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IA e mudanças climáticas: como prevenir desastres

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As consequências das mudanças climáticas estão cada vez mais visíveis ao redor do mundo. No Brasil, por exemplo, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que 60% do céu de todo o território nacional foi tomado pela fumaça em razão das queimadas, que, em grande parte, são consideradas criminosas.

O aumento das  queimadas nas florestas, por sua vez, evidencia as mudanças climáticas. Em 2022, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou um relatório destacando que as queimadas poderiam aumentar em 50% até 2100, como consequência dessas alterações. 

As mudanças extremas das condições climáticas aumentam a frequência de desastres, que geram um impacto negativo tanto na economia quanto no meio ambiente, o que exige dos governos o uso de ferramentas em prol da resiliência deste cenário.

Nesse contexto, a inteligência artificial (IA) é uma opção para oferecer mais transparência e controle sobre as variáveis que causam desastres, sejam eles naturais ou criminosos.

Esta tecnologia está começando a ser utilizada na prevenção das queimadas em florestas, pela capacidade de análise rápida por meio de dados de satélites, sensores e históricos que visam reduzir o tempo de resposta, sendo especialmente útil para avaliar queimadas e identificar as áreas de risco, ajudando na alocação eficiente de recursos em tempo hábil para combater o avanço do fogo.

Por exemplo, existem soluções que identificam precocemente as queimadas florestais por meio da IA e das imagens de satélite.

Além disso, a IA tem a capacidade de diferenciar se um incêndio tem origem natural ou criminosa, baseando-se em variáveis da biodiversidade e identificando áreas de interesse, especialmente durante períodos de estiagem.

Em casos de queimadas criminosas, por exemplo, o foco da inteligência artificial está na redução do tempo de resposta e na detecção antecipada da extensão do problema, utilizando câmeras e sensores que ampliam a capacidade de monitoramento, sobretudo em áreas vulneráveis. 

Também é possível utilizar a IA em diferentes aspectos da prevenção e da ação frente aos desastres climáticos, como na Superintendência Estadual de Tecnologia da Informação e Comunicação (Setic) e no Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), que desenvolveram um chatbot para o fornecimento, em tempo real, de informação necessária para que os usuários possam agir durante uma crise ambiental.

Outro exemplo é a utilização de uma rede de câmeras no topo de montanhas. Esses dispositivos giram de forma contínua em 360 graus a cada minuto, capturando dados e guardando-os na nuvem.

Com essa informação, a IA delimita as seções em que detecta os primeiros tufos de fumaça, ou as áreas vulneráveis a futuras queimadas, para a prevenção de acidentes. 

Não podemos também deixar de lado outros recursos importantes para a prevenção de incêndios, como a utilização de drones e satélites por meio da inteligência artificial, que monitoram ecossistemas.

Esses recursos visam mitigar acidentes rapidamente, graças ao alcance e ao dinamismo da IA na análise de dados. Nesse prisma, temos de considerar a variedade de soluções disponíveis que podem ser utilizadas, não só para fazer frente aos desastres climáticos como para a prevenção.

A IA, assim como outras tecnologias, é, hoje, parte estratégica para melhorar a governança de dados desse tipo de crise. 

No entanto, é essencial que a tecnologia seja acompanhada de estratégias integradas e de colaboração contínua entre governos, empresas e sociedade, para maximizar seu impacto positivo e fazer da inovação um compromisso com a sustentabilidade do planeta.

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O aumento nos diagnósticos de autismo e TDAH

07/10/2024 07h45

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O aumento no número de diagnósticos de Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e de Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem gerado debates entre especialistas.

E isso graças ao maior acesso à informação, aos profissionais de saúde mental, aos educadores e aos pais, que agora entendem melhor os traços associados a esses transtornos.

Essa conscientização aumentada levou a uma identificação mais precisa e oportuna, permitindo que os indivíduos recebam suporte apropriado mais precocemente na vida.

Além disso, os avanços em métodos de avaliação aumentaram a identificação de pessoas neurodivergentes com apresentações difíceis de serem notadas na superfície.

É notável que a expansão dos critérios diagnósticos desempenhou um papel significativo no aumento da identificação de TEA e TDAH.

Até meados dos anos 2000, esses marcadores eram mais restritos, focando em comportamentos observáveis específicos.

Portanto, seu aprimoramento ajuda a garantir que os indivíduos recebam suporte e intervenções adequados, adaptados as suas necessidades. 

Vale destacar ainda que essa elevação ajudou a reduzir os estigmas em torno do TEA e do TDAH.

À medida que mais indivíduos recebem diagnósticos precisos, eles são capacitados para compartilhar suas experiências, defender suas necessidades e contribuir para discussões públicas.

Essa visibilidade promove compreensão, empatia e aceitação dentro da sociedade e contribui para que as comunidades, escolas, locais de trabalho e sistemas de saúde percebam que é preciso se acomodar às necessidades de indivíduos neurodivergentes, promovendo uma sociedade mais equitativa.

Mas, se por um lado o crescimento está ligado à maior conscientização, esse fato também levanta preocupações.

Estamos mais informados, o que é positivo, mas precisamos ter cautela para evitar diagnósticos apressados, sem o devido acompanhamento multidisciplinar, diz psicólogos.

Eles reforçam a importância de uma avaliação completa e cuidadosa de cada criança, que considere diferentes aspectos do comportamento.

É comum que distrações ou dificuldade de socialização sejam mal interpretados. Cada caso exige uma análise minuciosa, feita por uma equipe especializada. 

