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Estratégico para alimentar o mundo, fertilizante também ajuda a preservar o meio ambiente

Os fertilizantes desempenham um papel essencial na intensificação sustentável da agricultura, ajudando a produzir mais alimentos em menos espaço

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Quando se trata de fertilizantes, o equilíbrio é vital, a dose certa no momento certo permite que as culturas prosperem e ajudem a alimentar uma população mundial em crescimento. Mas o excesso pode prejudicar as lavouras, poluir o solo e a água e contribuir para o aquecimento global.

Como, então, encontrar o equilíbrio ideal? Uma das soluções está no manejo correto para otimizar a aplicação de fertilizantes e limitar seu impacto sobre o ambiente.

Nunca houve tantas bocas para alimentar no mundo, mas a solução não é usar mais fertilizantes. O uso excessivo é uma das razões pelas quais o setor agrícola se tornou, pouco a pouco, uma das principais fontes de gases de efeito estufa nos últimos anos.

Em 2014, o setor agrícola, incluindo a silvicultura e outros usos da terra, foi responsável por 24% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

É preciso proteger o meio ambiente e, ao mesmo tempo, apoiar os agricultores. Mas, para isso, é necessário, antes de tudo, entender com precisão como os fertilizantes interagem com o solo e as culturas.

O correto manejo dos fertilizantes permite encontrar formas viáveis de aumentar a produção de alimentos, ao mesmo tempo em que minimizamos ao máximo o impacto ambiental.

O desmatamento, especialmente em regiões tropicais, está fortemente associado à expansão agrícola. Quando os solos perdem produtividade por esgotamento de nutrientes ou manejo inadequado, a tendência é de abrir novas áreas para cultivo – muitas vezes à custa de florestas nativas.

Nesse contexto, os fertilizantes desempenham um papel essencial na intensificação sustentável da agricultura, ajudando a produzir mais alimentos em menos espaço.

O uso adequado de fertilizantes permite repor nutrientes essenciais ao solo e manter sua fertilidade ao longo do tempo. Isso significa que áreas já abertas para a agricultura podem continuar sendo produtivas, reduzindo a pressão por desmatamento.

Em outras palavras: quando um solo bem nutrido produz mais por hectare, é possível atender à demanda crescente por alimentos sem abrir novas áreas.

De acordo com estimativas da FAO e de centros de pesquisa agronômica, entre 40% e 60% dos ganhos de produtividade agrícola nas últimas décadas estão ligados ao uso de fertilizantes. Isso demonstra que, longe de serem um problema, os fertilizantes são aliados da conservação ambiental, desde que aplicados com base em boas práticas.

Em países como o Brasil, onde a agropecuária é um dos principais vetores de desmatamento, o aumento da produtividade em áreas já convertidas é uma das principais estratégias para conciliar produção e conservação.

O uso eficiente de fertilizantes em pastagens degradadas, por exemplo, pode dobrar a produtividade sem abrir um único hectare adicional. Isso é particularmente importante em biomas sensíveis como a Amazônia e o Cerrado.

A adubação correta e tecnificada é uma alternativa concreta à expansão agrícola baseada no desmatamento. Ao restaurar a fertilidade do solo e elevar a produtividade por hectare, os fertilizantes contribuem diretamente para a proteção de florestas, a mitigação das mudanças climáticas e a promoção de uma agricultura mais sustentável.

A aplicação adequada de fertilizantes repõe os nutrientes essenciais que as plantas retiram do solo durante seu crescimento. Elementos como nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), enxofre (S), cálcio (Ca), magnésio (Mg), além de micronutrientes como zinco (Zn) e boro (B), são fundamentais para o desenvolvimento saudável das plantas.

Além do volume de produção, os fertilizantes têm impacto direto sobre a composição nutricional dos alimentos. A deficiência de nutrientes no solo pode levar à colheita de produtos pobres em proteínas, vitaminas e minerais – o que contribui para a chamada “fome oculta”, quando há calorias suficientes, mas falta qualidade nutricional.

