Artigos e Opinião

EDITORIAL

Os exemplos de MS na conservação

O desafio agora é manter o ritmo; consolidar as políticas de conservação, ampliar o PSA, proteger o Pantanal e continuar avançando rumo a uma economia mais verde

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Em meio ao início da COP 30, Mato Grosso do Sul neste mês ocupa uma posição de destaque no cenário ambiental brasileiro.

No momento em que a conservação volta a liderar a agenda internacional, o Estado apresenta resultados que o afastam dos rankings de desmatamento e reforça uma trajetória de inovação na preservação de seu bioma mais sensível: o Pantanal.

Trata-se de um diferencial importante, sobretudo quando a pauta ambiental se torna, novamente, tema central de discussões globais.

A solidez dessa imagem não se sustenta apenas em discursos, mas em políticas públicas em execução. Uma delas, e talvez a mais simbólica, é o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), previsto na Lei do Pantanal.

O PSA busca valorizar produtores e comunidades que mantêm áreas preservadas, remunerando práticas que contribuem para a conservação e reduzindo a pressão sobre ecossistemas frágeis.

É uma medida concreta, sofisticada e alinhada ao que há de mais moderno na gestão ambiental internacional, aproximando o Estado de metas globais de redução de emissões e proteção da biodiversidade.

Além disso, Mato Grosso do Sul chega à COP 30 com avanços que o colocam perto de um marco ambicioso: ser carbono neutro até 2030. Não se trata de promessa vazia.

Os indicadores de pegada de carbono mostram evolução acelerada, resultado de uma combinação de fatores, incluindo matrizes produtivas mais limpas, aumento na recuperação de áreas degradadas, ampliação de unidades de conservação e uma postura de planejamento ambiental que não se limita ao calendário eleitoral.

O Estado se tornou case positivo em diversas discussões nacionais sobre transição verde.

Mas é preciso reconhecer que sustentabilidade não se esgota nas grandes conferências nem nos anúncios de políticas públicas. Ela depende de permanência, rotina, hábito. É uma construção diária, muito além dos holofotes de cúpulas internacionais.

E, muitas vezes, é justamente nessa esfera do cotidiano que surgem os maiores desafios. Isso porque a discussão ambiental vem sendo sequestrada por discursos radicalizados, de diferentes lados.

Há quem exagere na retórica em nome da preservação, mas há sobretudo um setor ruidoso, resistente a qualquer forma de mudança, que tenta desqualificar práticas sustentáveis como se fossem imposições ideológicas.

Diante disso, convém lembrar que sustentabilidade não precisa ser tratada como um tabu nem como uma pauta distante da vida comum.

Ao contrário. Ela se manifesta em gestos simples: jogar o lixo no lugar certo, reduzir desperdícios, valorizar o verde nas ruas e nos quintais, escolher produtos cuja origem seja conhecida e responsável.

Atitudes acessíveis e de impacto real, que somadas às políticas públicas e às ações das empresas, ajudam a compor um cenário de preservação consistente.

As grandes mudanças estruturais dependem, sim, de governantes, empresas e de fiscalização rígida da legislação existente. É isso que move a adoção de energias limpas, a redução de emissões industriais e a proteção de biomas inteiros.

Mas cada cidadão pode e deve assumir sua parcela de responsabilidade. O planeta, afinal, não é uma abstração. É a casa que compartilhamos. E se Mato Grosso do Sul chega bem colocado à COP30, isso também passa pela consciência de que a preservação começa no quintal de cada um, se estende pela cidade e se fortalece no campo, no comércio e na indústria.

EDITORIAL

Santa Casa refém da própria má gestão

A Santa Casa precisa de mais do que socorros emergenciais: precisa de coragem para mudar, responsabilidade na gestão e respeito por quem sustenta sua missão

23/12/2025 07h15

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A situação vivida pela Santa Casa de Campo Grande ao fim de mais um ano é, infelizmente, a repetição de um roteiro conhecido – e previsível.

Há, pelo menos, uma década, o maior hospital filantrópico do Estado é vítima não apenas de um sistema público de saúde subfinanciado, mas, sobretudo, de escolhas administrativas equivocadas, da falta de planejamento e de uma gestão que parece incapaz de romper com seus erros históricos.

Neste fim de ano, o cenário chega a um ponto simbólico e constrangedor: a instituição depende, literalmente, de um milagre para pagar o 13º salário de seus funcionários.

Profissionais que sustentam o atendimento diário de milhares de pacientes, que enfrentam plantões exaustivos, superlotação, escassez de insumos e pressão constante, agora convivem com a angústia de não saber se receberão um direito básico. Isso não honra o nome “Santa Casa”.

Não há justiça social, não há moralidade administrativa e tampouco humanidade em deixar esses trabalhadores à mercê da incerteza.

É evidente que o problema não se resume à gestão interna. O subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) é uma realidade nacional, e a Santa Casa, como tantas outras instituições filantrópicas, sofre com valores defasados, repasses insuficientes e atrasos frequentes.

O poder público tem, sim, parcela relevante de responsabilidade nesse quadro. Ignorar isso seria desonesto. No entanto, usar essa realidade como justificativa permanente para a ineficiência interna é igualmente inaceitável.

