Artigos e Opinião

ARTIGOS

Frei Venildo e seus longos caminhos da vida

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Durante décadas nos acostumamos a acompanhar e a meditar sobre seus belos e valiosos ensinamentos, por meio da coluna semanal Caminhos da Vida, publicada todos os sábados no jornal Correio do Estado. Os temas sempre trouxeram mensagens de otimismo e incentivos àqueles que acreditam que a vida pode ser melhor, desde que nos proponhamos a seguir os ensinamentos do Mestre dos mestres, como o sacerdote sempre se referiu a Jesus Cristo.

Venildo Trevizan, o querido Frei Venildo, nasceu em Paraí (RS), em 5 de novembro de 1939, ingressou no seminário no dia 21 de janeiro de 1952 e foi ordenado presbítero em 10 de dezembro de 1967, em Porto Alegre (RS), mas desde a infância teve a sua vida dedicada às causas religiosas. Por muito tempo trabalhou no campo da comunicação, nos meios da imprensa escrita, rádio e televisão. Sempre gostou de priorizar a formação de lideranças, especialmente entre os jovens.

Na vida pastoral teve passagens por Porto Alegre (RS), Piracanjuba (GO), Brasília (DF), Anápolis (GO), Goiânia (GO), Rio Verde (GO) e Campo Grande (MS), tornando-se um grande líder na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, onde permanece até os dias de hoje, sendo muito querido por todos os paroquianos e a comunidade religiosa em geral. 

Em uma pesquisa rápida pela circunvizinhança da igreja, no Bairro Monte Líbano, na capital de MS, pode-se constatar o quanto o Frei Venildo é querido pelo povo da região, e todos são unânimes em apontar a sua bondade e atenção no trato com as pessoas durante todos os anos que esteve à frente dos trabalhos daquela importante Casa de Nossa Senhora. Por isso, foi com um pouco de surpresa que, ao fazer a leitura de seu tradicional e semanal artigo Caminhos da Vida, publicado no jornal de sábado, dia 26 de abril, verificamos que se tratava da última edição a ser impressa, após mais de 40 anos ininterruptos.

Ali, o Frei Venildo, que tanto escreveu sobre a fé, sobre Jesus Cristo e sobre os Caminhos da Vida, despedia-se emocionado de todos nós, comunicando o fim da coluna, mas não sem agradecer o carinho de todos os que o apoiaram nessa missão tão honrosa em proclamar aos quatro cantos o evangelho do Mestre dos mestres. Nós é que agradecemos ao senhor, Frei Venildo, por tantos anos de dedicação às causas do trabalho cristão e verdadeiro. Suas mensagens sempre estarão nas mentes daqueles que o acompanharam nesses longos tempos de pregação da palavra cristã, e haverão, certamente, de produzir frutos na realização da propagação do bem e da paz entre as pessoas de boa vontade. 

O mundo atual precisa mais do que nunca de pessoas que busquem a Deus e os ensinamentos daquele jovem galileu que apareceu um dia à beira-mar e saiu proclamando o amor e a união entre os homens. O senhor, Frei Venildo, compreendeu a mensagem de Jesus Cristo, ouviu os seus conselhos e fez de sua vida um exemplo para todos os jovens seminaristas que se aventurarem nessa jornada cansativa, mas recompensadora, pelas graças e misericórdias do Criador. 

Em seu último e derradeiro artigo, o senhor diz que “algo precisa acontecer, o mundo precisa ser melhor”. Esse apelo reflete amplamente a urgência que se faz necessária nas atitudes de todos nós e da adoção de novos rumos frente a tantos desencontros nas ações humanas. O ser humano caminha perigosamente em direções opostas aos ensinamentos do Mestre dos mestres, e para que “algo aconteça e o mundo se torne melhor”, a direção precisa ser revista urgentemente. Na estrada certa, no caminho ideal, Jesus Cristo aguarda a todos. Tomara que acertemos a direção. 

O Frei Venildo, hoje com quase 86 anos, permanece no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, lúcido e sorridente, sempre simpático aos que lhe se dignem a visitá-lo. Esse artigo é a demonstração do respeito, do carinho e da atenção que ele merece de todos nós. Obrigado, Frei Venildo Trevizan. Deus o abençoe, grandemente!

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EDITORIAL

Santa Casa refém da própria má gestão

A Santa Casa precisa de mais do que socorros emergenciais: precisa de coragem para mudar, responsabilidade na gestão e respeito por quem sustenta sua missão

23/12/2025 07h15

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A situação vivida pela Santa Casa de Campo Grande ao fim de mais um ano é, infelizmente, a repetição de um roteiro conhecido – e previsível.

Há, pelo menos, uma década, o maior hospital filantrópico do Estado é vítima não apenas de um sistema público de saúde subfinanciado, mas, sobretudo, de escolhas administrativas equivocadas, da falta de planejamento e de uma gestão que parece incapaz de romper com seus erros históricos.

Neste fim de ano, o cenário chega a um ponto simbólico e constrangedor: a instituição depende, literalmente, de um milagre para pagar o 13º salário de seus funcionários.

Profissionais que sustentam o atendimento diário de milhares de pacientes, que enfrentam plantões exaustivos, superlotação, escassez de insumos e pressão constante, agora convivem com a angústia de não saber se receberão um direito básico. Isso não honra o nome “Santa Casa”.

Não há justiça social, não há moralidade administrativa e tampouco humanidade em deixar esses trabalhadores à mercê da incerteza.