Estudos mostram que a aplicação adequada de zinco e ferro, por exemplo, aumenta a concentração desses minerais em grãos como o arroz e o trigo – importante para combater a anemia e deficiências nutricionais.

O enxofre é fundamental para a síntese de aminoácidos essenciais e melhora o teor de proteínas em leguminosas e oleaginosas. O potássio melhora a coloração, o sabor e o tempo de prateleira de frutas e hortaliças.

Em muitos países, os fertilizantes estão sendo usados como ferramentas de biofortificação agronômica – ou seja, a adição de nutrientes essenciais diretamente nas plantas, via solo ou foliar, para enriquecer os alimentos consumidos pela população.

Essa abordagem é especialmente importante em regiões onde há alta prevalência de carências nutricionais e baixa diversidade alimentar.

O uso racional de fertilizantes não apenas aumenta a produção de alimentos, como também melhora sua qualidade nutricional, com impactos positivos sobre a saúde pública e a segurança alimentar.

Ao nutrir o solo corretamente, garantimos plantas mais saudáveis, alimentos mais ricos e uma agricultura mais produtiva e sustentável.

Editorial

Estado acelera no etanol: energia verde

Basta circular pelas rodovias de MS para perceber os sinais dessa mudança. O fluxo crescente de caminhões-tanque não é por acaso nem por excesso pontual de safra

24/12/2025 07h15

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Talvez ainda não tenhamos nos dado conta da dimensão do que está acontecendo. Mas a produção de bioenergia está, literalmente, em pleno vapor no Brasil – e, de forma muito particular, em Mato Grosso do Sul. Trata-se de uma transformação silenciosa, que não costuma ganhar manchetes diárias, mas que pode ser decisiva para o futuro econômico, ambiental e estratégico do Estado e do País.

Basta circular pelas rodovias sul-mato-grossenses para perceber os sinais dessa mudança. O fluxo crescente de caminhões-tanque não é por acaso nem por excesso pontual de safra. Eles cruzam o Estado carregados de etanol anidro ou etanol hidratado, destinados para distribuidoras de todas as regiões do Brasil. É o retrato de uma cadeia produtiva em franca expansão, impulsionada por demanda crescente e por decisões estruturais que reposicionam o Brasil no mapa da transição energética.

Essa verdadeira revolução verde está acontecendo, de forma concreta, nos tanques de combustível. O consumo de etanol cresce, a produção acompanha esse ritmo e se diversifica, especialmente com o avanço do etanol de milho, no qual Mato Grosso do Sul se destaca nacionalmente. Soma-se a isso uma política energética relevante: a exigência de 30% de etanol anidro misturado a gasolina comercializada no País. Trata-se de uma regra estratégica, que reduz a emissão de poluentes, diminui a dependência do petróleo e fortalece uma matriz energética mais limpa e sustentável.

Não é pouca coisa. Em um mundo que busca, ainda de forma desigual, caminhos para a descarbonização, o Brasil dispõe de uma vantagem comparativa rara: a capacidade de produzir energia renovável em larga escala, com tecnologia, competitividade e menor impacto ambiental. Mato Grosso do Sul, nesse contexto, consolida-se como peça-chave. O Estado deixou de ser apenas um grande produtor agropecuário para se firmar como polo industrial de bioenergia, com usinas modernas, investimentos robustos e geração de empregos diretos e indiretos.

O Correio do Estado tem mostrado, ao longo dos últimos anos, a força crescente da indústria de etanol sul-mato-grossense. Não se trata apenas de números de produção ou de novos empreendimentos, mas de um reposicionamento econômico que altera a lógica de desenvolvimento regional. A bioenergia gera renda, movimenta cadeias logísticas, estimula inovação e amplia a arrecadação, ao mesmo tempo em que responde a uma das maiores urgências do nosso tempo: a necessidade de reduzir emissões e enfrentar as mudanças climáticas.

