na prestação de serviços. 

Aa alta do dólar, que em um primeiro momento traz reflexos negativos para o cenário econômico, como o aumento de preços de produtos importados ou fabricados no Brasil com componentes de outros países, passagens aéreas e outros ítens atrelados ao mercado externo, começa a demonstrar, já a partir do mês de julho, seu lado bom para alguns setores, como por exemplo, o do agronegócio, que por sua vez ajuda a balança comercial brasileira voltar a ter superávit.

O resultado já foi constatado pelo Sistema de Análise de Informações de Comércio Exterior via web do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Em julho, pela primeira vez no ano, houve aumento no volume de exportação no comparativo com os anos anteriores. 

Em Mato Grosso do Sul, o incremento nas vendas para o mercado externo, como demonstra reportagem publicada na edição de ontem do Correio do Estado, foi de 10,7%. Foram US$ 546,7 milhões em produtos locais, a maioria commodities, como milho e soja, enviados para o exterior. No mesmo mês do ano passado, foram vendidos a outros países US$ 493,8 milhões.

A expectativa é que as exportações continuem em alta nos próximos meses, uma boa notícia em meio aos sucessivos dados negativos divulgados desde o início deste ano.

O ganho de competitividade das commodities agrícolas foi impulsionado pela alta do dólar, pois na bolsa de Chicago (EUA), referência para cotação de grãos, os preços continuam praticamente os mesmos do ano passado na moeda norte-americana.

O aumento das exportações também significa uma luz no fim do túnel para o cenário de pessimismo de crise econômica pelo qual o Brasil está passando. Em primeiro lugar, porque proporciona uma virada na balança comercial, ajudando nas exportações, e injetando capital externo na combalida economia. 

Em segundo lugar, o saldo positivo das exportações também irriga um setor fundamental para a saúde econômica do Brasil e carro-chefe das atividades geradoras de emprego e renda em Mato Grosso do Sul: o agronegócio. Com mais recursos provenientes deste setor poderá haver um fôlego na cadeia que envolve não somente produtores rurais, mas também vendedores de insumos, trabalhadores do setor agrícola, e também máquinas, implementos e automóveis. 

Em meio ao cenário de turbulência política, decisões desastradas no setor econômico, e redução de renda e emprego, a entrada de dólares nas exportações dá sustentação a um mantra utilizado frequentemente pelos produtores rurais: a de que o agronegócio sustenta o Brasil. 

De fato, somente o setor agrícola tem obtido bons resultados em um cenário de retração na indústria, no comércio e na prestação de serviços. O bom desempenho nas vendas de grãos ao mercado externo deve ser lembrado e valorizado pelas autoridades, certamente está neste setor um dos caminhos para o fim da crise.

EDITORIAL

Crises de fim de ano expõem falha na gestão

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa

19/12/2025 07h15

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A virada para 2026 entra para a história recente de Campo Grande como uma das mais conturbadas dos últimos anos. Talvez desde meados da década passada não se via uma sucessão tão clara de crises financeiras e falhas na engrenagem dos serviços públicos locais justamente no momento em que a cidade deveria buscar estabilidade para atravessar o novo ano.

O problema não é pontual tampouco isolado: ele se repete em áreas essenciais e expõe fragilidades estruturais que vêm sendo empurradas com a barriga.

A greve do transporte coletivo, encerrada apenas no início da noite de ontem, é um retrato fiel desse cenário. Durante quatro dias, a população ficou refém de um sistema que parou porque o Consórcio Guaicurus não tinha recursos para pagar salários.

A solução não veio de uma gestão eficiente ou de um planejamento responsável, mas de um socorro emergencial do governo do Estado, que antecipou mais de R$ 3 milhões referentes a uma das parcelas do subsídio ao passe do estudante. Ou seja, o serviço só voltou a funcionar quando o dinheiro público entrou para tapar mais um buraco.

