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Igualdade tributária é bom para o Brasil e deve valer para todos

A assimetria nesse campo estimula um desequilíbrio concorrencial perverso, que afeta negativamente a produção, o investimento, a inovação e a geração de empregos no Brasil

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Em 2024, após intensa mobilização, engajamento e trabalho de entidades de classe e saudável debate entre o Legislativo, o Executivo e os setores produtivos, o Congresso Nacional aprovou a cobrança de 20% de Imposto de Importação para encomendas internacionais de até 50 dólares. Foi um exemplo emblemático de exercício da democracia participativa em favor dos interesses maiores do País.

A medida, embora ainda insuficiente para equilibrar totalmente o ambiente concorrencial, foi um passo importante na direção de um nível menor de desigualdade tributária entre os produtos importados vendidos por plataformas estrangeiras de e-commerce e os produzidos e comercializados no Brasil. Sem dúvida, tivemos um avanço.

No entanto, de maneira surpreendente e preocupante, voltam a surgir propostas para revogar a taxação e restabelecer a isenção total do imposto para essas encomendas. A ideia é um retrocesso na contramão do fomento econômico nacional e ameaça não apenas a indústria e o varejo brasileiros, mas também a coerência das políticas públicas voltadas à reindustrialização do País.

Defendemos há tempos, e seguiremos mantendo essa posição, a igualdade tributária como princípio essencial para um ambiente econômico saudável. Se um produto nacional paga impostos em sua fabricação e comercialização, não faz sentido algum que o importado chegue ao consumidor com tributação reduzida ou inexistente.

Essa assimetria estimula um desequilíbrio concorrencial perverso, que afeta negativamente a produção, o investimento, a inovação e a geração de empregos no Brasil.

É importante desconstruir o argumento de que a alíquota de 20% do Imposto de Importação penaliza os consumidores de menor renda. Levantamento realizado em 2024 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que a maior parte dos consumidores que deixaram de comprar produtos brasileiros on-line pertencem às faixas de renda mais alta.

Apenas 28% têm renda familiar inferior a um salário-mínimo, enquanto 43% apresentam valor superior a cinco salários-mínimos. Ou seja, o discurso de proteção às camadas mais vulneráveis não encontra respaldo na realidade.

Além disso, o desempenho recente da indústria nacional comprova os efeitos positivos da taxação, em vigor desde agosto de 2024. Observamos uma redução significativa na média mensal de encomendas internacionais, bem como na movimentação financeira dessas operações.

Ao mesmo tempo, o setor têxtil e de confecção cresceu 11,8% na indústria e 5,4% no varejo, entre janeiro e maio deste ano, com a criação de mais de 21 mil empregos formais.

É hora de avançar, não de retroceder. Se é necessário apoiar o consumo popular, que se criem mecanismos para isso com foco no produto nacional. Uma proposta viável seria a implementação de um cashback tributário para consumidores brasileiros que adquirissem produtos nacionais de até 50 dólares (em reais), o que estimularia o consumo interno e fortaleceria a produção, o investimento e o emprego local.

Apoiar o produto importado com isenção fiscal, exatamente quando os Estados Unidos e a União Europeia impõem restrições cada vez mais firmes às plataformas internacionais, é uma estratégia míope e com forte potencial para gerar danos profundos à nossa economia.

A igualdade tributária é uma pauta de justiça, desenvolvimento e soberania econômica. O eventual “barato” oferecido por essas equivocadas propostas pode sair muito caro para o Brasil.

Editorial

Estado acelera no etanol: energia verde

Basta circular pelas rodovias de MS para perceber os sinais dessa mudança. O fluxo crescente de caminhões-tanque não é por acaso nem por excesso pontual de safra

24/12/2025 07h15

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Talvez ainda não tenhamos nos dado conta da dimensão do que está acontecendo. Mas a produção de bioenergia está, literalmente, em pleno vapor no Brasil – e, de forma muito particular, em Mato Grosso do Sul. Trata-se de uma transformação silenciosa, que não costuma ganhar manchetes diárias, mas que pode ser decisiva para o futuro econômico, ambiental e estratégico do Estado e do País.

Basta circular pelas rodovias sul-mato-grossenses para perceber os sinais dessa mudança. O fluxo crescente de caminhões-tanque não é por acaso nem por excesso pontual de safra. Eles cruzam o Estado carregados de etanol anidro ou etanol hidratado, destinados para distribuidoras de todas as regiões do Brasil. É o retrato de uma cadeia produtiva em franca expansão, impulsionada por demanda crescente e por decisões estruturais que reposicionam o Brasil no mapa da transição energética.

Essa verdadeira revolução verde está acontecendo, de forma concreta, nos tanques de combustível. O consumo de etanol cresce, a produção acompanha esse ritmo e se diversifica, especialmente com o avanço do etanol de milho, no qual Mato Grosso do Sul se destaca nacionalmente. Soma-se a isso uma política energética relevante: a exigência de 30% de etanol anidro misturado a gasolina comercializada no País. Trata-se de uma regra estratégica, que reduz a emissão de poluentes, diminui a dependência do petróleo e fortalece uma matriz energética mais limpa e sustentável.

