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OPINIÃO

Luiz Fernando Mirault Pinto: "Segura o tchan (tchã)!"

Físico e Administrador

Redação

14/05/2016 - 01h00
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O Tchan (ou Tchã) é um termo cuja interpretação alheia resulta em diversos significados. Como figura de linguagem, poderia ser enquadrada como catacrese, palavra usada com sentido figurado já que não existe um termo apropriado ou quem sabe, uma metáfora, caracterizando uma relação de semelhança a outro termo cujo significado difere do habitual. Acredito ser uma conotação, pois apresenta diferentes significados, com diferentes interpretações, dependendo do contexto.  Pode significar “um charme”, “encanto”, “up-grade”, “algo a mais” ou o resultado de uma “esbornia”.

Na falta de um significado formal, diz-se também que se trata de uma aparição repentina, um momento em que uma pessoa aparece de repente na frente de outras. Ainda pode ter o entendimento dado por cada ouvinte pela própria música, cuja explicação se faz desnecessária.

Tanto uma como outra idéia, servem para expressar o momento atual, onde a aparição repentina deu-se com a figura do vice, após ter sido descoberto no psico-desembarque do apoio ao governo. A outra é justamente o que todos iremos segurar, querendo ou não, caracterizado por um sim, em relação às agruras do porvir. 

O que nos espera na curva é um arremedo de programa governamental “Uma Ponte para o Fosso” idealizado por um político que protagonizou um golpe eleitoral – Caso Proconsult (1982), e a ser adotado por quem ficará no comando numa tentativa de resgatar uma economia dita pelos Fragas, e Meirelles da vida, em frangalhos e auto-forjada pelos adeptos da mudança. 

De modo a não assustar, já assustando as pessoas (como diria o Chaves), fala-se em continuidade dos programas sociais, mas com a expectativa de revisão. Minha Casa Minha Vida, “bau-bau”. Bolsa Família, Tchau! Fatalmente a mexida se dará na Previdência, reajustando não os benefícios como seria esperado, mas as regras, como alteração da idade mínima e eliminando a indexação dos benefícios ao salário mínimo, numa forma de aliviar as contas públicas. O que significará mais tempo trabalhando, menos tempo aposentado, mas dizem que os direitos adquiridos serão respeitados, só não se sabe por quem. Não nos esqueçamos que em outras eras foi discutida a privatização, como nos molde do Chile (1973) defendido por políticos e economistas de formação liberal, mas que posteriormente teve seu resultado desastroso. O dinheiro dos aposentados sumiu! 

Outra banana será o ajuste das contas públicas (orçamento) e a reformulação das despesas obrigatórias, o que significa corte nos gastos na educação e na saúde. Aí o SIM verá o que é “bom para tosse” uma vez que todos que aportarão nessa empreitada já reconhecem que será preciso tomar medidas mais duras (e grossas) para evitar que a situação piore. A privatização da educação, em especial o ensino médio, é um desejo antigo da política neoliberal. Deverão ser limitados os recursos do FIES (empréstimos estudantis), do Pró-uni, Pronatec (bolsas de ensino para cursos profissionalizantes), como forma de ajustar os gastos. Os meninos que se lasquem e seus futuros irão para as “cucuias”.

Porque não falarmos da reforma trabalhista, ou seja, flexibilização da legislação e hegemonia dos acordos entre patrões e empregados – já sabemos o resultado da livre negociação, quem ganha e quem sempre perde. Logicamente as greves serão pauta do dia nos próximos meses onde são previstos os reajustes de diversas categorias.

De resto, sobram as privatizações ou terceirizações como querem alguns, com a ampliação da cessão ou concessão de serviços públicos para a iniciativa privada, no campo da exploração de gás, óleo, concessões de exploração, energia elétrica, nos serviços e água e esgoto, portos e vias navegáveis. Um “déja vu”, em que os prejuízos serão brasileiros e os lucros em bancos estrangeiros. Afinal para essa turma, quem nada é o mercado, somos apenas peões. 

Só nos resta saber se um vice, do naipe do nosso realmente terá apoio congressual (uma fauna exótica e bizarra) que loteará os cargos disputados pelos grandes. Os pequenos que se explodam, resultado já esperado pela negociação equivocada, e ficarão “chupando o dedo”.

Serão seis meses de TCHAN. Figuras impolutas serão conduzidas aos costumes, as revelações premiadas rechearão os noticiários com novidades, até que forças ocultas se rebelarão contra a República de Curitiba. 
Após a “mise em scène”, virá o golpe do novo escrutínio. Se até lá não conseguirem, como tentam a todo custo, barrar a Jararaca, terão a oportunidade de presenciar a Fenix, retornando das cinzas. Até lá, segurem o Tchan, que não é mole!

 

EDITORIAL

Crises de fim de ano expõem falha na gestão

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa

19/12/2025 07h15

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A virada para 2026 entra para a história recente de Campo Grande como uma das mais conturbadas dos últimos anos. Talvez desde meados da década passada não se via uma sucessão tão clara de crises financeiras e falhas na engrenagem dos serviços públicos locais justamente no momento em que a cidade deveria buscar estabilidade para atravessar o novo ano.

