Artigos e Opinião

OPINIÃO

Octávio Luiz Franco: "Para o cientista, o mundo é o mercado de trabalho"

Coordenador do S-Inova, professor de Pós-graduação em Biotecnologia da UCDB

Redação

15/08/2015 - 00h00
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Nas últimas duas décadas tenho me dedicado integralmente a ciência. Realmente acredito que um cientista verdadeiro respira, sente, come e vive ciência a maior parte do seu dia e mesmo quando está descansando ainda assim sublima ciência. Quando descobri que minha vida estaria intimamente conectada com a ciência e tecnologia, minha família imaginou que provavelmente morreria de fome ou teria apenas uma carreira fadada a obscuridade. Pertinente preocupação em um mundo regido por profissões emblemáticas como a medicina, o direito e muitas outras de inegável reconhecimento e importância.  

Por outro lado, os cientistas eram considerados caras estranhos de jaleco branco que tendiam a fazer experimentos esdrúxulos regados a explosões e a completa ausência de importância ao mundo real. Ledo engano dos leigos, que hoje vem crescer a amplitude e importância dos estudiosos por todos os cantos do planeta. Raça esta indiscutivelmente dedicada, hoje cada dia mais o cientista profissional se torna global. Na busca incessante pela tecnologia avançada em todas as partes do mundo, boas cabeças pensantes se apresentam a peso de ouro. Em todas as áreas de desenvolvimento, profissionais de excelência se tornaram peça-chave e indispensável para o sucesso de empresas, universidades e centros de pesquisa. 

Assim, aquele caricato cientista maluco mudou de nome e face, se tornando pesquisador profissional, analista de tecnologia ou líder de pesquisa. Embora no Brasil a nossa profissão ainda esteja restrita quase que majoritariamente a universidades e empresas estatais, algumas empresas privadas que desenvolvem tecnologia já têm buscado profissionais com maior qualificação e perfil de desenvolvimento tecnológico com salários e cargos mais atrativos. 

Em alguns países, onde a ciência realmente é vista como pino central de uma nação, esta situação é ainda mais pungente. Notoriamente existem lutas ferrenhas em universidades para se ter os melhores pesquisadores em suas linhas de frentes e não obstante se observam ofertas de melhores salários, maiores estruturas para a pesquisa e enormes financiamentos para o desenvolvimento tecnológico. Nos dias de hoje países do Oriente Médio oferecem salários realmente atrativos para pesquisadores brilhantes e produtivos. O mesmo acontece entre as empresas internacionais. Lá fora, de uma forma geral, os maiores cientistas se afiliam a empresas e universidades ao mesmo tempo, trazendo benefícios claros a si mesmo e a sociedade por inúmeros meios. 

Em alguns casos extremos, alguns pesquisadores elite coordenam laboratórios em dois pontos extremos do mundo como Estados Unidos e China. Infelizmente esta situação ainda não é vista com bons olhos em Terras Brasilis, uma vez que as amarras burocráticas e legais não permitem que um pesquisador de excelência possa desenvolver múltiplas funções em paralelo em instituições diferentes recebendo por isso. Esta situação permite que as reais mentes brilhantes sejam perdidas por nosso pais. 

O mercado tecnológico é aberto e veloz e os brasileiros têm as portas abertas em muitos países por todo o mundo. Na maioria, apresentamos qualidades desejáveis como adaptabilidade e dedicação além de sermos agradáveis de uma forma geral. Esbarramos as vezes, entretanto na falta de foco, no apego ferrenho a nossa cultura e na dificuldade do domínio da língua estrangeira. Talvez seja realmente hora de revermos nossos conceitos e aprendermos um pouco como nossos parceiros e competidores estrangeiros que fluem ciência e tecnologia como ninguém. A isonomia de condições e salários é algo no mínimo estranho para um país com pessoas tão diferentes. 

Soltar as amarras dos bons profissionais é extremamente desejável para o desenvolvimento de um pais sólido e respeitável. A ciência está vigilante ao nosso lado, atuando sabiamente para solucionar os problemas de nossa sociedade.

EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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