Para crianças e adolescentes devidamente diagnosticados com TDAH ou TEA, o suporte terapêutico é uma das principais ferramentas para melhorar a qualidade de vida.

Essa abordagem trabalha o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e comportamentais, permitindo que o indivíduo desenvolva mais autonomia e controle sobre suas dificuldades.

A terapia ajuda o pequeno a entender melhor suas emoções e a desenvolver mecanismos para lidar com situações do dia a dia, tornando-o mais resiliente.

A medicação, por exemplo, pode ser necessária em alguns casos de TDAH, mas ela deve ser associada à terapia contínua, especialmente a cognitivo-comportamental, para melhores resultados a longo prazo.

É fundamental que o acompanhamento envolva a família, a escola e os profissionais de saúde mental, proporcionando à criança um ambiente de suporte contínuo.

Quando pais, educadores e terapeutas trabalham juntos, a criança recebe todo o apoio necessário para crescer e se desenvolver de forma saudável e integrada à sociedade. 

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A ilusão de virar milionário com uma aposta

07/10/2024 07h30

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O Brasil parece viver um déjà vu na arena das apostas. Nos anos 1970 e 1980, tínhamos a famosa Loteca, a Loteria Esportiva, com seus 13 jogos decisivos, e a rede Globo apresentava a “zebrinha” nas noites de domingo, que prendia milhares na frente do televisor. Uma febre nacional que levava milhares a sonhar com a glória de acertar os resultados do futebol e, quem sabe, mudar de vida.

Mas quem conhece a Loteca sabe: os vencedores são tão raros quanto os cometas. E assim, essa “loteria da esperança” se mantinha no imaginário popular, mas com uma limitação controlada. Hoje, porém, o cenário é mais alarmante, e o sonho de enricar ficou mais acessível – e, paradoxalmente, mais devastador.

A Caixa Econômica Federal opera, oficialmente, 11 tipos de loterias: Mega Sena, Lotofácil, Quina, Lotomania, Timemania, Dupla Sena, Dia de Sorte, Super Sete, Loteria Federal (criada em 1962), Loteca (Loteria Esportiva) e Lotogol (temporariamente suspensa). Loterias que variam em formato, premiação e frequência de sorteios e que são as principais modalidades oficiais de apostas operadas pela Caixa no País. Cada cidade tem, ao menos, um ponto de Loteria que opera legalmente e serve até como agência bancária.

O que antes eram 14 jogos semanais virou uma verdadeira cascata de oportunidades com as apostas esportivas on-line, as famigeradas bets. Elas inundaram o mercado com possibilidades tão diversas que cobrem desde os campeonatos de série D e divisões regionais até jogos amadores de países que mal sabemos que existem.

E o mais alarmante: algumas dessas plataformas chegam a criar partidas fictícias, dando a falsa impressão de que as chances de ganhar são infinitas. Tem gente apostando até em torneios de esportes eletrônicos criados sob demanda. Pode parecer inofensivo para alguns, mas a verdade é que estamos diante de um problema muito mais profundo.

Dados recentes revelam que 25 milhões de brasileiros apostaram nos últimos seis meses, e só em agosto foram movimentados R$ 20,8 bilhões. No entanto, 86% desses jogadores já estão com dívidas, e muitos veem as apostas como “investimento financeiro”, uma lógica completamente distorcida.

Afinal, não há investimento real quando a casa sempre ganha. Como não lembrar da Loteca? Se antes já havia poucos vencedores em um universo limitado de apostas, imagine agora, com milhares de jogos por minuto?

O impacto desse vício vai muito além das finanças. Trabalhadores, que já enfrentam uma carga pesada com salários baixos, aluguéis impagáveis, contas de luz e água e juros exorbitantes de cartões de crédito estão jogando fora suas últimas esperanças e seu futuro. Muitos gastam 20% de seus salários em apostas, e isso em um cenário de extrema vulnerabilidade econômica.

Famílias se desestruturam, os lares se tornam campos de batalha e, como se não bastasse, o devedor de pensão alimentícia, já encurralado pela situação financeira, pode acabar atrás das grades.

E a saúde mental? Esse é outro ponto crítico. A ansiedade dispara, a depressão cresce e a produtividade despenca. Apostadores compulsivos não conseguem focar em suas atividades profissionais, atormentados pelas dívidas e pelas promessas não cumpridas de “sorte”. O resultado? Uma classe trabalhadora ainda mais desgastada e sem perspectivas reais de melhorar.

Recentemente, 193 bets receberam autorização para funcionar no País. Aquelas que não se regularizaram serão retiradas do ar, com o auxílio da Anatel, até 11 de outubro. É uma medida importante, mas que chega tarde para muitos. O estrago já foi feito, e os mecanismos de controle deveriam ter sido pensados antes.

O mais triste de tudo é ver como as apostas on-line se tornaram a última esperança de quem já perdeu quase tudo. Não temos mais a loteria esportiva inocente, com seus palpites de fim de semana. Agora, temos um mar de ilusões digitais, em que o trabalhador brasileiro, cada vez mais desesperado, joga seus sonhos no lixo e vê a vida desmoronar.

Onde buscar socorro? Talvez no Estado, que tem de ser mais firme na regulamentação, nas empresas, que precisam entender que a saúde mental de seus colaboradores está em risco, e na sociedade, que precisa aprender a lidar com as armadilhas da era digital. Porque, do jeito que está, o Brasil está apostando alto demais no jogo errado.

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