Artigos e Opinião

OPINIÃO

Marcos Alex Azevedo de Melo: "Um novo residencial no Centro da cidade"

Historiador, ex-vereador de Campo Grande

Continue lendo...

O Hotel Campo Grande, construído em pleno Centro da cidade, com sua recepção devidamente paramentada, piano bar, contando sempre com a presença de hóspedes célebres, representou um marco do desenvolvimento, da pujança econômica, social e cultural de uma cidade promissora e encantadora, apelidada carinhosamente de Cidade Morena. Em seu térreo funcionava o Banco Financial, de propriedade da família Coelho, a mesma que o construiu.

O hotel era o ícone de um centro que vivia o seu apogeu: os cine Alhambra, Acapulco, Santa Helena-Rialto; com o surgimento do Terminal Novo Oeste, foram inaugurados os cines Plaza e o Center; as churrascarias Cabana Gaucha-Ponteio, Vitorios, La Carreta que ofereciam música ao vivo com artistas de renomes; clubes como o Radio Clube, Surian e Libanês estimulavam os encontros campo-grandenses. Os supermercados Soares, a rede Serve Bem, as Lojas americanas, dominavam o comércio varejista; os bairros serviam de locais de moradia, onde funcionavam pequenos comércios, empórios, lojas de secos e molhados e mercearias. 

No quesito expansão imobiliária e demográfica, Campo Grande se tornou uma gigante. As vias Ceará e Zahran eram o anel viário que desafogava o trânsito de carros pesados; o perímetro urbano era limitado à Rua Ceará. 

Com a construção e a entrega de conjuntos habitacionais como o das Moreninhas, Aero Rancho, Coophavila, surgiriam cidades-bairro, aliadas à expansão provocada pela descentralização econômica. Fruto de uma busca por redução de custos, o comércio iniciou uma transição inaugurando novas tendências e, de forma espontânea, corredores regionais de desenvolvimento cultural e econômico foram brotando como as ruas Pontalina, Ana Luiza de Souza e Spipe Calarge; não existe hoje uma região que não seja contemplada com grandes hipermercados, atacadistas e os terminais de transbordo, que esvaziaram a rodoviária – e com isso o terminal novo oeste perdeu a sua importância no ordenamento do transporte público. 

Resulta que no cenário atual, o Centro foi perdendo força, e a partir das 18h o Centro se torna um deserto. É por esta razão que ele está sendo revitalizado. O que se busca não é um passado que já não mais existe, mas trata-se de incorporar uma área nobre e não permitir que ela continue se deteriorando cada dia mais. Se o Centro está sendo revitalizado urbanisticamente, agora ele precisa ser humanizado.

Resolver as rotinas a pé ou de bike: morando no Centro, a rotina do dia a dia fica mais fácil. Você vai poder ir para o trabalho, ao banco, ao mercado, a padaria, fazer compras, ir à academia, ao médico, ao dentista ou ao cinema sempre de forma rápida, ganhando tempo e qualidade de vida. Sem pegar trânsito ou ficar horas rodando atrás de estacionamento. Além disso, pode curtir a paisagem, olhar vitrines e ainda encontrar amigos pelo caminho.

2 – Mais opções de lazer: é no Centro de Passo Fundo que você encontra muitas opções de lazer para todas as idades. Para as crianças, as praças são ótima escolha para passeios de bike e parquinhos. Para os jovens, bares, cafeterias, boates e lanchonetes ficam sempre pelo Centro. Já para os casais, restaurantes, pizzarias e comércio em geral são uma ótima pedida de lazer. E tudo está no Centro.

3 – Economia: quando você consegue deixar o carro na garagem no dia a dia, o resultado acaba refletindo no seu bolso, já que vai gastar menos combustível. E, no preço que está a gasolina, vai representar uma bela economia no fim do mês para você se divertir com o que mais gosta.

4 – Segurança: por incrível que pareça, morar no Centro é muito mais seguro do que nos bairros. Isso porque as ruas são mais iluminadas, existe maior circulação de pessoas e até o policiamento no Centro é mais ostensivo.

5 – Saúde: quando você escolhe caminhar mais ou usar a bike como meio de transporte, seu corpo e sua mente agradecem. A tendência de trabalhar o dia inteiro sentado – o que acontece com a maioria das pessoas –, traz muitos prejuízos para a circulação sanguínea, sem falar na maior disposição ao ganho de peso. Andar ou pedalar exercita o corpo e ainda desopila dos contratempos rotineiros, melhorando sua saúde física e mental.

EDITORIAL

Santa Casa refém da própria má gestão

A Santa Casa precisa de mais do que socorros emergenciais: precisa de coragem para mudar, responsabilidade na gestão e respeito por quem sustenta sua missão

23/12/2025 07h15

Continue Lendo...

A situação vivida pela Santa Casa de Campo Grande ao fim de mais um ano é, infelizmente, a repetição de um roteiro conhecido – e previsível.

Há, pelo menos, uma década, o maior hospital filantrópico do Estado é vítima não apenas de um sistema público de saúde subfinanciado, mas, sobretudo, de escolhas administrativas equivocadas, da falta de planejamento e de uma gestão que parece incapaz de romper com seus erros históricos.

Neste fim de ano, o cenário chega a um ponto simbólico e constrangedor: a instituição depende, literalmente, de um milagre para pagar o 13º salário de seus funcionários.

Profissionais que sustentam o atendimento diário de milhares de pacientes, que enfrentam plantões exaustivos, superlotação, escassez de insumos e pressão constante, agora convivem com a angústia de não saber se receberão um direito básico. Isso não honra o nome “Santa Casa”.

