Artigos e Opinião

CORREIO DO ESTADO

Editorial deste sábado: "Por um trânsito mais seguro"

Editorial deste sábado: "Por um trânsito mais seguro"

Redação

15/08/2015 - 00h00
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O que deve ser levado em consideração é que há outros fatores que contribuem para mais mortes e acidentes no trânsito. Um deles, é a infraestrutura de ruas e avenidas.

O trânsito de Campo Grande já acumula 48 mortes desde o início do ano. Número que serve de alerta aos motoristas e deveria despertar preocupação nas autoridades locais. Deste total de vítimas, 32 são motociclistas, outro dado importante para entender o problema que o trânsito causa não somente na famílias das vítimas, ou com as centenas de pessoas que ficam feridas devido às tragédias.

O que é necessário para tornar o trânsito de Campo Grande mais seguro e ordenado, não é somente educação dos motoristas e maior rigor na fiscalização por parte da Polícia Militar, Agência Municipal de Trânsito (Agetran) e Guarda Municipal, únicos temas abordados pelas autoridades, sempre quando a quantidade de acidentes aumenta.

Evidente que um motorista bem preparado, que tenha consciência de todas as leis de trânsito, e que as cumpra, sobretudo pelo temor de ser multado ou até mesmo preso, é essencial para uma perfeita convivência entre motoristas de carros, caminhões e motocicletas e ciclistas e pedestres. Mas há outros fatores que também influenciam nos índices de violência.

que deve ser levado em consideração é que há outros fatores que contribuem para mais mortes e acidentes no trânsito. Um deles, é a infraestrutura. Ruas bem sinalizadas, com asfalto em boas condições (sem buracos ou obstáculos) também reduzem a violência, e aumentam o respeito às leis de trânsito, segundo estudos de vários órgãos da área, entre eles o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Em vias em que as faixas estão devidamente pintadas e as placas estão instaladas, os motoristas repeitam as leis de trânsito em um primeiro momento, simplesmente porque a sinalização a todo momento, os lembra das regras do jogo.

As autoridades municipais e estaduais também devem buscar uma solução para reduzir a mortalidade de motociclistas, categoria que mais se envolve em acidentes. O caminho para aumentar o respeito dos condutores de motocicleta às leis de trânsito é mais fiscalização (como já tem ocorrido, com o reforço das blitze pela Polícia Militar), mais rigor com os motociclistas que cometem infrações, e políticas públicas para desencorajar o uso da motocicleta (melhoria no transporte público e restrições de tráfego, por exemplo.

A redução da quantidade de mortes e acidentes no trânsito da Capital também passa não somente por uma maior atuação nas autoridades em todas as frentes possíveis: fiscalização, policiamento, educação e infraestrutura. Também cabe ao cidadão cobrar respeito às leis de trânsito a quem flagrantemente desobedece as regras. A reprovação social ao motorista que faz uma conversão indevida, estaciona em local proibido, dirige na contramão ou acima dos limites de velocidade, contribui para acabar com a ainda dominante cultura do jeitinho, e substituí-la pela cultura do respeito às leis e às outras pessoas, da dignidade humana, e da tolerância. 

EDITORIAL

É preciso passar um pente-fino na Cosip

O que a sociedade exige e com razão é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte

20/12/2025 07h15

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A deflagração da Operação Apagar das Luzes, nesta sexta-feira, pelo Grupo Especializado de Combate à Corrupção (Gecoc) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), é mais um daqueles episódios que deixam claro que a iluminação pública de Campo Grande guarda muito mais sombras do que se imaginava.

E, ao que tudo indica, ainda há muito a ser revelado sobre contratos, cifras e responsabilidades envolvendo um serviço essencial para a cidade.

Campo Grande figura entre os municípios que mais arrecadam no Brasil com a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip). Trata-se de uma arrecadação robusta, bilionária ao longo dos anos, paga mensalmente pelo cidadão na conta de energia elétrica.

Ainda assim, a realidade vista nas ruas é contraditória: bairros inteiros convivem com postes apagados, avenidas mal iluminadas e áreas que se tornam vulneráveis à criminalidade justamente pela ausência de luz.

A investigação que apura fraudes estimadas em R$ 62 milhões lança uma pergunta inevitável: como é possível faltar iluminação em um município que arrecada tanto?