É claro que desafios permanecem. Infraestrutura, logística, regulação e planejamento de longo prazo precisam acompanhar esse crescimento para que ele seja sustentável em todos os sentidos. Mas o caminho está posto. O Estado já é, na prática, uma grande usina de energia verde a céu aberto, capaz de produzir combustível limpo, reduzir a pegada de carbono e contribuir para a segurança energética nacional.

Mais do que um ativo econômico, essa vocação representa uma responsabilidade. Mato Grosso do Sul pode – e deve – ser exemplo para o Brasil e para o mundo. A bioenergia não é promessa distante: ela já está nas estradas, nos tanques, nas usinas e no cotidiano da população. Cabe agora reconhecer essa realidade, valorizá-la e transformá-la em política de Estado, para que o desenvolvimento caminhe lado a lado com a sustentabilidade.

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O passado desafia a ciência

A teoria de Darwin, unanimidade na comunidade científica, trouxe a base para compreendermos a evolução das espécies, mas alguns pontos ainda intrigam

23/12/2025 07h45

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Ao longo da história, parece que nosso planeta foi palco de diferentes “camadas” de civilizações. Cada uma deixou marcas, enigmas e realizações que ainda hoje nos desafiam. Na camada atual, buscamos organizar o passado em linhas cronológicas, tentando conectar datas e teorias de evolução. Nem sempre, porém, essas conexões se sustentam de forma linear.

A teoria de Darwin, unanimidade na comunidade científica, trouxe a base para compreendermos a evolução das espécies. Mas alguns pontos ainda intrigam.

Há saltos inesperados e caminhos surpreendentes, como o caso do polvo – um animal com características biológicas únicas – ou o fator Rh negativo em humanos, cuja origem permanece pouco clara.

Esses exemplos alimentam a imaginação e levantam hipóteses sobre a Terra como possível “laboratório de experiências”.

Outro enigma fascinante é o surgimento e desaparecimento dos dinossauros. Eles habitaram todos os continentes e dominaram o planeta por milhões de anos. O fim abrupto, atribuído ao impacto de um meteoro na região do atual Golfo do México, teria desencadeado um inverno global que durou anos.

Para alguns, esse evento sugere não apenas um acidente cósmico, mas uma intervenção programada na história da vida.

Seguindo a linha do tempo, chegamos às primeiras civilizações humanas. Povos antigos demonstraram capacidades impressionantes: ergueram blocos de pedra de dezenas e até centenas de toneladas, como o monumental bloco de cerca de 570 toneladas na base da muralha em Jerusalém.

Além disso, desenvolveram conhecimentos científicos notáveis. Eratóstenes, físico e matemático grego, calculou a circunferência da Terra com precisão admirável há mais de dois milênios – e pensar que hoje ainda há quem defenda que o planeta seja plano.

Diante desse mosaico de enigmas, que vai dos saltos evolutivos às obras monumentais deixadas por povos antigos, o que realmente se evidencia é nossa inquietação ancestral. Cada hipótese, seja científica ou imaginativa, revela menos sobre o passado em si e mais sobre o desejo humano de construir sentido e reconhecer seu lugar na história do planeta.

É nesse espírito de investigação curiosa que em “Vale do Silêncio – O Enigma do Lago” não trago respostas, mas um convite, recriando, pela ficção, o impulso que sempre nos moveu: olhar para o inexplicável e ousar formular novas perguntas.

Ao final, não importa quão sólida seja uma teoria ou quão fantástica seja outra, o que permanece é a importância de continuar explorando e ampliando as possibilidades do que entendemos como origem.

Ao observar tantos pontos obscuros em nossa trajetória, fica claro que a humanidade ainda está longe de compreender completamente de onde veio. A ciência avança, corrige rumos, descarta teorias e propõe outras, mas deixa brechas que alimentam nosso impulso de investigar.

Cada lacuna é um convite para reexaminar certezas e assumir que parte do passado permanece fora do alcance. Especular não é apenas um exercício de imaginação, mas uma necessidade intelectual. Permite explorar caminhos improváveis, levantar hipóteses e reconhecer que a história humana é maior do que qualquer narrativa linear.

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