Artigos e Opinião

EDITORIAL

Etanol de milho e a força de MS

Hoje, ao lado do etanol de cana-de-açúcar, o combustível de milho está presente nas bombas dos postos brasileiros, tornando-se parte do cotidiano dos motoristas

Continue lendo...

O etanol de milho deixou de ser uma aposta de futuro para se transformar em uma realidade concreta no Brasil, especialmente em Mato Grosso do Sul. O Estado já é considerado um dos polos mais dinâmicos dessa cadeia produtiva, que se consolidou em poucos anos como um dos principais pilares do setor energético nacional.

Hoje, ao lado do etanol de cana-de-açúcar, o combustível de milho está presente nas bombas dos postos brasileiros, tornando-se parte do cotidiano dos motoristas e ajudando o País a trilhar um caminho de independência energética, além de colocar o Brasil em posição de vantagem diante do cenário internacional.

A importância do etanol de milho não está apenas no campo da diversificação. Trata-se de uma estratégia de soberania energética.

Quanto mais o Brasil avançar nessa produção, mais autossuficiente será e menos dependente do petróleo estará, o que significa não apenas ganhos ambientais, mas também estabilidade econômica. Ao fortalecer sua matriz renovável, o Brasil se protege dessas oscilações externas e ainda cria novas oportunidades para a agroindústria.

Um ponto frequentemente levantado por críticos é a suposta competição entre a produção de etanol de milho e a produção de alimentos. A preocupação é legítima, mas não encontra respaldo na realidade brasileira. No momento, e mesmo em um futuro próximo, essa competição não existe. Há uma lógica de equilíbrio de demanda que garante a convivência entre os diferentes usos do milho.

Além disso, o Brasil conta com a forte presença do etanol de cana-de-açúcar, o que confere ao setor flexibilidade: se aumenta a procura por milho, cresce proporcionalmente a produção de etanol de cana. Essa alternância impede que falte alimento e, ao mesmo tempo, garante oferta de energia renovável.

Mais do que isso: a produção de etanol de milho dá previsibilidade ao produtor rural, que passa a ter a segurança de que sua colheita será absorvida pelo mercado. Trata-se de um contrato implícito entre o campo e a indústria, capaz de fortalecer o agronegócio e trazer estabilidade de renda ao agricultor.

Ao ter a certeza de que haverá compradores, o produtor pode planejar melhor suas safras e investimentos, estimulando a produtividade e a inovação. É um círculo virtuoso.

O Brasil tem, nesse cenário, uma vantagem que poucos países do mundo têm: a abundância de fontes energéticas. Somos privilegiados por dispor de petróleo, gás e hidrelétricas, mas o diferencial mais promissor está justamente nas energias renováveis, como a solar, a eólica, a biomassa e, agora, o etanol de milho.

Mato Grosso do Sul, nesse contexto, é um protagonista. O Estado, que já se destacava na produção de cana e soja, agrega ao seu portfólio energético a força do milho, tornando-se um exemplo de como a integração entre agricultura e indústria pode gerar desenvolvimento sustentável.

Não se trata apenas de atender à demanda interna. Em um mundo que busca caminhos mais limpos e sustentáveis, o Brasil tem um papel central a desempenhar. A transição energética global, que exige a redução de emissões e o uso de alternativas ao petróleo, inevitavelmente passará pelo Brasil.

Temos terras férteis, tecnologia agrícola avançada e experiência acumulada em biocombustíveis. A soma desses fatores faz do País, e em especial de Mato Grosso do Sul, um ator indispensável para qualquer plano global de sustentabilidade.

Editorial

Estado acelera no etanol: energia verde

Basta circular pelas rodovias de MS para perceber os sinais dessa mudança. O fluxo crescente de caminhões-tanque não é por acaso nem por excesso pontual de safra

24/12/2025 07h15

Arquivo

Continue Lendo...

Talvez ainda não tenhamos nos dado conta da dimensão do que está acontecendo. Mas a produção de bioenergia está, literalmente, em pleno vapor no Brasil – e, de forma muito particular, em Mato Grosso do Sul. Trata-se de uma transformação silenciosa, que não costuma ganhar manchetes diárias, mas que pode ser decisiva para o futuro econômico, ambiental e estratégico do Estado e do País.

Basta circular pelas rodovias sul-mato-grossenses para perceber os sinais dessa mudança. O fluxo crescente de caminhões-tanque não é por acaso nem por excesso pontual de safra. Eles cruzam o Estado carregados de etanol anidro ou etanol hidratado, destinados para distribuidoras de todas as regiões do Brasil. É o retrato de uma cadeia produtiva em franca expansão, impulsionada por demanda crescente e por decisões estruturais que reposicionam o Brasil no mapa da transição energética.

Essa verdadeira revolução verde está acontecendo, de forma concreta, nos tanques de combustível. O consumo de etanol cresce, a produção acompanha esse ritmo e se diversifica, especialmente com o avanço do etanol de milho, no qual Mato Grosso do Sul se destaca nacionalmente. Soma-se a isso uma política energética relevante: a exigência de 30% de etanol anidro misturado a gasolina comercializada no País. Trata-se de uma regra estratégica, que reduz a emissão de poluentes, diminui a dependência do petróleo e fortalece uma matriz energética mais limpa e sustentável.

