Artigos e Opinião

OPINIÃO

Hermano Melo: "Salário do governador e Aquário do Pantanal"

Jornalista e escritor

Redação

08/01/2015 - 00h00
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No bojo de medidas anunciadas pelo novo governador de MS, Reinaldo Azambuja (PSDB) após tomar posse e visando contenção de despesas, duas delas chamam a atenção dos sul-mato-grossenses. A primeira diz respeito ao corte pela metade do salário do próprio mandatário estadual de R$ 26 mil para R$ 13 mil até o final de seu mandato em 2018. A segunda refere-se à constituição de comissão para auditar a aplicação de recursos públicos na construção do Aquário do Pantanal, cujo custo é estimado em R$ 244 milhões!

Em relação ao primeiro tópico, mesmo considerando que o governador eleito de MS seja o mais rico dentre todos os governadores eleitos em outubro passado no País – com patrimônio estimado de R$ 37.850.615,73 – não deixa de  ser significativo que ele anuncie “corte na própria carne”, para dar exemplo, quem sabe, de probidade administrativa.

Não seria necessário, porém, que o governador anunciasse aos quatro ventos que estava fazendo isso ou aquilo com o próprio salário, que é a remuneração justa que lhe é paga para exercer a função de mandatário-mor de MS. Para cumprir com o seu desiderato, se fosse o caso, bastaria que todo final do mês – e até 2018 – ele separasse a quantia que não lhe coubesse por decisão própria e a destinasse sem alarde a alguma instituição beneficente do Estado!

Quanto ao segundo item, há tempos que era realmente necessário fazer uma auditagem nas contas do “Aquário do Pantanal”, obra considerada prioritária pelo ex-governador André Puccinelli (PMDB).

Agora com a decisão tomada pelo governador Reinaldo Azambuja, a comissão criada por ele terá até 90 dias para fazer os levantamentos necessários a fim de apontar ou não irregularidades na aplicação dos recursos destinados à obra tão controversa.

Durante visita que fez ao canteiro de obras do Aquário do Pantanal em 05/01 último, apesar de ter classificado o empreendimento como “questionável sob todos os aspectos”, o governador Reinaldo Azambuja garantiu que o “Aquário” será concluído, mas somente após o final dos trabalhos da comissão de auditoria criada por ele.

Com isso repete-se cena que é por demais conhecida em todos os níveis da administração pública brasileira, quer seja municipal, estadual ou federal: a presença incômoda de exoesqueletos de obras grandiosas inacabadas que ficam à espera da boa vontade de novos governantes que assumem e que concluem algumas delas, mas que deixam outras inconclusas para o próximo governante.

Em relação ao “Aquário do Pantanal”, cabe reproduzir aqui artigo escrito por este autor e publicado no jornal Correio do Estado, em 19/10/2009: “Das 1.500 obras anunciadas recentemente (02/10) pelo governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), como parte do programa “MS Forte – Ações para o Desenvolvimento” e investimentos previstos de 3 bilhões de reais, uma foi considerada emblemática. Trata-se da construção do “Aquário do Pantanal” no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, MS, que deverá ser concluída entre dezembro de 2010 e início de 2011. Dessa forma, a Cidade Morena vai entrar para um seleto rol de cidades do Brasil e do mundo a possuir um aquário gigante aberto à visitação pública”. 

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EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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