Situação semelhante se repete na Saúde. A Santa Casa, há anos em crise, agora está sob determinação judicial para apresentar um plano capaz de enfrentar um deficit que parece não ter fim. No transporte coletivo, a Justiça foi além e determinou uma intervenção no consórcio responsável pelo serviço.

Quando decisões judiciais passam a ditar os rumos da gestão, fica evidente que algo falhou muito antes, seja na formulação dos contratos, seja na fiscalização ou na condução cotidiana desses serviços.

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa e, principalmente, de quem deveria fiscalizar contratos milionários. Não se trata apenas de escassez de recursos.

Trata-se de como esses recursos são utilizados, de modelos que se mostram esgotados e de contratos que não resistem ao primeiro choque mais sério.

O mais preocupante é que, mesmo após a injeção de milhões de reais do poder público na Santa Casa e no Consórcio Guaicurus, o dinheiro continua insuficiente. Isso deixa claro que o problema é estrutural.

As verbas estão, de fato, mais apertadas neste ano, mas a crise não nasceu agora. Ela é fruto de anos de escolhas erradas, de ausência de transparência e de tolerância com resultados ruins.

A virada de ano conturbada serve, portanto, como um alerta. Não basta apagar incêndios com aportes emergenciais, é preciso rever modelos, refazer contas, cobrar responsabilidades e, sobretudo, planejar com seriedade.

Caso contrário, Campo Grande corre o risco de transformar crises excepcionais em rotina permanente, e isso, definitivamente, a cidade não pode mais aceitar.

ARTIGOS

O combalido Congresso Nacional

A prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um "orçamento secreto" que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite

18/12/2025 07h45

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Para falar sobre o tema, não poderia deixar de citar uma frase célebre do ilustre brasileiro Ruy Barbosa, que foi político, jurista, advogado, diplomata e jornalista, nascido em 1849 e falecido em 1923.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Uma frase com cerca de um século de sua criação nunca foi tão atual, se comparada com os mórbidos acontecimentos vividos neste último período pela Câmara dos Deputados.

Fica evidente a prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um “orçamento secreto” que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite, propiciando a prática de atos ilícitos e imorais, travestidos de legalidade.

Deputados processados pelos mais variados tipos de crime, inclusive de lesa-pátria, incitando nação poderosa a invadir nosso país e a causar enormes prejuízos às classes produtoras e trabalhadoras, que geram as receitas que proporcionam a força necessária ao bom funcionamento da roda da economia.

Pior: parece que tudo o que vem acontecendo é encarado como fato corriqueiro pelo comandante da Câmara dos Deputados, que até chegou a ser deposto de sua cadeira por um grupo de parlamentares desordeiros e, até o momento, sem qualquer punição.

As telecomunicações alcançaram níveis impensáveis em termos de transmissão de dados, como imagens e sons de alta precisão, e, com isso, o planeta Terra tem assistido às barbáries ocorridas no plenário da Casa de Leis, habitada por um seleto grupo de homens e mulheres escolhidos pelo voto e que lhes proporciona os mais variados tipos de privilégios, consumindo recursos bilionários oriundos de pessoas físicas e jurídicas pagadoras de impostos, que não veem o necessário retorno em obras e serviços essenciais, como saúde, segurança pública e transportes.

Um fator preponderante para a continuidade desses desmandos é a hereditariedade nos cargos políticos, em que os ungidos não precisam provar capacidade técnica ou profissional para exercer um mandato.

Basta ter QI de força para manter em cabrestos os seus apaniguados, com nomeações que os tornam fiéis aos seus patrões e que, quase sempre, só deixam o cargo aposentados, com gordos salários, diferentemente do trabalhador brasileiro aposentado pelo famigerado INSS.

No ano que vem, teremos eleições majoritárias. É evidente que quem está lá não quer sair, mas está passando da hora de o cidadão consciente valorizar o poder de sua arma, qual seja, o Título Eleitoral, para promover a varredura necessária no Poder Legislativo, tanto federal como estaduais.

Por uma questão de justiça, a exceção se faz em relação aos parlamentares que reconhecidamente prestam bons serviços à comunidade.

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