Durante uma megaoperação conjunta das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, no dia 28 de outubro, visando ao enfrentamento ao crime organizado, foram apreendidos 95 fuzis (número oficial, mas já se fala em mais de 100), além de outros armamentos, como pistolas, revólveres e artefatos explosivos.
Os armamentos apreendidos ainda passarão por perícia, mas já foram identificadas armas de várias procedências, pertencentes a forças armadas de outros países, como Venezuela, Peru e Argentina, além de armas montadas artesanalmente.
Essa avaliação reforça a minha posição de que os armamentos que equipam o crime organizado não são de procedência nacional e, portanto, não são frutos de roubo ou desvio, geralmente atribuídos ao Colecionador, Atirador e Caçador (CAC), mas sim do contrabando internacional, sejam as armas ou as peças para montagens clandestinas, e mais recentemente, conforme divulgado na mídia, de fábricas clandestinas aqui no Brasil.
Em geral, os movimentos desarmamentistas, baseados em fatos isolados e raros, atribuem aos CACs a responsabilidade sobre as armas que chegam ao crime organizado.
Isso, além de inverídico, como demostram as apreensões dessa operação, confunde as autoridades no combate ao crime organizado e denigre a imagem de um segmento lícito, sério e altamente controlado, que colabora com a segurança pública, gera empregos altamente qualificados, recolhe impostos e gera dividendos para nosso país.
Ocorrências como essa do Rio de Janeiro trazem ao cenário das discussões o desarmamento como política pública. Trata-se de um movimento que vem da década de 1990 e culminou, em 2003, na sanção da Lei nº 10.826, o Estatuto do Desarmamento, que estabeleceu regras mais rigorosas para a posse e o porte de armas de fogo no Brasil.
Este ano, comemoram-se 20 anos do referendo no Brasil, pelo qual a população decidiu que o direito à legítima defesa e a prática do esporte com armas de fogo eram um direito da sociedade.
Ainda assim, 20 anos depois, o País tem vivido diferentes fases desse processo, refletindo o esforço constante de equilibrar o direito individual à legítima defesa com o interesse coletivo da segurança pública.
Nesse contexto, é importante relembrar o resultado do recadastramento das armas de CACs, concluído em maio de 2023, no início do atual governo.
Segundo a Polícia Federal, 99% das armas foram devidamente recadastradas, comprovando a legalidade e a responsabilidade desse público, bem como a eficácia dos mecanismos de controle.
O levantamento demonstrou, mais uma vez, que o acervo dos CACs não apresenta relação com o armamento utilizado em ações criminosas, reforçando que o problema da violência armada no País não está nas aquisições legais, mas sim nas armas que entram ilegalmente por meio do tráfico internacional.
O recente processo de transferência da gestão do controle dos CACs para a Polícia Federal representa a continuidade e o aprimoramento dos sistemas de controle sem ruptura ou descontinuidade, buscando maior integração tecnológica e agilidade administrativa.
Com a estrutura da Polícia Federal, voltada ao cumprimento da lei, há um ganho sobre o controle, que gera a estabilidade no segmento.
O tratamento do tema exige um amadurecimento do País no aprimoramento de mecanismos de regulação e fiscalização, sem se perder de vista os direitos e deveres de cada cidadão.
A Aniam, como entidade representativa da indústria nacional de armas e munições, acredita que a legalidade, o registro e o cumprimento rigoroso das normas são fundamentais para promover uma cultura de responsabilidade, segurança e respeito à vida.
O papel da indústria produtora de armas é relevante no sentido de contribuir e apoiar políticas públicas que possam ser mais assertivas com relação ao comércio de armas e munições, para que o direito do cidadão à legítima defesa possa ser exercido amplamente.
A indústria, por meio da Aniam, inclusive, defende a criação de uma Agência Nacional de Controle de Armas e Munições, que poderia desburocratizar e principalmente despolitizar o tema, garantindo o atendimento às necessidades do povo brasileiro, tanto no direito à legítima defesa quanto no apoio ao esporte do tiro no Brasil, o que resultou na primeira medalha olímpica do esporte para o País.