Não é pouca coisa. Em um mundo que busca, ainda de forma desigual, caminhos para a descarbonização, o Brasil dispõe de uma vantagem comparativa rara: a capacidade de produzir energia renovável em larga escala, com tecnologia, competitividade e menor impacto ambiental. Mato Grosso do Sul, nesse contexto, consolida-se como peça-chave. O Estado deixou de ser apenas um grande produtor agropecuário para se firmar como polo industrial de bioenergia, com usinas modernas, investimentos robustos e geração de empregos diretos e indiretos.

O Correio do Estado tem mostrado, ao longo dos últimos anos, a força crescente da indústria de etanol sul-mato-grossense. Não se trata apenas de números de produção ou de novos empreendimentos, mas de um reposicionamento econômico que altera a lógica de desenvolvimento regional. A bioenergia gera renda, movimenta cadeias logísticas, estimula inovação e amplia a arrecadação, ao mesmo tempo em que responde a uma das maiores urgências do nosso tempo: a necessidade de reduzir emissões e enfrentar as mudanças climáticas.

É claro que desafios permanecem. Infraestrutura, logística, regulação e planejamento de longo prazo precisam acompanhar esse crescimento para que ele seja sustentável em todos os sentidos. Mas o caminho está posto. O Estado já é, na prática, uma grande usina de energia verde a céu aberto, capaz de produzir combustível limpo, reduzir a pegada de carbono e contribuir para a segurança energética nacional.

Mais do que um ativo econômico, essa vocação representa uma responsabilidade. Mato Grosso do Sul pode – e deve – ser exemplo para o Brasil e para o mundo. A bioenergia não é promessa distante: ela já está nas estradas, nos tanques, nas usinas e no cotidiano da população. Cabe agora reconhecer essa realidade, valorizá-la e transformá-la em política de Estado, para que o desenvolvimento caminhe lado a lado com a sustentabilidade.

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O passado desafia a ciência

A teoria de Darwin, unanimidade na comunidade científica, trouxe a base para compreendermos a evolução das espécies, mas alguns pontos ainda intrigam

23/12/2025 07h45

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Ao longo da história, parece que nosso planeta foi palco de diferentes “camadas” de civilizações. Cada uma deixou marcas, enigmas e realizações que ainda hoje nos desafiam. Na camada atual, buscamos organizar o passado em linhas cronológicas, tentando conectar datas e teorias de evolução. Nem sempre, porém, essas conexões se sustentam de forma linear.

A teoria de Darwin, unanimidade na comunidade científica, trouxe a base para compreendermos a evolução das espécies. Mas alguns pontos ainda intrigam.

Há saltos inesperados e caminhos surpreendentes, como o caso do polvo – um animal com características biológicas únicas – ou o fator Rh negativo em humanos, cuja origem permanece pouco clara.

Esses exemplos alimentam a imaginação e levantam hipóteses sobre a Terra como possível “laboratório de experiências”.

Outro enigma fascinante é o surgimento e desaparecimento dos dinossauros. Eles habitaram todos os continentes e dominaram o planeta por milhões de anos. O fim abrupto, atribuído ao impacto de um meteoro na região do atual Golfo do México, teria desencadeado um inverno global que durou anos.

Para alguns, esse evento sugere não apenas um acidente cósmico, mas uma intervenção programada na história da vida.

Seguindo a linha do tempo, chegamos às primeiras civilizações humanas. Povos antigos demonstraram capacidades impressionantes: ergueram blocos de pedra de dezenas e até centenas de toneladas, como o monumental bloco de cerca de 570 toneladas na base da muralha em Jerusalém.

Além disso, desenvolveram conhecimentos científicos notáveis. Eratóstenes, físico e matemático grego, calculou a circunferência da Terra com precisão admirável há mais de dois milênios – e pensar que hoje ainda há quem defenda que o planeta seja plano.

Diante desse mosaico de enigmas, que vai dos saltos evolutivos às obras monumentais deixadas por povos antigos, o que realmente se evidencia é nossa inquietação ancestral. Cada hipótese, seja científica ou imaginativa, revela menos sobre o passado em si e mais sobre o desejo humano de construir sentido e reconhecer seu lugar na história do planeta.

É nesse espírito de investigação curiosa que em “Vale do Silêncio – O Enigma do Lago” não trago respostas, mas um convite, recriando, pela ficção, o impulso que sempre nos moveu: olhar para o inexplicável e ousar formular novas perguntas.

Ao final, não importa quão sólida seja uma teoria ou quão fantástica seja outra, o que permanece é a importância de continuar explorando e ampliando as possibilidades do que entendemos como origem.

Ao observar tantos pontos obscuros em nossa trajetória, fica claro que a humanidade ainda está longe de compreender completamente de onde veio. A ciência avança, corrige rumos, descarta teorias e propõe outras, mas deixa brechas que alimentam nosso impulso de investigar.

Cada lacuna é um convite para reexaminar certezas e assumir que parte do passado permanece fora do alcance. Especular não é apenas um exercício de imaginação, mas uma necessidade intelectual. Permite explorar caminhos improváveis, levantar hipóteses e reconhecer que a história humana é maior do que qualquer narrativa linear.

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