No bojo de medidas anunciadas pelo novo governador de MS, Reinaldo Azambuja (PSDB) após tomar posse e visando contenção de despesas, duas delas chamam a atenção dos sul-mato-grossenses. A primeira diz respeito ao corte pela metade do salário do próprio mandatário estadual de R$ 26 mil para R$ 13 mil até o final de seu mandato em 2018. A segunda refere-se à constituição de comissão para auditar a aplicação de recursos públicos na construção do Aquário do Pantanal, cujo custo é estimado em R$ 244 milhões!
Em relação ao primeiro tópico, mesmo considerando que o governador eleito de MS seja o mais rico dentre todos os governadores eleitos em outubro passado no País – com patrimônio estimado de R$ 37.850.615,73 – não deixa de ser significativo que ele anuncie “corte na própria carne”, para dar exemplo, quem sabe, de probidade administrativa.
Não seria necessário, porém, que o governador anunciasse aos quatro ventos que estava fazendo isso ou aquilo com o próprio salário, que é a remuneração justa que lhe é paga para exercer a função de mandatário-mor de MS. Para cumprir com o seu desiderato, se fosse o caso, bastaria que todo final do mês – e até 2018 – ele separasse a quantia que não lhe coubesse por decisão própria e a destinasse sem alarde a alguma instituição beneficente do Estado!
Quanto ao segundo item, há tempos que era realmente necessário fazer uma auditagem nas contas do “Aquário do Pantanal”, obra considerada prioritária pelo ex-governador André Puccinelli (PMDB).
Agora com a decisão tomada pelo governador Reinaldo Azambuja, a comissão criada por ele terá até 90 dias para fazer os levantamentos necessários a fim de apontar ou não irregularidades na aplicação dos recursos destinados à obra tão controversa.
Durante visita que fez ao canteiro de obras do Aquário do Pantanal em 05/01 último, apesar de ter classificado o empreendimento como “questionável sob todos os aspectos”, o governador Reinaldo Azambuja garantiu que o “Aquário” será concluído, mas somente após o final dos trabalhos da comissão de auditoria criada por ele.
Com isso repete-se cena que é por demais conhecida em todos os níveis da administração pública brasileira, quer seja municipal, estadual ou federal: a presença incômoda de exoesqueletos de obras grandiosas inacabadas que ficam à espera da boa vontade de novos governantes que assumem e que concluem algumas delas, mas que deixam outras inconclusas para o próximo governante.
Em relação ao “Aquário do Pantanal”, cabe reproduzir aqui artigo escrito por este autor e publicado no jornal Correio do Estado, em 19/10/2009: “Das 1.500 obras anunciadas recentemente (02/10) pelo governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), como parte do programa “MS Forte – Ações para o Desenvolvimento” e investimentos previstos de 3 bilhões de reais, uma foi considerada emblemática. Trata-se da construção do “Aquário do Pantanal” no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, MS, que deverá ser concluída entre dezembro de 2010 e início de 2011. Dessa forma, a Cidade Morena vai entrar para um seleto rol de cidades do Brasil e do mundo a possuir um aquário gigante aberto à visitação pública”.
Precisa dizer mais alguma coisa?


