O Tchan (ou Tchã) é um termo cuja interpretação alheia resulta em diversos significados. Como figura de linguagem, poderia ser enquadrada como catacrese, palavra usada com sentido figurado já que não existe um termo apropriado ou quem sabe, uma metáfora, caracterizando uma relação de semelhança a outro termo cujo significado difere do habitual. Acredito ser uma conotação, pois apresenta diferentes significados, com diferentes interpretações, dependendo do contexto. Pode significar “um charme”, “encanto”, “up-grade”, “algo a mais” ou o resultado de uma “esbornia”.
Na falta de um significado formal, diz-se também que se trata de uma aparição repentina, um momento em que uma pessoa aparece de repente na frente de outras. Ainda pode ter o entendimento dado por cada ouvinte pela própria música, cuja explicação se faz desnecessária.
Tanto uma como outra idéia, servem para expressar o momento atual, onde a aparição repentina deu-se com a figura do vice, após ter sido descoberto no psico-desembarque do apoio ao governo. A outra é justamente o que todos iremos segurar, querendo ou não, caracterizado por um sim, em relação às agruras do porvir.
O que nos espera na curva é um arremedo de programa governamental “Uma Ponte para o Fosso” idealizado por um político que protagonizou um golpe eleitoral – Caso Proconsult (1982), e a ser adotado por quem ficará no comando numa tentativa de resgatar uma economia dita pelos Fragas, e Meirelles da vida, em frangalhos e auto-forjada pelos adeptos da mudança.
De modo a não assustar, já assustando as pessoas (como diria o Chaves), fala-se em continuidade dos programas sociais, mas com a expectativa de revisão. Minha Casa Minha Vida, “bau-bau”. Bolsa Família, Tchau! Fatalmente a mexida se dará na Previdência, reajustando não os benefícios como seria esperado, mas as regras, como alteração da idade mínima e eliminando a indexação dos benefícios ao salário mínimo, numa forma de aliviar as contas públicas. O que significará mais tempo trabalhando, menos tempo aposentado, mas dizem que os direitos adquiridos serão respeitados, só não se sabe por quem. Não nos esqueçamos que em outras eras foi discutida a privatização, como nos molde do Chile (1973) defendido por políticos e economistas de formação liberal, mas que posteriormente teve seu resultado desastroso. O dinheiro dos aposentados sumiu!
Outra banana será o ajuste das contas públicas (orçamento) e a reformulação das despesas obrigatórias, o que significa corte nos gastos na educação e na saúde. Aí o SIM verá o que é “bom para tosse” uma vez que todos que aportarão nessa empreitada já reconhecem que será preciso tomar medidas mais duras (e grossas) para evitar que a situação piore. A privatização da educação, em especial o ensino médio, é um desejo antigo da política neoliberal. Deverão ser limitados os recursos do FIES (empréstimos estudantis), do Pró-uni, Pronatec (bolsas de ensino para cursos profissionalizantes), como forma de ajustar os gastos. Os meninos que se lasquem e seus futuros irão para as “cucuias”.
Porque não falarmos da reforma trabalhista, ou seja, flexibilização da legislação e hegemonia dos acordos entre patrões e empregados – já sabemos o resultado da livre negociação, quem ganha e quem sempre perde. Logicamente as greves serão pauta do dia nos próximos meses onde são previstos os reajustes de diversas categorias.
De resto, sobram as privatizações ou terceirizações como querem alguns, com a ampliação da cessão ou concessão de serviços públicos para a iniciativa privada, no campo da exploração de gás, óleo, concessões de exploração, energia elétrica, nos serviços e água e esgoto, portos e vias navegáveis. Um “déja vu”, em que os prejuízos serão brasileiros e os lucros em bancos estrangeiros. Afinal para essa turma, quem nada é o mercado, somos apenas peões.
Só nos resta saber se um vice, do naipe do nosso realmente terá apoio congressual (uma fauna exótica e bizarra) que loteará os cargos disputados pelos grandes. Os pequenos que se explodam, resultado já esperado pela negociação equivocada, e ficarão “chupando o dedo”.
Serão seis meses de TCHAN. Figuras impolutas serão conduzidas aos costumes, as revelações premiadas rechearão os noticiários com novidades, até que forças ocultas se rebelarão contra a República de Curitiba.
Após a “mise em scène”, virá o golpe do novo escrutínio. Se até lá não conseguirem, como tentam a todo custo, barrar a Jararaca, terão a oportunidade de presenciar a Fenix, retornando das cinzas. Até lá, segurem o Tchan, que não é mole!