É evidente que o problema não se resume à gestão interna. O subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) é uma realidade nacional, e a Santa Casa, como tantas outras instituições filantrópicas, sofre com valores defasados, repasses insuficientes e atrasos frequentes.

O poder público tem, sim, parcela relevante de responsabilidade nesse quadro. Ignorar isso seria desonesto. No entanto, usar essa realidade como justificativa permanente para a ineficiência interna é igualmente inaceitável.

O que salta aos olhos é a aparente falta de disposição da administração do hospital em buscar eficiência, especialmente no campo financeiro.

Os números mostram que apenas o serviço da dívida – os juros e encargos pagos anualmente aos bancos – seria suficiente para quitar não apenas o 13º salário e evitar o acúmulo de outras obrigações em atraso, mas também de quitar quase toda a folha anual. Isso revela um modelo de gestão que prioriza a manutenção de passivos bancários em detrimento do compromisso com seus trabalhadores.

Mais uma vez, a saída apontada parece ser recorrer a novos empréstimos ou aguardar aportes emergenciais do poder público. Trata-se de um ciclo perverso. Endividar-se para cobrir despesas correntes, como folha de pagamento, não é uma estratégia de sustentabilidade; é um atalho para o colapso.

Empréstimos deveriam servir para investimentos, modernização, ganho de eficiência e redução de custos futuros – não para tapar buracos mensais de um caixa cronicamente desequilibrado.

O resultado é uma dívida cada vez menos saudável, maior dependência externa e nenhuma solução estrutural. Enquanto isso, a transparência sobre gastos, contratos e decisões estratégicas segue insuficiente, o que apenas aprofunda a desconfiança da sociedade e dos funcionários.

É lamentável que um hospital com tamanha importância social, histórica e simbólica chegue a esse ponto ano após ano. A Santa Casa precisa de mais do que socorros emergenciais: precisa de coragem para mudar, de responsabilidade na gestão e de respeito por quem sustenta a sua missão.

Sem isso, continuará sobrevivendo de milagres – e milagres, como se sabe, não fazem planejamento financeiro.

ARTIGOS

Terrorismo e religiosidade

Fundamentalismo dos terroristas de todos os matizes é antissemita, anticristão e anti-hislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio

22/12/2025 07h45

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A propósito do recente e trágico ataque ocorrido na Austrália, que vitimou diversas pessoas – algumas delas fatalmente – durante a pacífica celebração do Hanukkah, a festa das luzes da comunidade judaica, impõem-se algumas reflexões sobre os motivos e as consequências de tal ato.

À falta de definição mais apropriada, e sem entenderem bem o que teria motivado os ataques, aparentemente praticados por pessoas isoladas, os analistas chamaram a atenção para a facilidade com que se adquirem armamentos hoje em dia, fenômeno que ocorre também em nosso País.

É simbólico que a festa das luzes seja muito próxima dos festejos de Natal. Também no Tempo do Advento as luzes da coroa vão sendo acesas em crescente até que a Luz do Mundo venha a nascer na noite tão esperada pelos cristãos.

Jesus Cristo não selecionava ninguém. Qualquer pessoa seria bem acolhida por Ele, bastando que professasse o único mandamento propriamente cristão: ama o próximo como a ti mesmo. Aliás, o Cristo ia além e dizia: amai vossos inimigos, o que revela, igualmente, o modelo mais aberto de compreensão da pessoa do próximo.

Na verdade, o fundamentalismo dos terroristas – de todos os matizes – é antissemita, anticristão e anti-hislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio, a cultura de morte a que já se referia São João Paulo II.

Trata-se, portanto, do mesmo tipo de fundamentalismo que outros grupos de terroristas praticam para excluir as minorias de todo o tipo, mesmo as que não professem nenhuma crença.

É simbólico que tenha sido Ahmed, o sírio, a desarmar um dos terroristas, o que lhe custou dois ferimentos.

Esses terroristas disparam, inclusive pelos meios de comunicação virtual, contra todos aqueles que não pensam como eles. Eis quem são, em certo sentido, os verdadeiros fundamentalistas do ódio. Por que teriam escolhido a reunião do Hanukkah, tão plena de simbolismos?

Não nos prendamos a esse vetor. Basta atentar para os recentes ataques a uma mesquita e a uma feira natalina para que se ponha foco na essência do que está em jogo.

A enorme confusão ideológica e doutrinal do terrorismo revela, antes de tudo, mentes perturbadas, incapazes de discernir entre o bem e o mal. Ou, se quisermos embaralhar ainda mais as cartas, incapazes de discernir a esquerda da direita.

A confusão ideológica, aliás, não é apenas um sintoma de desordem mental, mas a estratégia consciente de aniquilar a pluralidade inerente à condição humana.

O extremismo, ao se apropriar de símbolos sagrados e transformá-los em bandeiras de exclusão, trai a própria essência de qualquer fé que pregue a transcendência e o amor ao Criador, pois desumaniza a criatura feita à sua imagem.

Desta forma, o verdadeiro combate ao terrorismo não se limita à repressão policial ou militar, mas passa necessariamente pela defesa intransigente da educação e do diálogo inter-religioso.

É a luz da razão e da tolerância que deve ser acesa para dissipar a escuridão do fanatismo, provando que a diferença de crença jamais pode ser motivo para a guerra, mas sim o motor para um enriquecimento mútuo da civilização.

Urge que os homens de boa vontade se ergam, em uníssono, em favor de uma cultura de paz e de liberdade religiosa, e que todas as luzes se acendam em alerta contra toda e qualquer manifestação terrorista.

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