Não há justiça social, não há moralidade administrativa e tampouco humanidade em deixar esses trabalhadores à mercê da incerteza.

É evidente que o problema não se resume à gestão interna. O subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) é uma realidade nacional, e a Santa Casa, como tantas outras instituições filantrópicas, sofre com valores defasados, repasses insuficientes e atrasos frequentes.

O poder público tem, sim, parcela relevante de responsabilidade nesse quadro. Ignorar isso seria desonesto. No entanto, usar essa realidade como justificativa permanente para a ineficiência interna é igualmente inaceitável.

O que salta aos olhos é a aparente falta de disposição da administração do hospital em buscar eficiência, especialmente no campo financeiro.

Os números mostram que apenas o serviço da dívida – os juros e encargos pagos anualmente aos bancos – seria suficiente para quitar não apenas o 13º salário e evitar o acúmulo de outras obrigações em atraso, mas também de quitar quase toda a folha anual. Isso revela um modelo de gestão que prioriza a manutenção de passivos bancários em detrimento do compromisso com seus trabalhadores.

Mais uma vez, a saída apontada parece ser recorrer a novos empréstimos ou aguardar aportes emergenciais do poder público. Trata-se de um ciclo perverso. Endividar-se para cobrir despesas correntes, como folha de pagamento, não é uma estratégia de sustentabilidade; é um atalho para o colapso.

Empréstimos deveriam servir para investimentos, modernização, ganho de eficiência e redução de custos futuros – não para tapar buracos mensais de um caixa cronicamente desequilibrado.

O resultado é uma dívida cada vez menos saudável, maior dependência externa e nenhuma solução estrutural. Enquanto isso, a transparência sobre gastos, contratos e decisões estratégicas segue insuficiente, o que apenas aprofunda a desconfiança da sociedade e dos funcionários.

É lamentável que um hospital com tamanha importância social, histórica e simbólica chegue a esse ponto ano após ano. A Santa Casa precisa de mais do que socorros emergenciais: precisa de coragem para mudar, de responsabilidade na gestão e de respeito por quem sustenta a sua missão.

Sem isso, continuará sobrevivendo de milagres – e milagres, como se sabe, não fazem planejamento financeiro.

ARTIGOS

Terrorismo e religiosidade

Fundamentalismo dos terroristas de todos os matizes é antissemita, anticristão e anti-hislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio

22/12/2025 07h45

Arquivo

Continue Lendo...

A propósito do recente e trágico ataque ocorrido na Austrália, que vitimou diversas pessoas – algumas delas fatalmente – durante a pacífica celebração do Hanukkah, a festa das luzes da comunidade judaica, impõem-se algumas reflexões sobre os motivos e as consequências de tal ato.

À falta de definição mais apropriada, e sem entenderem bem o que teria motivado os ataques, aparentemente praticados por pessoas isoladas, os analistas chamaram a atenção para a facilidade com que se adquirem armamentos hoje em dia, fenômeno que ocorre também em nosso País.

É simbólico que a festa das luzes seja muito próxima dos festejos de Natal. Também no Tempo do Advento as luzes da coroa vão sendo acesas em crescente até que a Luz do Mundo venha a nascer na noite tão esperada pelos cristãos.

Jesus Cristo não selecionava ninguém. Qualquer pessoa seria bem acolhida por Ele, bastando que professasse o único mandamento propriamente cristão: ama o próximo como a ti mesmo. Aliás, o Cristo ia além e dizia: amai vossos inimigos, o que revela, igualmente, o modelo mais aberto de compreensão da pessoa do próximo.

Na verdade, o fundamentalismo dos terroristas – de todos os matizes – é antissemita, anticristão e anti-hislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio, a cultura de morte a que já se referia São João Paulo II.

Trata-se, portanto, do mesmo tipo de fundamentalismo que outros grupos de terroristas praticam para excluir as minorias de todo o tipo, mesmo as que não professem nenhuma crença.

É simbólico que tenha sido Ahmed, o sírio, a desarmar um dos terroristas, o que lhe custou dois ferimentos.

Esses terroristas disparam, inclusive pelos meios de comunicação virtual, contra todos aqueles que não pensam como eles. Eis quem são, em certo sentido, os verdadeiros fundamentalistas do ódio. Por que teriam escolhido a reunião do Hanukkah, tão plena de simbolismos?

Não nos prendamos a esse vetor. Basta atentar para os recentes ataques a uma mesquita e a uma feira natalina para que se ponha foco na essência do que está em jogo.

A enorme confusão ideológica e doutrinal do terrorismo revela, antes de tudo, mentes perturbadas, incapazes de discernir entre o bem e o mal. Ou, se quisermos embaralhar ainda mais as cartas, incapazes de discernir a esquerda da direita.

A confusão ideológica, aliás, não é apenas um sintoma de desordem mental, mas a estratégia consciente de aniquilar a pluralidade inerente à condição humana.

O extremismo, ao se apropriar de símbolos sagrados e transformá-los em bandeiras de exclusão, trai a própria essência de qualquer fé que pregue a transcendência e o amor ao Criador, pois desumaniza a criatura feita à sua imagem.

Desta forma, o verdadeiro combate ao terrorismo não se limita à repressão policial ou militar, mas passa necessariamente pela defesa intransigente da educação e do diálogo inter-religioso.

É a luz da razão e da tolerância que deve ser acesa para dissipar a escuridão do fanatismo, provando que a diferença de crença jamais pode ser motivo para a guerra, mas sim o motor para um enriquecimento mútuo da civilização.

Urge que os homens de boa vontade se ergam, em uníssono, em favor de uma cultura de paz e de liberdade religiosa, e que todas as luzes se acendam em alerta contra toda e qualquer manifestação terrorista.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).