Artigos e Opinião

ARTIGO

Fausto Matto Grosso: "Até quando?"

Engenheiro civil e professor aposentado da UFMS

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O mandato do presidente Bolsonaro vai até 31 de dezembro de 2022. Por mais que muitos o odeiem, ninguém poderá tirá-lo do poder a não ser ele mesmo, por seus atos ou omissões. Por que então, veladamente, tantos se perguntam, até quando ele se aguenta?

Um governo tem de, entre acerto e erros, apresentar sempre um balanço minimamente positivo. 

O economista chileno Carlos Matus, em seu clássico “Estratégias Políticas”, indicava que o balanço geral de governo deve ter três componentes fundamentais – o macroeconômico, o político e o da solução dos problemas sentidos pela população. 

Na esfera macroeconômica, o governo não apresenta resultados satisfatórios. A previsão da taxa de crescimento do PIB para 2019 chegou a 0,81%, após 20 reduções consecutivas. A inflação deve chegar a 3,89% este ano, a menor desde maio de 2006, revelando uma grande redução do consumo das famílias.

A taxa básica de juros deve encerrar o ano em 5,50%, com viés de alta para os próximos dois anos.

A cotação do dólar saltou para 4,10 reais, acumulando a maior alta semanal desde agosto do ano passado. Quando o dólar sobe, facilita a vida dos nossos exportadores e também poderia atrair mais investimento estrangeiro. Mas a política externa do presidente Bolsonaro, de total alinhamento com os EUA, cria problemas para o País, especialmente em relação à China, nosso maior mercado comprador e com grande potencial de investimento.

Diante desse quadro macroeconômico, o próprio presidente do Banco Central afirmou que sua única certeza é de que o crescimento econômico do Brasil será muito baixo, acompanhando também todas as economias do planeta. É por essa razão que as expectativas dos analistas de mercado e investidores com relação ao desempenho da economia brasileira, mesmo com uma alvissareira aprovação da reforma da Previdência, são pessimistas ou moderadas.

No aspecto político Bolsonaro também não se sai bem. Eleito em um partido de ocasião, não conseguiu até agora formar base estável no Congresso Nacional. Isso o tem levado a perder protagonismo político, inclusive no caso do seu principal projeto estratégico, que é o da reforma da Previdência. Todo o mérito é atribuído à Câmara dos Deputados e ao seu presidente Rodrigo Maia. Na relação com o Judiciário, colhe sucessivas derrotas, como, por exemplo, quanto à reedição de medidas provisórias derrotadas. 

Na política interna do governo predomina o conflito com as áreas técnicas, interferindo de maneira ditatorial e imprudente. Sua solução para esses conflitos é a pressão, a desqualificação, a destituição e a substituição por gente alinhada ao seu viés ideológico. 

Na relação política com a sociedade, o estilo Bolsonaro é baseado no conflito permanente. Voluntarista, desconstrói perigosamente a sua base eleitoral. É bom lembrar que a sua surpreendente votação foi circunstancial, pois, pelos menos, um terço dos seus votos foi dado contra o candidato do PT. 

Por fim, vai mal também na solução dos problemas que afetam a população. A mais recente pesquisa de opinião, contratada pela Confederação Nacional da Indústria, aponta que os principais problemas sentidos pela população são: desemprego (56%), corrupção (55%), saúde (47%) e segurança pública (38%). 

 A falta de resultados positivos nessas áreas de interesse público é medida pelas últimas pesquisas de opinião, que mostram que o presidente está mal. Tem menos apoio, nesse primeiro semestre, do que seus antecessores Collor, Sarney, Fernando Henrique, Lula e Dilma em idênticos períodos. Atualmente, suas ações polêmicas visam garantir o apoio do terço dos seus eleitores incondicionais. Mas até para isso tem de mostrar resultados. 

A sobrevivência de Bolsonaro está em suas mãos. Infelizmente não elegemos um estadista, mas um boquirroto despreparado para o cargo. Mas, enfim, o Brasil sobreviverá, mesmo pagando um alto preço. Quanto ao presidente, essa é a grande dúvida. Quosque tandem? 

EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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