Artigos e Opinião

Opinião

Iêda Novais: "Equidade de gênero: em que pé estamos?"

Iêda é Conselheira da Fundação Nacional da Qualidade e Presidente da Rede das Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade

DA REDAÇÃO

07/03/2016 - 02h00
Continue lendo...

É fato que a maioria da população brasileira é composta por mulheres e a sua participação é cada vez mais crescente no ambiente corporativo. Mas é verdade, também, que as desigualdades de gênero estão evidenciadas em promoções, remuneração e ascensão a cargos de liderança executiva e em Conselhos. Basta uma pesquisa rápida para se ter acesso a inúmeros dados que comprovam isso.

Christine Lagarde, diretora executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), disse que estamos demorando a entender que “há ganhos em poupança e produtividade para a economia dos países quando as mulheres têm acesso ao mercado de trabalho, ou seja, faz sentido econômico, além de uma questão moral” – e alguns indicadores mostram que esse movimento realmente tardará a acontecer.

De acordo com o “Global Gender Gap Report de 2015”, relatório do Fórum Econômico Mundial, somente em 2133 as mulheres receberão remuneração igual aos homens, ou seja, daqui a 118 anos. O Brasil, em 2015, caiu 14 posições no ranking de equidade de gênero. A queda refere-se, principalmente, a cargos no setor econômico e político, resultando na depreciação dos salários e na presença feminina em funções de chefia, especialmente nos tempos difíceis da nossa economia.

Contudo, há esperanças! As grandes organizações, na contramão das tendências apontadas em pesquisas têm desempenhado um papel crucial, minimizando as barreiras, discutindo e incentivando o sucesso profissional das mulheres. Desse modo, o nivelamento dos gêneros caminha para uma igualdade maior e favorece a sociedade como um todo. Líderes de expressivas empresas do mercado, sempre que possível, retomam a pauta sobre os diversos fatores que continuam a retardar o êxito das mulheres no mercado de trabalho, além das possíveis soluções.

Existe, ainda, uma herança cultural e social que inibe e afasta as mulheres de cargos de confiança, mesmo quando elas são capacitadas para ocupá-los. A exemplo, uma experiência americana proporcionou a participação do dobro de mulheres em uma orquestra sinfônica depois que os jurados fizeram a avaliação ouvindo os candidatos tocarem às escuras. Sem saber se o artista era homem ou mulher, a escolha por mulheres foi maior do que a de costume.

No Brasil não é diferente: dados apontam que entre as 100 maiores empresas, apenas cinco têm mulheres na presidência. Em organizações de médio porte, a presença fica em 3% e poucas oferecem opção de jornada flexível para conciliar a vida pessoal. Essa dificuldade em organizar as duas rotinas - pessoal e profissional - é, certamente, outra grande barreira enfrentada pela maioria das mulheres.

Mais do que teorias e estudos, orientações sobre o que fazer em relação a essa disparidade, no entanto, são cruciais – e algumas iniciativas nascem neste sentido. No documento Plataforma 20, da Rede das Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade, por exemplo, estão alguns pontos importantes para apoiar o desenvolvimento de lideranças femininas visando à alta gestão das empresas e conselhos como: capacitação como forma de educação para sustentabilidade e liderança, além de dar visibilidade aos exemplos femininos de sucesso e depoimentos de CEOs que incentivam a conciliação da vida profissional e pessoal.

Apenas com iniciativas poderemos avançar nessa questão. Esperar mais de 110 anos não é razoável. É hora das empresas, órgãos, associações e sociedade civil unirem-se e movimentarem-se em prol dessa mudança tão necessária.

EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

Continue Lendo...

O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

Continue Lendo...

O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).