O problema não é pontual tampouco isolado: ele se repete em áreas essenciais e expõe fragilidades estruturais que vêm sendo empurradas com a barriga.

A greve do transporte coletivo, encerrada apenas no início da noite de ontem, é um retrato fiel desse cenário. Durante quatro dias, a população ficou refém de um sistema que parou porque o Consórcio Guaicurus não tinha recursos para pagar salários.

A solução não veio de uma gestão eficiente ou de um planejamento responsável, mas de um socorro emergencial do governo do Estado, que antecipou mais de R$ 3 milhões referentes a uma das parcelas do subsídio ao passe do estudante. Ou seja, o serviço só voltou a funcionar quando o dinheiro público entrou para tapar mais um buraco.

Situação semelhante se repete na Saúde. A Santa Casa, há anos em crise, agora está sob determinação judicial para apresentar um plano capaz de enfrentar um deficit que parece não ter fim. No transporte coletivo, a Justiça foi além e determinou uma intervenção no consórcio responsável pelo serviço.

Quando decisões judiciais passam a ditar os rumos da gestão, fica evidente que algo falhou muito antes, seja na formulação dos contratos, seja na fiscalização ou na condução cotidiana desses serviços.

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa e, principalmente, de quem deveria fiscalizar contratos milionários. Não se trata apenas de escassez de recursos.

Trata-se de como esses recursos são utilizados, de modelos que se mostram esgotados e de contratos que não resistem ao primeiro choque mais sério.

O mais preocupante é que, mesmo após a injeção de milhões de reais do poder público na Santa Casa e no Consórcio Guaicurus, o dinheiro continua insuficiente. Isso deixa claro que o problema é estrutural.

As verbas estão, de fato, mais apertadas neste ano, mas a crise não nasceu agora. Ela é fruto de anos de escolhas erradas, de ausência de transparência e de tolerância com resultados ruins.

A virada de ano conturbada serve, portanto, como um alerta. Não basta apagar incêndios com aportes emergenciais, é preciso rever modelos, refazer contas, cobrar responsabilidades e, sobretudo, planejar com seriedade.

Caso contrário, Campo Grande corre o risco de transformar crises excepcionais em rotina permanente, e isso, definitivamente, a cidade não pode mais aceitar.

ARTIGOS

O combalido Congresso Nacional

A prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um "orçamento secreto" que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite

18/12/2025 07h45

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Para falar sobre o tema, não poderia deixar de citar uma frase célebre do ilustre brasileiro Ruy Barbosa, que foi político, jurista, advogado, diplomata e jornalista, nascido em 1849 e falecido em 1923.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Uma frase com cerca de um século de sua criação nunca foi tão atual, se comparada com os mórbidos acontecimentos vividos neste último período pela Câmara dos Deputados.

Fica evidente a prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um “orçamento secreto” que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite, propiciando a prática de atos ilícitos e imorais, travestidos de legalidade.

Deputados processados pelos mais variados tipos de crime, inclusive de lesa-pátria, incitando nação poderosa a invadir nosso país e a causar enormes prejuízos às classes produtoras e trabalhadoras, que geram as receitas que proporcionam a força necessária ao bom funcionamento da roda da economia.

Pior: parece que tudo o que vem acontecendo é encarado como fato corriqueiro pelo comandante da Câmara dos Deputados, que até chegou a ser deposto de sua cadeira por um grupo de parlamentares desordeiros e, até o momento, sem qualquer punição.

As telecomunicações alcançaram níveis impensáveis em termos de transmissão de dados, como imagens e sons de alta precisão, e, com isso, o planeta Terra tem assistido às barbáries ocorridas no plenário da Casa de Leis, habitada por um seleto grupo de homens e mulheres escolhidos pelo voto e que lhes proporciona os mais variados tipos de privilégios, consumindo recursos bilionários oriundos de pessoas físicas e jurídicas pagadoras de impostos, que não veem o necessário retorno em obras e serviços essenciais, como saúde, segurança pública e transportes.

Um fator preponderante para a continuidade desses desmandos é a hereditariedade nos cargos políticos, em que os ungidos não precisam provar capacidade técnica ou profissional para exercer um mandato.

Basta ter QI de força para manter em cabrestos os seus apaniguados, com nomeações que os tornam fiéis aos seus patrões e que, quase sempre, só deixam o cargo aposentados, com gordos salários, diferentemente do trabalhador brasileiro aposentado pelo famigerado INSS.

No ano que vem, teremos eleições majoritárias. É evidente que quem está lá não quer sair, mas está passando da hora de o cidadão consciente valorizar o poder de sua arma, qual seja, o Título Eleitoral, para promover a varredura necessária no Poder Legislativo, tanto federal como estaduais.

Por uma questão de justiça, a exceção se faz em relação aos parlamentares que reconhecidamente prestam bons serviços à comunidade.

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