A um ano das eleições, não apenas Mato Grosso do Sul, mas praticamente todos os estados brasileiros ligam um sinal de alerta que não pode ser ignorado. Os relatórios de execução orçamentária mais recentes mostram um cenário preocupante: enquanto a receita cresce em ritmo moderado, as despesas avançam com muito mais força. É uma equação que, quando não observada com rigor, costuma abrir espaço para desequilíbrios, pressões fiscais e cortes de investimentos justamente às vésperas de um período eleitoral que, por natureza, tende a estimular gastos adicionais.
Em Mato Grosso do Sul o quadro não foge à regra. Embora o Estado mantenha uma situação financeira considerada saudável pelos indicadores oficiais, com boas notas no Capag do Tesouro Nacional e capacidade de endividamento preservada, a tendência observada nos números exige atenção redobrada. A arrecadação tem avançado, é verdade, mas as despesas crescem em velocidade ainda maior, o que pode comprometer a trajetória de sustentabilidade fiscal caso não haja medidas prudenciais no curto e médio prazo.
Nesta edição mostramos que o Estado voltou a recorrer a operações de crédito de grande porte. O governo formalizou com o Banco do Brasil um empréstimo de quase R$ 1 bilhão, destinado tanto a obras estruturantes quanto à composição de garantias em fundos, inclusive aqueles voltados ao suporte de parcerias público-privadas. São financiamentos vultosos, de longo prazo, que têm como objetivo destravar investimentos importantes para a infraestrutura e para o desenvolvimento econômico.
Contudo, mesmo que justificados e necessários, não deixam de ser empréstimos que serão pagos nos próximos anos, afetando o fluxo financeiro e exigindo rigor no planejamento.
Comprar à vista é sempre melhor – no setor público e no privado. Quando o Estado depende de financiamentos para realizar obras essenciais, assume parcelas futuras que restringem sua margem de manobra. Por isso, a expansão de despesas correntes acima do ritmo de crescimento da receita precisa ser monitorada permanentemente. O risco de desequilíbrio não está no empréstimo em si, mas na soma de pressões que podem se acumular se não houver controle.
Ainda assim, Mato Grosso do Sul mantém condições favoráveis em comparação com outros estados brasileiros. A boa capacidade de pagamento, o histórico de organização fiscal e a credibilidade com as instituições financeiras oferecem segurança para operações de crédito e reforçam a imagem de um governo que sabe onde precisa investir. O desafio agora é garantir que esse quadro estável seja preservado justamente num momento em que grande parte do País enfrenta dificuldades crescentes.
A esperança é que a receita volte a mostrar vigor nos próximos meses, acompanhando o ritmo dos investimentos e permitindo ao Estado não apenas cumprir suas obrigações, mas ampliar sua capacidade de investimento sem recorrer a financiamentos. Que o alerta dos números sirva para reforçar a responsabilidade fiscal.
Manter a situação sob controle é essencial. Melhorá-la, ainda mais.


