Nesta edição, destacamos um dado relevante para a economia de Mato Grosso do Sul e, por extensão, para o agronegócio nacional: quase R$ 900 milhões em crédito subsidiado foram liberados por meio do Plano Safra via BNDES em mais de mil operações de financiamento no Estado. É um número expressivo que reforça a magnitude e a relevância do setor agropecuário na engrenagem econômica do País.
Antes de exaltar os efeitos positivos desse tipo de crédito, é preciso reconhecer que o acesso a juros subsidiados, especialmente em um período em que a taxa Selic oficial flerta com os 15% ao ano, é um privilégio. Trata-se de uma condição vantajosa que poucos brasileiros desfrutam. Basta lembrar que amplas faixas da população, como as que buscam financiar a casa própria, não têm acesso ao mesmo nível de apoio e incentivo financeiro por parte do Estado.
Apesar disso, o subsídio de juros no setor agropecuário cumpre uma função estratégica. Ele é importante, primeiramente, porque uma produção agrícola robusta tem o poder de conter pressões inflacionárias no mercado interno ao garantir o abastecimento e, consequentemente, preços mais estáveis para o consumidor final. Em segundo lugar, a capacidade do agro brasileiro de gerar divisas por meio das exportações impacta diretamente na saúde da balança comercial e na estabilidade cambial do País.
O Brasil tem, de fato, um sistema de financiamento agrícola eficiente e, ao longo dos anos, o setor tem demonstrado evolução contínua em sua capacidade de gestão, planejamento e produtividade. São raros os exemplos de segmentos econômicos que souberam aproveitar tão bem os incentivos estatais para profissionalizar suas operações e ampliar a competitividade no mercado global.
Ainda assim, é preciso pontuar que o crescimento do setor precisa caminhar lado a lado com a sustentabilidade. É inegável que o agronegócio enfrenta desafios relacionados ao uso de recursos naturais, à regularização fundiária e às exigências ambientais. O bom uso dos recursos do Plano Safra deve estar atrelado ao compromisso com práticas agrícolas responsáveis e à preservação do meio ambiente.
O Plano Safra, com todos os seus méritos e críticas, continua sendo um dos pilares centrais da manutenção e expansão da produção agrícola nacional. Ele não apenas viabiliza a atividade rural, mas também projeta o Brasil como uma potência agroexportadora em um mundo cada vez mais pressionado pela demanda por alimentos.
Cabe ao Estado, à sociedade e, principalmente, aos beneficiários desse crédito reconhecerem que esse privilégio vem acompanhado de responsabilidades. A expectativa é de que esses recursos continuem a gerar riqueza, empregos e alimentos, mas também consciência e compromisso com um futuro mais equilibrado.