Não é pouca coisa. Em um mundo que busca, ainda de forma desigual, caminhos para a descarbonização, o Brasil dispõe de uma vantagem comparativa rara: a capacidade de produzir energia renovável em larga escala, com tecnologia, competitividade e menor impacto ambiental. Mato Grosso do Sul, nesse contexto, consolida-se como peça-chave. O Estado deixou de ser apenas um grande produtor agropecuário para se firmar como polo industrial de bioenergia, com usinas modernas, investimentos robustos e geração de empregos diretos e indiretos.

O Correio do Estado tem mostrado, ao longo dos últimos anos, a força crescente da indústria de etanol sul-mato-grossense. Não se trata apenas de números de produção ou de novos empreendimentos, mas de um reposicionamento econômico que altera a lógica de desenvolvimento regional. A bioenergia gera renda, movimenta cadeias logísticas, estimula inovação e amplia a arrecadação, ao mesmo tempo em que responde a uma das maiores urgências do nosso tempo: a necessidade de reduzir emissões e enfrentar as mudanças climáticas.

É claro que desafios permanecem. Infraestrutura, logística, regulação e planejamento de longo prazo precisam acompanhar esse crescimento para que ele seja sustentável em todos os sentidos. Mas o caminho está posto. O Estado já é, na prática, uma grande usina de energia verde a céu aberto, capaz de produzir combustível limpo, reduzir a pegada de carbono e contribuir para a segurança energética nacional.

Mais do que um ativo econômico, essa vocação representa uma responsabilidade. Mato Grosso do Sul pode – e deve – ser exemplo para o Brasil e para o mundo. A bioenergia não é promessa distante: ela já está nas estradas, nos tanques, nas usinas e no cotidiano da população. Cabe agora reconhecer essa realidade, valorizá-la e transformá-la em política de Estado, para que o desenvolvimento caminhe lado a lado com a sustentabilidade.

Assine o Correio do Estado

ARTIGOS

O passado desafia a ciência

A teoria de Darwin, unanimidade na comunidade científica, trouxe a base para compreendermos a evolução das espécies, mas alguns pontos ainda intrigam

23/12/2025 07h45

Continue Lendo...

Ao longo da história, parece que nosso planeta foi palco de diferentes “camadas” de civilizações. Cada uma deixou marcas, enigmas e realizações que ainda hoje nos desafiam. Na camada atual, buscamos organizar o passado em linhas cronológicas, tentando conectar datas e teorias de evolução. Nem sempre, porém, essas conexões se sustentam de forma linear.

A teoria de Darwin, unanimidade na comunidade científica, trouxe a base para compreendermos a evolução das espécies. Mas alguns pontos ainda intrigam.

Há saltos inesperados e caminhos surpreendentes, como o caso do polvo – um animal com características biológicas únicas – ou o fator Rh negativo em humanos, cuja origem permanece pouco clara.

Esses exemplos alimentam a imaginação e levantam hipóteses sobre a Terra como possível “laboratório de experiências”.

Outro enigma fascinante é o surgimento e desaparecimento dos dinossauros. Eles habitaram todos os continentes e dominaram o planeta por milhões de anos. O fim abrupto, atribuído ao impacto de um meteoro na região do atual Golfo do México, teria desencadeado um inverno global que durou anos.

Para alguns, esse evento sugere não apenas um acidente cósmico, mas uma intervenção programada na história da vida.

Seguindo a linha do tempo, chegamos às primeiras civilizações humanas. Povos antigos demonstraram capacidades impressionantes: ergueram blocos de pedra de dezenas e até centenas de toneladas, como o monumental bloco de cerca de 570 toneladas na base da muralha em Jerusalém.

Além disso, desenvolveram conhecimentos científicos notáveis. Eratóstenes, físico e matemático grego, calculou a circunferência da Terra com precisão admirável há mais de dois milênios – e pensar que hoje ainda há quem defenda que o planeta seja plano.

Diante desse mosaico de enigmas, que vai dos saltos evolutivos às obras monumentais deixadas por povos antigos, o que realmente se evidencia é nossa inquietação ancestral. Cada hipótese, seja científica ou imaginativa, revela menos sobre o passado em si e mais sobre o desejo humano de construir sentido e reconhecer seu lugar na história do planeta.

É nesse espírito de investigação curiosa que em “Vale do Silêncio – O Enigma do Lago” não trago respostas, mas um convite, recriando, pela ficção, o impulso que sempre nos moveu: olhar para o inexplicável e ousar formular novas perguntas.

Ao final, não importa quão sólida seja uma teoria ou quão fantástica seja outra, o que permanece é a importância de continuar explorando e ampliando as possibilidades do que entendemos como origem.

Ao observar tantos pontos obscuros em nossa trajetória, fica claro que a humanidade ainda está longe de compreender completamente de onde veio. A ciência avança, corrige rumos, descarta teorias e propõe outras, mas deixa brechas que alimentam nosso impulso de investigar.

Cada lacuna é um convite para reexaminar certezas e assumir que parte do passado permanece fora do alcance. Especular não é apenas um exercício de imaginação, mas uma necessidade intelectual. Permite explorar caminhos improváveis, levantar hipóteses e reconhecer que a história humana é maior do que qualquer narrativa linear.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).