Artigos e Opinião

OPINIÃO

Marília Cardoso: "Inovação não é tecnologia"

Jornalista

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Toda vez que falamos sobre inovação, é comum as pessoas acharem que estamos falando sobre tecnologia. Ao tocar no assunto, tem sempre alguém que se lembra de um caso com uso de aplicativos, drones, realidade virtual, etc. Mas posso garantir: inovação nem sempre tem a ver com tecnologia.

Existem muitos tipos de inovação. A inovação tecnológica é só uma das possibilidades, assim como a disruptiva, que é aquela que muda completamente o que existia antes, criando um verdadeiro divisor de águas. No entanto, não é todo dia que conquistamos uma inovação dessas. No dia a dia, outros tipos de inovação são muito frequentes e possíveis.

Uma delas é a incremental. Muitas vezes, ela se parece mais com processos de melhoria contínua do que com inovação de fato. Mas, ao longo de várias versões, é possível perceber a inovação acontecendo. Um bom exemplo são os aparelhos de TV. Se compararmos aquele “tubão” preto e branco de décadas atrás com as telas ultrafinas e inteligentes que vemos hoje, chegamos a pensar que nem se trata mais do mesmo produto.

Outro tipo de inovação que gosto muito é a aberta. Ainda tem muita gente com medo de compartilhar ideias, receando que elas sejam roubadas. Na inovação aberta isso simplesmente não faz o menor sentido. Uma ideia é lançada e qualquer pessoa pode dar novas sugestões. Os gestores colhem as melhores e criam inovações a partir de um apanhado geral das melhores ideias. Esse tipo de inovação vem ficando cada vez mais frequente.

Você pode inovar ao lançar novos produtos para os clientes que já tem, ofertando serviços ou produtos com maior valor agregado. Ou ainda, produtos mais baratos, para um outro segmento de clientes, que você não atinge hoje devido ao preço. Pode ainda lançar novos produtos para novos mercados, que você ainda não é capaz de atender com as ofertas que possui atualmente.

É possível inovar também no modelo de negócios. Hoje, não necessariamente os negócios precisam se resumir a produto/ serviço para lá e dinheiro para cá. Existem muitos setores consagrados mudando a forma de cobrança. Até montadoras, que sempre venderam carros, começam a avaliar a possibilidade de alugá-los por meio de um sistema de assinaturas. Aliás, o modelo de pagamento recorrente tem atraído muitas empresas porque garantem um faturamento sem grandes oscilações.

Um outro viés de inovação que muito me agrada é o criativo. Com ideias muito simples, resultados gigantes são provocados. Um exemplo que gosto de citar nos meus treinamentos é o do aparelho de ressonância magnética. A maioria das crianças precisa ser sedada para fazer esse exame. Foi então que profissionais criaram uma nova forma de obter o mesmo resultado, fazendo uma coisa diferente.

Pintaram a sala e o aparelho, envolvendo as crianças em uma história. Eles não seriam pacientes, mas sim comandantes de um navio. Em um determinado momento, ao suar uma sirene, as crianças precisavam ficar bem quietinhas para não serem atacadas por piratas. Com o envolvimento de médicos e enfermeiros naquela brincadeira, o índice de sedação caiu para menos de 10%.

Agora, eu pergunto: qual tecnologia foi empregada nesse caso? Absolutamente nenhuma! Inovação tem muito mais a ver com empatia, experimentação, ousadia e criatividade do que com tecnologia. Para tornar a sua empresa mais inovadora, você precisa estar mais atento às necessidades dos seus clientes e aberto a propor novas soluções. Inovação nada mais é do que procurar respostas diferentes para perguntas que se quer foram feitas. Tecnologia é só um meio, não um fim.

EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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