Reportagem publicada pelo Correio do Estado no ano passado mostrou que a Cosip de Campo Grande superava, à época, a arrecadação de Curitiba – cidade com mais que o dobro da população. Mesmo assim, a capital sul-mato-grossense convive com um serviço precário e reclamações recorrentes da população.

O mais preocupante é que essas suspeitas de irregularidades surgem em meio a um discurso constante de crise financeira propagado pela administração municipal.

Se confirmadas, as fraudes não estariam ocorrendo em um cenário de escassez, mas sim em um verdadeiro manancial de recursos. Isso agrava ainda mais o quadro, pois revela que o problema pode não ser falta de dinheiro, mas falhas graves de gestão, fiscalização e zelo com o dinheiro público.

É legítimo esperar explicações detalhadas sobre os contratos firmados, os critérios de pagamento e a execução dos serviços. Mas isso, por si só, não basta. O que a sociedade exige – e com razão – é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte, que deveria retornar em forma de ruas iluminadas, mais segurança e melhor qualidade de vida.

Nesse contexto, o trabalho do Gecoc merece reconhecimento. Mais uma vez, o MPMS cumpre seu papel institucional de investigar, cobrar respostas e iluminar áreas em que a administração pública falhou.

Combater a corrupção não é apenas punir culpados, mas também criar condições para que os serviços públicos funcionem melhor e com mais eficiência.

Iluminação pública não é luxo. É segurança, mobilidade e dignidade urbana. Se há dinheiro sobrando e luz faltando, algo está profundamente errado – e precisa ser corrigido com urgência, transparência e responsabilidade.

ARTIGOS

Redes sociais: o "estacionamento" da reputação corporativa

Qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial

19/12/2025 07h45

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No ambiente corporativo contemporâneo, a fronteira entre opinião pessoal e responsabilidade profissional se tornou quase invisível. Com a hiperconectividade, qualquer manifestação nas redes sociais tem potencial para alcançar ampla visibilidade. Um único comentário ofensivo de um funcionário é capaz de comprometer a confiança interna, afetar a reputação da marca e desencadear litígios.

Quando as manifestações de funcionários ultrapassam o limite da crítica construtiva e se convertem em acusações ou declarações com potencial de impactar negativamente a imagem e a credibilidade da organização, abre-se espaço a um debate essencial: qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial?

A repercussão, em casos como esse, costuma ser imediata. Colegas, clientes, fornecedores e demais parceiros têm acesso ao conteúdo, potencializando seus efeitos e ampliando o risco reputacional.

Qualquer que seja o caminho de resposta, a análise jurídica deve ser cuidadosa. A Consolidação das Leis do Trabalho (art. 482, alíneas j e k) prevê a possibilidade de dispensa por justa causa quando o empregado pratica ato lesivo à honra ou à boa fama de qualquer pessoa “no serviço”, especialmente quando dirigido ao empregador ou superiores hierárquicos.

A jurisprudência tem entendido que publicações em redes sociais podem produzir efeitos equivalentes aos de condutas praticadas no ambiente físico de trabalho, legitimando a aplicação da penalidade.

A Constituição Federal (art. 5º, incisos IV, V e X) assegura a liberdade de expressão, mas estabelece limites claros quando essa manifestação viola direitos relacionados à honra, à imagem e à dignidade. Já o Marco Civil da Internet reforça mecanismos de responsabilização de plataformas mediante notificação, permitindo respostas mais ágeis a conteúdos ilícitos.

Com a evolução da sociedade, a linha que separa opinião de ofensa se tornou cada vez mais tênue. A liberdade de expressão é garantida, mas não é absoluta: quando a crítica se transforma em injúria ou difamação, há quebra de confiança, podendo configurar justa causa, inclusive quando a conduta ocorre fora do expediente.

O desafio, agora, reside na interpretação. A definição do que constitui “crítica legítima” ou “falta grave” ainda é variável entre diferentes julgadores, o que aumenta o risco de reversão de penalidades, pedidos de indenização e danos à reputação corporativa.

Em um ambiente empresarial cada vez mais exposto ao escrutínio público, sobretudo nas redes sociais, torna-se imprescindível que as organizações adotem políticas claras, protocolos seguros de apuração e documentação robusta para fundamentar suas decisões e que as decisões e a gestão de tópicos sensíveis considerem estratégia, cautela e respaldo técnico.

Condutas inadequadas de colaboradores podem gerar impactos relevantes, mas a resposta empresarial deve estar alinhada à legislação e às melhores práticas de governança.

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