Pode parecer um detalhe menor diante de tantas urgências que se acumulam em Mato Grosso do Sul, mas o anúncio da implantação de um sistema de alerta para eventos climáticos extremos e riscos de desastres deve ser tratado como uma conquista relevante.
Em um Estado que convive tanto com cheias quanto com longos períodos de estiagem, qualquer ferramenta capaz de antecipar cenários adversos significa mais do que conveniência: é um instrumento de proteção coletiva.
A prioridade número um de uma medida como essa é salvar vidas. E isso pode ser alcançado com relativa simplicidade. O sistema, disparado por meio de mensagens enviadas a telefones celulares, já provou eficácia em países como Estados Unidos e Canadá.
A experiência internacional demonstra que um alerta emitido no momento certo permite evacuar áreas de risco, acionar equipes de socorro e, sobretudo, evitar que tragédias ganhem proporções irreversíveis. Trata-se, portanto, de uma tecnologia que traduz ciência e informação em resultados concretos para a população.
Mas o sistema também atende a uma segunda prioridade essencial: economizar recursos. Desastres climáticos sempre deixam um rastro de prejuízos, e, quanto menos preparada uma sociedade está, maior é o custo do rescaldo.
Anunciar com antecedência a chegada de uma tempestade severa ou de uma onda de calor intensa significa dar às pessoas e às instituições públicas tempo para se protegerem, diminuindo o impacto financeiro. Prevenção custa pouco quando comparada ao valor necessário para reconstruir cidades, indenizar famílias e restaurar a normalidade após catástrofes.
Outro mérito do sistema é o seu poder de organização. A Defesa Civil ganha um aliado estratégico, capaz de orientar ações de forma rápida e ampla. A população, por sua vez, recebe instruções claras em tempo real, o que ajuda a reduzir o pânico e amplia a eficiência das medidas de segurança.
O melhor de tudo é que a implantação de um mecanismo desse tipo tem custo relativamente baixo, sobretudo quando comparado ao benefício que gera.
Isso, no entanto, não pode ser interpretado como uma solução definitiva. Alertas salvam vidas e reduzem danos, mas não substituem obras estruturantes que precisam ser realizadas.
Mato Grosso do Sul ainda carece de investimentos pesados em drenagem urbana, contenção de cheias, reforço de barragens e outras intervenções físicas que garantam segurança em médio e longo prazos. O sistema de alerta é um passo fundamental, mas não dispensa os demais.
Em um mundo marcado por mudanças climáticas cada vez mais severas e imprevisíveis, a previsibilidade dos eventos extremos é um ativo precioso. Mato Grosso do Sul acerta ao adotar essa medida, que alia simplicidade, baixo custo e alto impacto social.
Se bem usado, o alerta será a voz que avisa com antecedência, que organiza, que protege e que lembra que salvar vidas e preservar recursos não é apenas uma questão de eficiência – é uma obrigação de qualquer governo que se compromete com o futuro da sociedade.


