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Fraude no INSS: quem protegerá os aposentados?

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Recente investigação da Polícia Federal trouxe à tona um dos episódios mais vergonhosos da administração pública brasileira: um esquema criminoso de descontos indevidos sistemáticos nos benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As apurações escancararam um escândalo de proporções nacionais, com vítimas em todos os estados, em sua maioria pessoas idosas, muitas vezes com pouca familiaridade com os meios digitais e com recursos limitados para reagir diante da injustiça.

Mais do que uma fraude financeira, estamos diante de um atentado contra a dignidade de quem passou a vida contribuindo com o sistema e, agora, em fase de descanso e merecido amparo, vê-se desprotegido. A vulnerabilidade exposta dos segurados evidencia o colapso de um sistema que deveria primar pela segurança e pela transparência. As falhas não são apenas técnicas, são morais e institucionais.

O caso revelou que entidades – muitas sem credibilidade ou autorização adequada – vinham lançando descontos nos contracheques dos beneficiários sem que houvesse consentimento expresso. Uma fraude travestida de associação, que drenava mensalmente valores preciosos da renda de quem vive, na maioria das vezes, com um salário mínimo.

O rombo financeiro causado aos aposentados é expressivo, mas o dano mais profundo é outro: a quebra de confiança em um sistema que deveria protegê-los. Quando um aposentado ou pensionista precisa se transformar em auditor de seus contracheques para não ser lesado, é sinal de que o pacto de solidariedade social que sustenta a Previdência está fragilizado.

A recomendação oficial é para que os segurados consultem regularmente seus extratos no site ou no aplicativo Meu INSS. Embora válida, transfere indevidamente a responsabilidade ao cidadão. Ora, não deveria caber ao idoso desconfiar de seu próprio benefício mensal. Essa função é do Estado, que arrecada compulsoriamente, administra os recursos e deve, minimamente, zelar por sua aplicação justa.

A realidade é ainda mais desalentadora. Mesmo nos casos em que se comprova o desconto indevido, a devolução não ocorre automaticamente. A reparação exige iniciativa da vítima, que precisa ingressar com pedido administrativo, buscar apoio jurídico ou se organizar em ações coletivas. Em um país que se orgulha de ter um sistema previdenciário robusto, o mínimo que se espera é que a devolução dos valores ocorra de forma célere, com correção monetária e indenização por danos morais.

Vale destacar que os segurados têm direito à restituição integral, mas, para isso, precisam enfrentar uma estrutura lenta e muitas vezes insensível. É urgente que o governo institua mecanismos automáticos de ressarcimento, sem necessidade de judicialização. A reparação deve ser tão sistemática quanto foi o prejuízo.

Também é fundamental que os órgãos de controle avancem para além da repressão pontual. O sistema precisa de auditorias regulares, transparência ativa e ferramentas de denúncia acessíveis. Não se trata apenas de punir os responsáveis, mas de prevenir novas violações. É preciso proteger os aposentados de novas armadilhas financeiras, especialmente aquelas disfarçadas de legalidade.

Enquanto isso, recomenda-se que todos os segurados verifiquem seus extratos detalhados – disponíveis no aplicativo ou no site do Meu INSS – e, caso encontrem descontos não autorizados, acionem imediatamente o INSS, entidades de defesa do consumidor ou o Judiciário. Também é possível, e recomendável, ativar o bloqueio de empréstimos e autorizações associativas, diretamente pela plataforma digital.

Por fim, é hora de um posicionamento firme da sociedade em defesa dos aposentados. O governo federal e o INSS têm que dar uma resposta urgente e imediata. O envelhecimento da população brasileira exige, mais do que nunca, um pacto de respeito e cuidado com os idosos. Permitir que fraudes como essa se perpetuem é não apenas uma falha administrativa, é um sintoma de descaso. E esse, o Brasil não pode mais tolerar.

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EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

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Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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