O que salta aos olhos é a aparente falta de disposição da administração do hospital em buscar eficiência, especialmente no campo financeiro.

Os números mostram que apenas o serviço da dívida – os juros e encargos pagos anualmente aos bancos – seria suficiente para quitar não apenas o 13º salário e evitar o acúmulo de outras obrigações em atraso, mas também de quitar quase toda a folha anual. Isso revela um modelo de gestão que prioriza a manutenção de passivos bancários em detrimento do compromisso com seus trabalhadores.

Mais uma vez, a saída apontada parece ser recorrer a novos empréstimos ou aguardar aportes emergenciais do poder público. Trata-se de um ciclo perverso. Endividar-se para cobrir despesas correntes, como folha de pagamento, não é uma estratégia de sustentabilidade; é um atalho para o colapso.

Empréstimos deveriam servir para investimentos, modernização, ganho de eficiência e redução de custos futuros – não para tapar buracos mensais de um caixa cronicamente desequilibrado.

O resultado é uma dívida cada vez menos saudável, maior dependência externa e nenhuma solução estrutural. Enquanto isso, a transparência sobre gastos, contratos e decisões estratégicas segue insuficiente, o que apenas aprofunda a desconfiança da sociedade e dos funcionários.

É lamentável que um hospital com tamanha importância social, histórica e simbólica chegue a esse ponto ano após ano. A Santa Casa precisa de mais do que socorros emergenciais: precisa de coragem para mudar, de responsabilidade na gestão e de respeito por quem sustenta a sua missão.

Sem isso, continuará sobrevivendo de milagres – e milagres, como se sabe, não fazem planejamento financeiro.

ARTIGOS

Terrorismo e religiosidade

Fundamentalismo dos terroristas de todos os matizes é antissemita, anticristão e anti-hislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio

22/12/2025 07h45

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A propósito do recente e trágico ataque ocorrido na Austrália, que vitimou diversas pessoas – algumas delas fatalmente – durante a pacífica celebração do Hanukkah, a festa das luzes da comunidade judaica, impõem-se algumas reflexões sobre os motivos e as consequências de tal ato.

À falta de definição mais apropriada, e sem entenderem bem o que teria motivado os ataques, aparentemente praticados por pessoas isoladas, os analistas chamaram a atenção para a facilidade com que se adquirem armamentos hoje em dia, fenômeno que ocorre também em nosso País.

É simbólico que a festa das luzes seja muito próxima dos festejos de Natal. Também no Tempo do Advento as luzes da coroa vão sendo acesas em crescente até que a Luz do Mundo venha a nascer na noite tão esperada pelos cristãos.

Jesus Cristo não selecionava ninguém. Qualquer pessoa seria bem acolhida por Ele, bastando que professasse o único mandamento propriamente cristão: ama o próximo como a ti mesmo. Aliás, o Cristo ia além e dizia: amai vossos inimigos, o que revela, igualmente, o modelo mais aberto de compreensão da pessoa do próximo.

Na verdade, o fundamentalismo dos terroristas – de todos os matizes – é antissemita, anticristão e anti-hislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio, a cultura de morte a que já se referia São João Paulo II.

Trata-se, portanto, do mesmo tipo de fundamentalismo que outros grupos de terroristas praticam para excluir as minorias de todo o tipo, mesmo as que não professem nenhuma crença.

É simbólico que tenha sido Ahmed, o sírio, a desarmar um dos terroristas, o que lhe custou dois ferimentos.

Esses terroristas disparam, inclusive pelos meios de comunicação virtual, contra todos aqueles que não pensam como eles. Eis quem são, em certo sentido, os verdadeiros fundamentalistas do ódio. Por que teriam escolhido a reunião do Hanukkah, tão plena de simbolismos?

Não nos prendamos a esse vetor. Basta atentar para os recentes ataques a uma mesquita e a uma feira natalina para que se ponha foco na essência do que está em jogo.

A enorme confusão ideológica e doutrinal do terrorismo revela, antes de tudo, mentes perturbadas, incapazes de discernir entre o bem e o mal. Ou, se quisermos embaralhar ainda mais as cartas, incapazes de discernir a esquerda da direita.

A confusão ideológica, aliás, não é apenas um sintoma de desordem mental, mas a estratégia consciente de aniquilar a pluralidade inerente à condição humana.

O extremismo, ao se apropriar de símbolos sagrados e transformá-los em bandeiras de exclusão, trai a própria essência de qualquer fé que pregue a transcendência e o amor ao Criador, pois desumaniza a criatura feita à sua imagem.

Desta forma, o verdadeiro combate ao terrorismo não se limita à repressão policial ou militar, mas passa necessariamente pela defesa intransigente da educação e do diálogo inter-religioso.

É a luz da razão e da tolerância que deve ser acesa para dissipar a escuridão do fanatismo, provando que a diferença de crença jamais pode ser motivo para a guerra, mas sim o motor para um enriquecimento mútuo da civilização.

Urge que os homens de boa vontade se ergam, em uníssono, em favor de uma cultura de paz e de liberdade religiosa, e que todas as luzes se acendam em alerta contra toda e qualquer manifestação terrorista.

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